11/01/2016

Deveríamos ter 50% de mulheres na Microsoft, diz CEO

Paula Bellizia: "Eu acho que eu sou uma história que pode ser referência para outras mulheres"


Microsoft, Facebook e Apple têm algo em comum: as três empresas já tiveram Paula Bellizia em seu quadro profissional.

No Facebook, ela foi diretora de vendas para pequenas e médias empresas na América Latina e, na Apple, foi presidente das operações brasileiras.

Desde junho do ano passado, ela ocupa o cargo de CEO da Microsoft Brasil – empresa pela qual já havia passado entre 2002 e 2012.

Nesses últimos meses, a executiva não conversou com a imprensa. Esta é sua primeira entrevista como CEO da Microsoft Brasil. Nela, Bellizia fala sobre um grande desafio: aumentar o número de mulheres dentro da companhia.

Entre os funcionários da área de tecnologia, apenas 16% são mulheres na Microsoft (número global). Nesse quesito, a empresa está atrás de concorrentes como Apple (que tem 22% de mulheres em cargos de tecnologia) e do Google (que tem 18% de mulheres nesses cargos).

"Não temos 50% de mulheres na sociedade? Então, deveríamos ter 50% de mulheres na Microsoft". Veja a conversa com Paula Bellizia abaixo.

EXAME.com: Quando você fez faculdade de ciências da computação na Fatec/Unesp, sentiu preconceito por ser mulher?

Paula Bellizia: Quando eu entrei na Fatec, mulheres eram minoria. Em uma turma de 36 ou 40 alunos, seis eram mulheres. Mas eu nunca sofri preconceito lá. Muitas professoras eram mulheres e uma das diretoras também. Desse modo, eu via um equilíbrio.

Quando fui para o mercado de trabalho eu senti um pouco do preconceito, pois percebi que era um ambiente menos feminino. Mas ninguém nunca me disse: “você não serve para esse trabalho”. Além disso, eu também nunca senti um não-incentivo por parte da minha família, que é uma questão que as mulheres normalmente enfrentam.

Você acha que é um exemplo devido à sua trajetória?

Eu acho que sou uma história que pode ser referência para outras mulheres. Exemplo é uma palavra muito forte, mas eu sou uma história que ajuda a mostrar que, sim, é possível se você tiver um plano de carreira, se você souber o que você busca, se você não deixar que outras opiniões externas lhe tirem do seu caminho.

Eu posso ajudar outras mulheres que queiram trabalhar nessa área. Eu represento uma empresa que tem isso na cultura e sou uma porta-voz por ter passado por tantas empresas de tecnologia.

Por Marina Demartini
Publicado em EXAME