29/02/2016

Museu do Amanhã: O Acordo de Paris


No próximo dia 4 de março (sexta-feira), o Museu do Amanhã em parceria com o Observatório do Clima – rede de entidades da sociedade civil que discute mudanças climáticas – apresentam "O Acordo de Paris", primeiro evento de avaliação sobre o Acordo do Clima, documento celebrado por 195 países do mundo em Paris em dezembro de 2015, durante a COP21, com passos comuns a serem dados rumo a uma economia de baixo carbono. O evento destaca o significado do acordo especialmente para o Brasil
"O Acordo de Paris" acontece no auditório do Museu, a partir das 9h, com entrada gratuita. Para participar, inscreva-se aqui (até o dia 03/03).
Foram 21 anos de convenção mundial do clima até que houvesse um consenso sobre como as nações podem contribuir com a mitigação de gases do efeito estufa e adaptação às mudanças climáticas. O que propiciou este passo histórico? E o que ele significa para o futuro? A ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira, que esteve na COP21, participa do evento no Museu.
Mediado pela jornalista Sonia Bridi, o encontro será dividido em duas partes. Na primeira, um painel oferece uma explicação detalhada sobre o que, de fato, ficou decidido em Paris e que fatores contribuíram para que o acordo fosse alcançado. Em seguida, uma mesa-redonda irá debater as reverberações do acordo no Brasil em diversos aspectos – do impacto no setor financeiro à importância para a juventude.
  • Inscrições: acesse o formulário on-line (até o dia 03/03);
  • Evento aberto ao público e sujeito a lotação do espaço;
  • A inscrição para o evento não dá acesso às demais atrações do Museu;
  • Entrada no prédio pela porta lateral.
Conheça abaixo todos os participantes e temas do evento:
9h – Abertura e boas-vindas
Ricardo Piquet, diretor-geral do Museu do Amanhã.
Painel "O fim do impasse: a COP21 e um novo momento para o combate à mudança climática"
Moderação: Sônia Bridi, jornalista
9h05 – 10h35
O que foi decidido em Paris
Embaixador José Antônio Marcondes de Carvalho (a confirmar)
O papel da presidência francesa
Laurent Bili, embaixador da França no Brasil
O trabalho começa agora: traduzindo os compromissos de Paris
Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima
O que Paris significa para o Brasil
Izabella Teixeira, ministra do Meio Ambiente
Abertura para debate
Mesa-redonda: "Implicações do Acordo de Paris para o Brasil"
Moderação: Sônia Bridi, jornalista
11h – 12h30
Energia
Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) 
Indústria e transportes
Celina Carpi, presidente do Conselho do Instituto Ethos e conselheira da Libra Holding
Agropecuária
Gustavo Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasileira
Cidades
Pedro Jacobi, presidente do Conselho do Iclei - Governos Locais pela Sustentabilidade
Juventude
Iago Hairon, coordenador do Grupo de Trabalho sobre Clima do Engajamundo

Fonte: Museu do Amanhã

28/02/2016

Cientistas chilenos criam árvores resistentes à mudança climática

Primeiras espécies resistentes poderiam ser comercializadas em 2019.
Elas enfrentariam secas, ventos, geadas e tempestades.

Distante duas horas de Santiago por estrada, em plena região de O'Higgins, um grupo de cientistas procura criar uma geração de "superárvores" resistentes aos efeitos da mudança climática.
Se esse experimento de alcance mundial tiver êxito, as primeiras espécies resistentes poderiam ser comercializadas em 2019.
As "superárvores" estariam preparadas para enfrentar eventos como secas, diminuição do regime pluviométrico e concentração em curtos períodos de tempo de ventos, geadas e tempestades, tudo isso como consequência do aquecimento global.
Os estragos da mudança climática na produtividade frutícola se associam fundamentalmente com manifestações do chamado "estresse abiótico", como as inundações, as geadas e os "solos ácidos".
Além disso, os especialistas preveem que para 2050 terá ocorrido uma drástica diminuição dos recursos hídricos, com o consequente prejuízo para a agricultura.
Com a mente voltada em reverter essa situação, os pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Fruticultura (CEAF) do Chile trabalham desde 2009 no desenvolvimento de espécies de árvores frutíferas que sejam resistentes às inclemências.
"Estamos centrados em trabalhar as raízes, o programa está focado em obter novos materiais vegetais para os porta-enxertos", explica à Agência Efe Felipe Gaínza, diretor da linha de Melhoramento Genético do CEAF.
O enxerto é um método de propagação vegetativa artificial dos vegetais no qual uma porção de tecido, procedente de uma planta, se une sobre outra já assentada, de tal modo que o conjunto de ambos cresça como um só organismo.
Os cientistas trabalham no desenvolvimento de novos porta-enxertos "que sejam uma alternativa aos que são utilizados comumente, que geneticamente estão obsoletos", detalha Gaínza.
Só na região chilena de O'Higgins, onde opera o Centro de Estudos Avançados em Fruticultura, existem 25.684 hectares dedicados ao cultivo de pêssegos (pêssegos), nectarinas e cerejas, o que representa a metade da superfície dedicada no Chile a estes cultivos.
Essas árvores de frutas com caroço em seu interior são as espécies com as quais os cientistas chilenos estão trabalhando para fazê-las mais resistentes ou tolerantes a condições meteorológicas adversas.
Para isso, os pesquisadores efetuam análise em nível molecular com o objetivo de observar como se expressam alguns genes perante estes problemas, afirma à Efe o diretor interino do CEAF, Mauricio Ortiz.
Esses estudos são realizados em nível fisiológico para determinar "que mudanças são geradas dentro da planta"; em nível anatômico, "para ver as adaptações que gera a planta frente às mudanças, e em nível de campo, "para observar como se comporta em seu ambiente natural", apontou o especialista.
Em 2011, os cientistas iniciaram o cruzamento de nove seleções de porta-enxertos de caroços de fruta a fim de fazê-los mais tolerantes às condições extremas.
"Por exemplo, no híbrido entre uma pessegueira e uma amendoeira, esta última apresenta a resistência à seca e tolerância aos nemátodos, um parasita do solo que afeta as raízes", explica Ortiz.
Outra espécie com as quais foi cruzada a pessegueira é a ameixa, que outorga maior resistência às inundações e cria um fruto que tolera as condições ambientais adversas.
Os pesquisadores utilizam técnicas de biotecnologia para clonar os genes das plantas mais resistentes e tolerantes através de seu DNA e assim desenvolver ferramentas moleculares que ajudam a selecionar cedo os porta-enxertos desenvolvidos pelo CEAF.
Quando começou a fruticultura no Chile, lembra o presidente da Associação de Produtores e Exportadores da região de O'Higgins, Francisco Duboy, "foram trazidas as plantas desde a Califórnia, porque esse estado possui um clima similar ao da zona central do Chile".
"Mas não se pensou na pós-colheita", acrescenta Duboy, e por isso agora se trabalha na criação de árvores clones que se adaptem às mudanças climáticas bruscos e que também resistam os longos mudanças durante a exportação".

Fonte: EFE
Imagem: Freepik

Astrônomos apresentam 'mais completo mapa' da Via Láctea


Uma equipe internacional de astrônomos apresentaram o mais completo mapa já feito da Via Láctea, a galáxia a que pertencemos. O mapeamento inclui as imensas nuvens de gases densos e frios responsáveis pela formação de estrelas.

Para isso, os cientistas usaram o telescópio Apex, que fica no Chile, a uma altitude de 5.100 m, que conseguiu ampliar em quase quatro vezes os "retratos" existentes da Via Láctea.

O telescópio vasculhou o céu do Hemisfério Sul usando radiação com frequência intermediária entre ondas de rádio e infravermelhas. Acoplado ao instrumento estava um termômetro ligado a quase 300 sensores, mantidos a uma temperatura próxima ao zero absoluto (-273 graus Celsius), que ajuda a detectar variações de temperatura no céu.

Superposição

O Apex tem 12 metros de comprimento e opera no Planalto de Chajnantor há 10 anos.

O novo mapa foi batizado de Atlasgal e já deu origem a mais de 70 trabalhos científicos. Dados sobre as observações começaram a ser divulgados em 2009, e o novo mapa, além de maior que os anteriores, também é mais preciso.

"O Atlasgal oferece pistas de onde a nova geração de estrelas e aglomerados de gases vão se formar", disse Timea Csengeri, do Instituto Max Planck para Radioastronomia, na Alemanha.

O mapeamento complementa dados da Via Láctea vista do Hemisfério Norte. Mas a vista do sul é de interesse particular para os astrônomos porque inclui o centro da galáxia.

Isso também significa que as chamadas "regiões promissoras" do mapa podem ser investigadas mais profundamente pelo Alma, um conjunto de 66 antenas instaladas no mesmo planalto do Apex.

A equipe do Atlasgal combinou suas observações com medidas feitas por dois telescópios: o Planck, da Agência Espacial Europeia (ESA), e o Spitzer, do equivalente americano, a Nasa, ambos em órbita da Terra. Essas três diferentes camadas foram superpostas em uma imagem completa e que pode ser baixada do site da Agência ESA.

Na imagem, os dados obtidos pelo Atlasgal estão em vermelho mais escuro, os do Planck em vermelho mais claro e os do Spitzer em azul.

"O Atlasgal nos permitiu observar de uma forma nova a densidade interestelar de nossa galáxia", diz Leonardo Testi, astrônomo do European Southern Observatory.

"Esse novo mapeamento abre a possibilidade de estudarmos os dados para novas descobertas".

Fonte: BBC Brasil

'Mortos-vivos' ajudam na formação de futuros cirurgiões

O coração bate, o sangue circula, os pulmões se enchem de ar... Na verdade, trata-se de um cadáver descongelado, com o qual os estudantes de cirurgia fazem suas práticas - um sistema que parece ser único no mundo.

Chama-se "Simlife": foi fabricado e patenteado no laboratório de anatomia da faculdade de medicina de Poitiers (centro-oeste da França) por Cyril Breque, um especialista em biomecânica.

Até agora, os estudantes de medicina e farmácia aprendiam o ofício com corpos inertes ou, no melhor dos casos, com manequins interativos. Mas "estávamos cientes de que as dissecções clássicas já não correspondiam mais às expectativas", explicou o professor Jean-Pierre Richer, responsável pelo centro de simulação da faculdade.

"Já não se aprende mais na sala de operações, ao lado do cirurgião e de um verdadeiro paciente", afirma. Na França, por exemplo, "as novas diretrizes nacionais dizem claramente: 'a primeira vez nunca com um paciente'".

O Simlife foi concebido para que o futuro cirurgião seja confrontado com uma situação "tão perto quanto possível da realidade", mas sem risco para o paciente.

Em uma sala, trinta alunos praticam sutura em patas de porco, enquanto no bloco operatório ao lado uma aluna assiste uma dupla remoção de rim num Simlife que parece vivo.

O abdome de pele rosada se levanta ritmicamente, o pulso está estável quando os dois cirurgiões fazem um corto até o umbigo para retirar as vísceras. Apenas o cheiro e a cor esverdeada delatam que trata-se de um cadáver descongelado muito lentamente para fazê-lo passar em alguns dias de -22°C a +37°C.

- Bricolagem e jardinagem -

O sangue artificial que circula devolve rapidamente a cor natural aos órgãos e tecidos. "Você vê, ali, a veia cava na verdade é assim, rosa e azul", explica o professor Jean-Pierre Faure, corresponsável da escola de cirurgia da Universidade de Poitiers.

Tiram lentamente os intestinos para não prejudicar a operação. Depois de uma hora de trabalho, removem um rim, mas surge um sangramento. A equipe para, visivelmente tensa.

"Você viu? Temos dois profissionais tão focados no trabalho que eles até esqueceram que era uma farsa. É a vida real com todas as suas vicissitudes. O toque é algo insubstituível para o cirurgião. Se a respiração é simulada nesses corpos, é também para dificultar o trabalho do cirurgião", comenta o professor Richer.

Atrás do campo cirúrgico operatório que esconde o rosto do "paciente", está o maquinário do Simlife: dois carrinhos com um monitor.

"O daqui é uma parte pneumática para a respiração, e ali a hidráulica para a circulação sanguínea", detalha Cyril Brèque, médico com grande habilidade para atividades manuais.

Com um desfibrilador nas mãos, adapta numa válvula a pressão de injeção de sangue falso. "Um pouco de pintura, um aditivo para obter a viscosidade do sangue, todo o material provém de lojas de bricolagem e jardinagem", sorri. Ao todo, quatro Simlife custaram apenas 20.000 euros.

"Com o tempo, vamos minimizar tudo e vamos pilotar tudo por wifi a partir de um tablet. Estamos trabalhando para introduzir uma série de possibilidades. O que faz nosso sistema único é que ele é adaptável", garante o professor Riche.

Fonte: AFP
Imagem Freepik

27/02/2016

Sapos e rãs são usados no combate à dengue e zika na Argentina

A venda de sapos e rãs vai de vento em popa na Argentina, à medida que crescem os alertas pelos vírus da dengue e da zika, e enquanto o governo admite que o mosquito desenvolveu resistência à pulverização.

Sites de venda online oferecem rãs e sapos a 100 pesos (cerca de 7 dólares) como alternativa a repelentes e insecticidas, cujo preço chega até os 10 dólares e está em falta em muitos locais.

"Vendo sapos e rãs para combater dengue e zika" diz o aviso num popular site de venda online.

O governo promoveu uma remarcação de preços dos repelentes de até 36% há algumas semanas, mas variedades que oferecem uma proteção mais duradoura estão esgotadas ou são vendidas por até o triplo do valor normal.

O ministro da Saúde, Jorge Lemus admitiu que o mosquito Aedes aegypti sobrevive às pulverizações que estão sendo feitas em áreas sensíveis.

"Está sendo feito um trabalho duro de pulverização, mas os mosquitos já estão resistentes a produtos químicos, por isso teríamos que mudar a substância", disse.

Lemus lembrou, porém, que "a pulverização é um método complementar que só ataca o mosquito adulto, mas não mata os ovos ou larvas".

O governo mantém uma campanha de prevenção pedindo à população para remover os recipientes onde a água possa se acumular e se torne propícia para reprodução do mosquito transmissor da dengue, chikungunya, zika e febre amarela.

Fonte: AFP
Imagem: Freepik

Estudo contribuirá com diminuição do desmatamento no Amazonas

Segundo projeto de pesquisa, integração de plantas de pastagens e mudas de pau rosa em uma mesma área pode diminuir abertura de novos campos par melhorar áreas de pastagens degradadas

O pesquisador da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Emanuel Orestes da Silveira, está desenvolvendo um estudo com apoio do governo do Estado via Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) para integrar espécies de plantas de pastagens junto às mudas de pau rosa para contribuir com a diminuição do desmatamento na região amazônica. O estudo que deve ser concluído em 2018 beneficiará, ainda, os produtores rurais com o incremento da exploração silvícola e a produção animal.

Segundo o pesquisador, o estudo pretende avaliar a produtividade de plantas de pastagens estabelecidas nas entre linhas das mudas de pau rosa, disponibilizadas em diferentes espaçamentos. A ideia é encontrar alternativas que resultem um sistema mais sustentável e que melhore a renda produtores locais.

“O foco deste trabalho é integrar em uma mesma área espécies de plantas de pastagens melhoradas juntamente ao sistema arbóreo para que se incremente em uma mesma área a  exploração silvícola e a produção animal, mitigando desta forma a abertura de novas áreas para as pastagens no Amazonas. A iniciativa deve melhorar as áreas de pastagens degradadas e dará uma alternativa a mais de renda ao produtor ao se estabelecer uma espécie arbórea nativa da região em um sistema mais sustentável”, disse Silveira.

Desenvolvimento
O estudo é desenvolvido em dois ambientes. A parte de campo está sendo estabelecida em duas pequenas propriedades rurais do Médio Amazonas. Segundo o pesquisador, a ideia é demonstrar a viabilidade do estudo ao pequeno produtor. Já a parte da extração da essência será realizada nas instalações da Ufam, em Manaus.

“Ao incrementar a renda do produtor através da diversificação da produção, estaremos minimizando as perdas de solo através de erosão, diminuindo os custos de abertura de novas áreas para as pastagens e aumentando a produção animal individual e por área através do aumento da disponibilidade de forragem”, disse Emanuel.

De acordo com o pesquisador, apesar dos processos serem conhecidos, atualmente eles não são aplicados, de maneira prática, junto aos produtores.

“A partir do momento que se vislumbrar a real importância destes processos o Estado receberá o benefício de uma produção agrossilvipastoril sustentável, caracterizando desta forma o Amazonas com a sua vocação florestal e mostrando à sociedade que existe um caminho que pode ser trilhado”, disse o pesquisador.

 Fonte: Francisco Santos / Agência Fapeam  Imagem: Freepik

Arqueologia na Amazônia elucida mistério de 500 anos


Estudo aponta que, há mais de mil anos, índios da Amazônia central dependiam principalmente da pesca – e não da caça – para o sustento do grande povoado descrito no século 16 pelo frei Gaspar de Carvajal (foto: fragmento de peixe/Gabriela Prestes Carneiro)

A imagem mais corriqueira que se tem das tribos pré-históricas amazônicas é que seu modo de vida era baseado na caça e na coleta de alimentos, pois na Amazônia central não haveria recursos para sustentar grandes povoamentos.

Essa imagem, e sua explicação, foram construídas ao longo de séculos de colonização da calha do Amazonas, onde jamais se encontraram vestígios dos imensos povoados indígenas descritos no século 16 pelo frei Gaspar de Carvajal.

Como falta de evidência nunca significou evidência de ausência, pesquisas arqueológicas realizadas na última década detectaram os restos do imenso povoamento descrito por Carvajal. Faltava saber como foi que milhares de índios encontravam sustento no local. Não mais.

Um novo estudo arqueológico acaba de demonstrar que, há mais de mil anos, os índios da Amazônia central seriam caçadores esporádicos e, para alimentar milhares de pessoas, eles dependiam principalmente da pesca, assim como ocorre com as populações ribeirinhas atuais. O consumo de tartarugas também era fonte importante de proteína animal.

O trabalho foi publicado no Journal of Archaeological Science. As escavações foram feitas no sítio arqueológico Hatahara, que vem sendo estudado há mais de uma década pelo arqueólogo Eduardo Góes Neves, professor do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo (USP), com apoio da FAPESP.

Hatahara fica na margem esquerda do rio Solimões, em Iranduba (AM), a cerca de 20 quilômetros do encontro das águas dos rios Negro e Solimões, uma das regiões de maior biodiversidade do planeta. O sítio foi ocupado continuamente por mais de mil anos, entre os anos 300 e 1500.

O estudo foi focalizado na chamada fase Paredão (entre os anos 750 e 1230), que leva este nome por causa das características da cerâmica usada pelos índios no período. Nessa fase, Hatahara era um cacicado enorme. Ocupava pelo menos 20 hectares e se estendia por vários quilômetros na margem do rio. Reunia dezenas de aldeias onde viviam milhares de índios. Como faziam para alimentar tanta gente era o que queria descobrir a equipe de arqueólogos.

Durante as escavações, eles coletaram vestígios de milho, inhame e mandioca, espécies que podem ter sido cultivadas em Hatahara, assim como várias espécies de palmeiras. A surpresa veio quando estudaram os quase 10 mil vestígios de animais vertebrados, como fragmentos de ossos de mamíferos e répteis, e esqueletos e espinhas de peixe.

“Fala-se muito na caça na Amazônia como modo preferencial de subsistência dos índios. Quando começamos a escavação, tínhamos a expectativa de achar muitos restos de mamíferos”, disse a zooarqueóloga Gabriela Prestes-Carneiro, primeira autora do artigo e responsável pelo trabalho de análise e catalogação dos restos animais encontrados em Hatahara.

“Para a nossa grande surpresa, mais de 90% eram peixes”, disse Gabriela, pesquisadora da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), em Santarém. Em seguida, vieram os restos de quelônios, principalmente de tartaruga-da-amazônia. “Restos de mamíferos não passaram dos 3%.”

Em sua maioria eram pequenos marsupiais como os gambás ou roedores como a capivara, os ratos-de-espinho e a cutia. Também foram achados restos de répteis (jacaré, lagartos e cobras) e de aves.

O cardápio de pescado consumido em Hatahara era muito variado: nada menos que 37 táxons, pertencentes a 16 das 28 famílias de peixes que habitam os rios da região.

As espécies prediletas eram o pirarucu e seu primo, o aruanã. Não por acaso, o pirarucu é uma das maiores espécies de peixe de água doce do mundo, podendo atingir 4,5 metros e pesar 200 kg. Por suas proporções, o pirarucu era uma fonte preferencial de proteína animal para os índios.

O segundo grupo mais consumido eram os bagres (ou peixe-gato ou peixes lisos, como são conhecidos na região), caso do surubim, do pintado, do acari, do bodó e tamoatá. A seguir vinha a família das piranhas, especialmente pacu, tambaqui, traíra e o peixe-cachorro. Por fim, entre as principais espécies mais capturadas, estavam os tucunarés, enguias e arraias, entre muitas outras.

“Além das espécies comerciais na Amazônia central, também encontramos espécies que são atualmente pouco consumidas pela população ribeirinha, como o muçum (ou enguia) e diferentes tipos de bacu, cuiú-cuiú e reco-reco”, disse Gabriela. O consumo de tartarugas ocupava também um lugar importante na dieta indígena.

Gaspar de Carvajal

A diversidade do pescado consumido pelos índios pré-históricos demonstra que eles tinham grande conhecimento dos hábitos daquelas espécies, bem como o domínio de técnicas sofisticadas de pesca.

“Os peixes tinham uma importância muito grande ao longo do ano na subsistência da população de Hatahara”, disse Gabriela. “Várias espécies têm hábitos sazonais e só são pescadas em determinadas épocas do ano e em locais distintos. Os índios sabiam quando pescá-las e sabiam onde encontrá-las: em igarapés, lagos, baixos de praia e o leito dos rios.”

De acordo com Neves, “os achados são importantes porque, pela primeira vez, teremos a publicação de um estudo sistemático sobre restos de fauna em um sítio da Amazônia”.

“O estudo complementa trabalhos anteriores que mostram que a população que ocupou o sítio tinha uma dieta diversificada, baseada no manejo de recursos aquáticos e de plantas domesticadas e não domesticadas. Isso mostra que nas áreas ribeirinhas da Amazônia era possível que populações relativamente numerosas tivessem ocupações bem-sucedidas sem dependência da agricultura”, disse Neves, que coordenou o Projeto Temático “Cronologias regionais, hiatos e descontinuidades na história pré-colonial da Amazônia”.

A identificação dos restos de peixes coletados em Hatahara foi realizada por Gabriela no Museu de História Natural de Paris, que conta com uma das melhores e mais diversas coleções de peixes amazônicos.

Ela pretende criar uma coleção de pesquisa semelhante na UFOPA. Para tanto, está realizando coletas na Amazônia central, no rio Tapajós, no rio Guaporé em Rondônia e também na Bolívia.

Este estudo de Hatahara comprova os escritos do frei Gaspar de Carvajal, que em 1542 navegou pela região na expedição capitaneada pelo conquistador espanhol Francisco de Orellana.

Descendo o Solimões desde o Peru, imediatamente antes de atingir a confluência com o Negro, Carvajal descreveu em seu Descobrimento do rio de Orellana: “El lunes de Pascua de Espíritu Santo por la mañana pasamos a vista y junto a un pueblo muy grande y muy vicioso, y tenía muchos barrios, y en cada barrio un desembarcadero al río, y en cada desembarcadero había muy gran copia de indios, y este pueblo duraba más de dos leguas y media”.

A antiga légua europeia media 6,6 km, logo Carvajal descreveu uma aldeia que ocupava 16 km da margem do rio. Com a chegada dos europeus e de suas epidemias, todas aquelas aldeias foram dizimadas, riscadas do mapa e cobertas pela mata. Por isso mesmo, sua existência foi questionada.

O estudo sistemático do sítio arqueológico de Hatahara não só comprovou a existência da enorme aldeia descrita por Carvajal, como agora, com este trabalho de zooarqueologia, solucionou um mistério de 500 anos. Qual era o segredo por trás da subsistência de milhares de índios? Peixe.

O artigo Subsistence fishery at Hatahara (750–1230 CE), a pre-Columbian central Amazonian village (doi:10.1016/j.jasrep.2015.10.033), de Gabriela Prestes-Carneiro, Eduardo Góes Neves e outros, publicado no Journal of Archaeological Science: Reports, pode ser lido aqui

Fonte: Peter Moon  |  Agência FAPESP 

Sistema ajuda portador de deficiência visual a se locomover


A criação de um dispositivo assistivo para auxiliar a locomoção de deficientes visuais por meio de sinais sonoros é o objetivo do projeto SoundSee, desenvolvido no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC) da USP, em São Carlos. Os pesquisadores produziram um dispositivo portátil, que emite sons no ambiente para poder calcular a posição de obstáculos próximos. Uma vez identificado o obstáculo, o dispositivo transmite sinais sonoros que orientam o portador de deficiência visual. O protótipo do equipamento será submetido a testes para viabilizar sua utilização em larga escala e os resultados da pesquisa serão disponibilizados livremente.

“Há muito tempo, pessoas privadas da visão utilizam mecanismos auxiliares, como as bengalas, para detectar obstáculos”, afirma Francisco José Mônaco, professor do ICMC e coordenador da pesquisa. “O sistema SoundSee tem a mesma função, porém utiliza métodos mais sofisticados, capazes de localizar esses obstáculos à distância ou perceber seus movimentos”.

Os pesquisadores criaram um dispositivo portátil, do tamanho de um celular, que pode ser carregado no bolso. “O sistema é baseado no mecanismo de ecolocalização, o mesmo do qual se utilizam alguns animais, como os morcegos, que emitem sons e escutam o eco produzido pelos obstáculos para se guiarem”, explica o professor. “O SoundSee reproduz esse princípio de forma artificial, por meio de emissores e sensores de ultrassom e com o auxílio de um software que calcula a posição dos obstáculos e gera sons tridimensionais que auxiliam o usuário a detectar sua presença”.

O sistema recebe as medições de distância obtidas por cada um dos sensores acoplados. “Dentro do software, um conjunto de algoritmos processa essas informações e calcula a distância e direção dos obstáculos”, afirma Mônaco. “Um segundo conjunto de algoritmos é utilizado para gerar fontes de audio virtuais tridimensionais, que são sons que permitem ao usuário se localizar em posições específicas no seu entorno”.

Geometria do ambiente
De acordo com o professor, a pesquisa envolve pesquisadores das áreas de computação, psicologia e neurociências. “Para aprimorar o sistema, são realizados estudos sobre o funcionamento e as possibilidades da orientação espacial psicoacústica, que é a capacidade do ser humano perceber a direção de onde determinado som provem”, observa. “Por exemplo, é interessante saber como criar sons que permitam ao usuário sentir a geometria do ambiente e verificar como é possível propiciar uma substituição sensorial que, de certo modo, permita ao deficiente visual “enxergar” por meio do som”.

O sistema começou a ser construído em 2014, e está hoje na sua terceira versão de hardware. “Nesse processo, reduzimos as dimensões e peso do dispositivo, aumentamos a autonomia para funcionar com bateria por longos períodos e aperfeiçoamos algumas partes para melhorar a precisão e velocidade de processamento”, relata Mônaco. “O último protótipo foi apresentado na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia em Brasília, em outubro de 2015”.

A intenção da equipe que desenvolve o trabalho é disponibilizar abertamente todas as informações acerca do projeto e experimentos, por isso optou pelo modelo open source. “Isso significa que os resultados da pesquisa estarão ao alcance de todos, sem restrições para que sejam aprimorados e utilizados para gerar inovações”, destaca o professor. “Esperamos com isso reduzir o custo para o usuário final e contribuir para um maior impacto científico e tecnológico e econômico”
.
Mônaco lembra que tecnologias assistivas devem ser bem testadas e avaliadas, a fim de que possam ser considerados seguros para disponibilização em larga escala. “A equipe do projeto está se preparando para realizar experimentos com deficientes visuais, o que envolve rígidos protocolos de experimentação, pré-requisitos éticos e cuidados especiais”, planeja. “Há boas expectativas com relação aos resultados, o que permitirá viabilizar o produto”.

O projeto conta com pesquisadores das áreas da computação e neuropsicologia. A pesquisa teve a participação das professoras Vanessa Nunes de Souza e Tarsila Curtu Miranda (UNICEP) e dos alunos-pesquisadores Renê de Souza Pinto, Rafael Miranda Lopes e Lucas Crocomo, além de outros colaboradores. Os estudos são realizados Laboratório de Sistemas Distribuídos e Programação Concorrente (LaSDPC) do Departamento de Sistemas de Computação (SSC) do ICMC, com apoio do Núcleo de Apoio a Pesquisa em Software Livre (NAPSoL) da USP.

Mais informações: email monaco@icmc.usp.br, com o professor Francisco José Mônaco
Fonte: Agência USP
Imagem: FreePik

Exposição “Retratos literários” apresenta retratos de escritores.


O Centro de Documentação "Alexandre Eulálio" (Cedae) organiza no dia 29 de fevereiro, das 11 às 20 horas, no Centro Cultural do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, a exposição “Retratos literários”. A mostra apresenta retratos de escritores presentes no acervo da unidade, incluindo-se os fotográficos.
Busca-se  evidenciar com esta seleção de documentos, traços, qualidades, defeitos, reações e atitudes sugeridas nas linhas sutis de um desenho ou de uma caricatura, em um autorretrato poético, um depoimento ou uma crônica.
“Retratos literários” é, antes de tudo, um encontro com Cecília Meireles, Bernardo Élis, Monteiro Lobato, Oswald de Andrade, Jorge de Lima, Hilda Hilst, Carlos Drummond de Andrade, Menotti Del Picchia e Flávio de Carvalho.
A exposição é aberta ao público em geral. Mais detalhes pelo e-mail cedae@iel.unicamp.br ou telefone 19-3521-1523.
(Hélio Costa Júnior)
Edição de imagens: Paulo Cavalheri
Fonte: Unicamp

Grupo cria implante milimétrico que lê pensamentos



Computadores, cadeiras de roda e próteses controladas pelo pensamento podem estar disponíveis dentro de uma década, afirmam cientistas australianos que criaram uma nova tecnologia. Os cientistas planejam conduzir testes em humanos no ano que vem com um implante que pode captar e transmitir sinais cerebrais.
A dispositivo, do tamanho de um palito de fósforo, já foi testado em animais, implantado em vasos sanguíneos próximos ao cérebro. O produto foi batizado de stentrode, porque é essencialmente um stent (uma malha microscópica em forma de tubo) com eletrodos (terminações metálicas que captam eletricidade).
A ideia é usar os sinais elétricos que o dispositivo capta para convertê-los em informações que possam ser usadas para controlar algo como um braço biônico, afirmam os cientistas.
"A grande inovação é que agora nós temos um dispositivo de interface cérebro-computador minimamente invasivo que possivelmente é prático para uso no longo prazo", afirma Terry O'Brien, chefe do Departamento de Medicina e Neurologia da Universidade de Melbourne (Austrália), que desenvolveu o stentrode.
O método atual para acessar sinais cerebrais precisos requer cirurgias complexas com abertura do crânio e se torna menos eficiente após alguns meses.
O stentrode é menos invasivo porque pode ser inserido por uma veia no pescoço do paciente e posicionado em um vaso sanguíneo perto do cérebro.
O teste em animais foi feito para averiguar a capacidade do stentrode de captar sinais neurais, não para convertê-los em sinais eletrônicos para movimentar membros biônicos, que já são tecnologia estabelecida.
Ganesh Naik, professor da Universidade de Tecnologia de Sydney, não envolvido no projeto, afirma que nem sempre testes em animais se traduzem em sucesso nos experimentos com humanos.
"Se isso funcionar como deve em testes com humanos, será um avanço extraordinário", disse.
Outros potenciais usos para o stentrode incluem o monitoramento de sinais cerebrais de pessoas com epilepsia para antecipar a ocorrência de uma convulsão. Caso tenha sucesso, o dispositivo também pode permitir a um paciente se comunicar por computador, afirma Clive May, professor do Instituto Florey de Neurociências e Saúde Mental, que trabalha no projeto.
"As pessoas teriam de ser treinadas a pensar os pensamentos certos para fazer isso funcionar, assim como se aprende a tocar música", afirmou. "É algo que é preciso aprender, mas uma vez feito, se torna natural."
Além Universidade de Melbourne e do Instituto Florey, o Hospital Real de Melbourne também participa do projeto que desenvolve o stentrode. Os recursos usados no projeto foram fornecidos pelo Governo da Austrália e pelas Forças Armadas dos Estados Unidos, que ajuda tecnologias que possa vir a ajudar veteranos de guerra paraplégicos.

Fonte: Reuters
Foto: Reuters/Universidade de Melbourne

26/02/2016

Primeiro transplante de útero é realizado nos EUA


Os Estados Unidos realizaram sua primeira cirurgia de transplante de útero, na sequência de uma técnica já comprovada na Suécia que poderia ajudar as mulheres que sofrem de infertilidade, disse a Cleveland Clinic nesta quinta-feira (25).

A cirurgia de nove horas ocorreu no dia 24 de fevereiro, e a paciente de 26 anos, cuja identidade não foi revelada, está em condição estável, segundo comunicado divulgado pelo hospital.

O útero transplantado veio de uma doadora que morreu.

Mais detalhes sobre a operação são esperados durante uma coletiva de imprensa com a equipe médica marcada para a semana que vem em Cleveland, no estado de Ohio.

No ano passado, a Cleveland Clinic começou a recrutar candidatas para transplantes de útero como parte de um teste clínico que tinha como objetivo oferecer o procedimento para 10 mulheres.

Mulheres potencialmente elegíveis para receber um transplante de útero incluem aquelas que sofrem de uma condição irreversível conhecida como Fator de Uterino de Infertilidade (UFI, na sigla em inglês), que afeta entre três e cinco por cento das mulheres em todo o mundo, disse o hospital.

A universidade de Gotemburgo, na Suécia, conseguiu realizar o primeiro parto num útero transplantado em setembro de 2014. 

Fonte: AFP
Foto: iStock

Antártida terá 1ª plataforma para medir buraco de ozônio


A primeira plataforma para medir a camada de ozônio foi instalada no território antártico chileno com o objetivo de observar os efeitos do "buraco de ozônio" na mudança climática polar, informaram nesta quarta-feira fontes especialistas.

Este projeto pioneiro registrará por dez anos a evolução da coluna total de ozônio e sua influência no clima, por ser um gás de efeito estufa.

"O buraco de ozônio é um processo de destruição deste gás que ocorre entre setembro e dezembro de cada ano, favorecido pelas baixas temperaturas da estratosfera antártica nesse período", afirmou o doutor Raúl Cordero, acadêmico da Universidade de Santiago e principal pesquisador a cargo do projeto.

Cordero acrescentou que "quando as temperaturas sobem no final da primavera, cessa a destruição em massa de ozônio, o que faz com que o ozônio de outras latitudes feche o buraco".

O principal módulo da máquina de medições atmosféricas foi levado até a baía Fildes, na Ilha do Rei George, a maior das ilhas Shetland do sul da Antártida, pela embarcação da Marinha chilena Aquiles.

Cordero trabalha há um ano junto com sua equipe de seis pesquisadores no assentamento da plataforma, que já está perto de sua fase final e consiste na eletrificação da estrutura metálica de oito toneladas com uma superfície útil de 50 metros quadrados.

As medições do aparelho terão um impacto na comunidade científica dedicada à compreensão dos efeitos da mudança climática na Antártida.

A equipe poderá, além disso, recopilar, de maneira contínua e remota, outros dados climatológicos de importantes para gases atmosféricos e aerossóis.

Uma campanha científica realizada em dezembro de 2015 concluiu que "o buraco na camada de ozônio na Antártida alcançou um tamanho recorde, ao registrar 10 milhões de quilômetros quadrados no último mês do ano, mais do que o dobro da média para esta data".

Os pesquisadores calcularam a dimensão do buraco utilizando os valores registrados por satélites durante as ultimas três décadas, onde foi estabelecido que no ano passado alcançou em outubro os 28 milhões de quilômetros quadrados, o quarto mais extenso desde que existem dados especializados.

"O esgotamento e a destruição da camada de ozônio se manifesta mais claramente em latitudes altas (particularmente na Antártida)", manifestou Cordero, que acrescentou que "uma melhor compreensão da inter-relação entre mudança climática e buraco de ozônio é necessária, é o objetivo de nosso trabalho".

Em fevereiro de 2006, o então presidente chileno Ricardo Lagos sancionou a lei de Proteção à Camada de Ozônio, com a qual o país se comprometeu a cumprir com o ordenamento internacional sobre a matéria.

A iniciativa legal obriga o Chile a reduzir progressivamente o consumo de CFC e brometo de metilo, usados nos processos de refrigeração, aerossóis e na agroindústria e que são os principais causadores da destruição da camada de ozônio e extensão do buraco.

Fonte: EFE

Cidades submarinas e arranha-céus subterrâneos: a vida dentro de 100 anos


Um grupo de arquitetos e cientistas sugere que a vida nas cidades daqui a cem anos pode envolver drones que carregam uma casa inteira, alimentos que podem ser "impressos" em casa, cidades submarinas e prédios gigantes e subterrâneos.
A equipe é formada por aquitetos da companhia SmartThings, que pertence à gigante de tecnologia Samsung, e professores da Universidade de Westminster, na Grã-Bretanha. E as previsões estão no relatório SmartThings Future Living Report.
De acordo com as previsões do relatório, em 2116 as pessoas poderão viver em "cidades-bolhas" submarinas, no fundo dos oceanos.
Nestas cidades no fundo do mar, haverá tecnologias de construção rápida e aviões não tripulados, segundo os cientistas.
"Vamos procurar melhores lugares para construir e fazer no fundo do mar faz muito sentido", disse à BBC Maggie Aderin-Pocock, cientista espacial e uma das autoras do estudo.
Aderin-Pocock explicou à BBC que viver nestas cidades no fundo do mar "será como viver em torres submarinas, cercadas de água".

Vida subterrânea
No relatório, os especialistas também explicam como em apenas cem anos os arranha-céus poderão também ser construídos para baixo, avançando embaixo da terra com 25 andares ou mais no subsolo.
Aderin-Pocock afirmou que "necessitaremos de novos espaços para viver à medida que as cidades crescem".
A tecnologia de hologramas também terá avanços e as reuniões virtuais ficarão cada vez mais comuns.
Outra conclusão dos pesquisadores é que os drones vão se transformar em um novo meio de transporte. Na verdade, estas aeronaves serão utilizadas para carregar casas inteiras pelo mundo, o que os cientistas chamaram de "mulas" futuristas.
"Viajaremos pelo céu com nossos próprios drones pessoais e alguns serão tão potentes que poderão transportar casas inteiras pelo mundo todo quando sairmos de férias", afirmou a cientista britânica à BBC.
O relatório também prevê grandes avanços no uso de impressoras 3D. O progresso será tão grande que as pessoas não apenas vão fabricar objetos em casa, como móveis, por exemplo, mas também residências inteiras e até alimentos, que poderão ser "baixados" da internet em questão de segundos.
"Parece ficção científica, mas é algo que, de fato, está acontecendo agora", disse Aderin-Pococok.
"Recentemente houve uma exposição na China na qual foram construídas dez casas de um quarto cada uma em 24 horas usando apenas concreto e impressoras 3D", acrescentou.
A cientista afirmou que a ideia, em relação a alimentos impressos, é que os usuários possam escolher os pratos dos melhores chefs e imprimir os alimentos em casa de acordo com sua dieta ou interesse.
"A revolução dos smart phones já marcou o começo da revolução da casa inteligente, que terá implicações muito positivas em nossa forma de viver", disse o responsável pela SmartThings na Grã-Bretanha, James Monighan.

Medicina e espaço
O relatório faz previsões tanto para a saúde individual como para viagens e colonização interplanetária.
Por exemplo: daqui a cem anos as pessoas poderão ter em casa dispositivos que confirmarão se elas estão mesmo doentes e fornecerão remédios ou entrarão em contato com um médico, se for necessário.
O relatório também sugere que o progresso na tecnologia espacial vai fazer com que seja possível para que os humanos iniciem colônias fora da Terra, "primeiro na Lua, em Marte e depois outros lugares mais além na galáxia".
"Há cada vez mais pessoas vivendo em grandes cidades e temos que conseguir gerenciar estas cidades no futuro", afirmou Aderin-Pocock.
"É questão de pensar de forma criativa e apresentar ideias originais. Pode ser que algumas destas ideias aconteçam e que outras não, mas é bom especular e pensar o que poderia acontecer", disse.
"Há dez anos a tecnologia das coisas era inconcebível. E nossas vidas hoje em dia são irreconhecíveis para quem viveu há um século."

Fonte: BBC
Foto: Samsung

25/02/2016

Presa de antepassado do elefante é descoberta no Paquistão


Uma equipe de cientistas paquistaneses anunciou a descoberta de um espécime raro de presa de stegodon, um primo distante do elefante que viveu há 1,1 milhões de anos.

A presa, encontrada na província paquistanesa do Punjab (centro), pode fornecer novas evidências sobre a evolução do mamífero extinto.

De acordo com o que se sabe hoje em dia, o stegodon apareceu na Terra há cerca de 11 milhões de anos e viveu até a última era glacial, cerca de 11.700 anos atrás.

A presa mede cerca de 2,44 metros de comprimento e 20,3 cm de diâmetro. É o maior exemplar já encontrado no país, de acordo com a equipe de pesquisa.

Foi descoberta por pesquisadores do Departamento de Zoologia da Universidade do Punjab durante uma expedição perto da aldeia de Jhelum, disse à AFP um porta-voz da universidade, Khurram Shahzad.

"Esta descoberta aprofunda nossos conhecimentos sobre a evolução do stegodon, especialmente nesta região", declarou à AFP o professor Muhamad Akhtar, que dirige o grupo.

"Também nos esclarece sobre o estado do meio ambiente na época em que o animal vivia", agregou.

Segundo Akhtar, a presa é a da época do Pleistoceno superior, o que pode ser determinado graças a uma técnica que utiliza a radioatividade.

Os stegodons se caracterizam por suas longas presas quase retas. Apareceram inicialmente na Ásia, onde se encontraram a maioria dos fósseis.

Fonte: AFP

Avançam regras para importação de material biológico humano para ensino e pesquisa

A Comissão de Assuntos Sociais (CAS) aprovou nesta quarta-feira (17) o Projeto de Lei do Senado (PLS) 484/2013, que permite a importação de material biológico humano para ensino e pesquisa. Hoje, a lei brasileira só admite essa importação para fins terapêuticos. A proposta ainda passará por votações em mais duas comissões.
De autoria do senador Eduardo Amorim (PSC-SE), o projeto estabelece regras para a importação desse material destinado ao ensino e à pesquisa. Essa compra precisa estar de acordo com a legislação dos países de origem e de procedência. Também precisa atender às normas brasileiras, conforme emenda da relatora, senador Ana Amélia (PP-RS).
O projeto relaciona os materiais que podem ser importados, entre os quais células-tronco, sangue, linfa e cadáveres. Esses materiais não podem ser retirados de pessoa não identificada, nem de vítima de causas externas ou indeterminadas. No caso de incapaz, a proposta só admite a retirada do material mediante autorização do país de procedência. Uma segunda emenda da relatora acrescenta a necessidade de autorização dos responsáveis legais e da obediência à legislação do país de origem e do Brasil.
O texto do projeto prevê, ainda, que a lei entrará em vigor 180 dias após a publicação.
Ao justificar a iniciativa, Eduardo Amorim alega que há carência de material humano para pesquisa e ensino nas universidades brasileiras, problema que pode ser resolvido com a aprovação da proposta. Já a relatora destaca a importância de estabelecer normas rigorosas para controle da atividade, uma vez que “esse material pode carrear agentes infecciosos e facilitar a introdução de doenças no território nacional”.
Ana Amélia também justifica as duas emendas que apresentou. “Do ponto de vista bioético, é mais apropriado dar tratamento uniforme à obtenção do material, exigindo-se o atendimento das normas éticas e legais do Brasil e dos países exportadores”.
A Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) será a próxima a analisar o projeto. Depois, a proposta de Eduardo Amorim seguirá para a Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT), à qual caberá decisão terminativa.

Fonte: Agência Senado
Imagem Freepik

Projeto Ilhas do Rio aprofunda pesquisas sobre baleias e golfinhos


O Projeto Ilhas do Rio, iniciado em 2011 para proteção do conjunto das Ilhas Cagarras, no litoral do Rio de Janeiro, vai entrar em sua terceira fase este ano, aprofundando pesquisas marinhas de peixes recifais e estudos de cetáceos, como baleias e golfinhos, de aves e da flora, além de atividades de mergulho. A meta é contribuir para o plano de manejo elaborado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio).

Implementado pela organização não-governamental (ONG) Instituto Mar Adentro Promoção e Gestão do Conhecimento de Ecossistemas Aquáticos, com patrocínio da Petrobras, o programa ampliou sua abrangência nas áreas que compõem o Monumento Natural das Ilhas Cagarras, unidade de conservação local, para quatro conjuntos de ilhas do litoral do Rio, incluindo a Ilha Rasa e os arquipélagos de Maricás e Tijucas.

“Assim como ocorreu nas Cagarras, o objetivo é fazer um levantamento científico do que havia ali, do que ocorria e o seu impacto”, disse à Agência Brasil o supervisor de Pesquisa Científica do projeto, Carlos Rangel.

Flora e fauna

Na primeira e segunda fases, os pesquisadores fizeram o levantamento da biodiversidade marinha e terrestre da flora e da fauna e monitoramento das atividades, trabalhando em paralelo com ações de mobilização social e educação ambiental. Foi descoberto um sítio arqueológico tupi-guarani situado no cume da Ilha Redonda, datado por especialista do Museu Nacional no período pré-colonial brasileiro, compreendido entre 1435 e 1495. 

“Você ter um sítio arqueológico em uma ilha que era pouco estudada, dentro de uma unidade de conservação, já é um dado bastante relevante”, avaliou Rangel. Foram mapeadas quase 200 espécies de plantas e 600 animais.

Dentre as espécies da fauna levantadas pelos pesquisadores, se destaca uma perereca de bromélia (Scinax gr.perpusillus) que, embora não tenha sido ainda identificada, sinaliza ser uma nova espécie para a ciência, porque vive dentro da bromélia e tem a característica de ser exclusiva de ilhas costeiras, como as existentes na costa de São Paulo, disse Rangel.

“Provavelmente, é uma espécie nova para a ciência porque ela se especializa dentro de uma ilha e não se locomove. Fica nessa ilha, dentro da bromélia a vida toda”. Outra espécie coletada na Ilha Redonda foi uma barata sem asas (Hormetica sp.) que abre a possibilidade de ser outra nova espécie para estudo científico.

“É uma adaptação evolutiva”, salientou o biólogo. “É interessante porque a gente não só identifica novas espécies, mas também novos registros, por exemplo, espécies que ocorriam até o sul da Bahia e ocorrem também aqui, no sudeste do Brasil. É interessante porque é uma ampliação da área de ocorrência dessas espécies”, observou. “Só com conhecimento você consegue essas informações”.

Educação ambiental

Todas os dados coletados no campo de pesquisas são utilizados para a educação ambiental por meio de atividades que o projeto organiza, como exposições itinerantes e interativas, palestras em escolas e universidades e no centro de visitantes da Colônia de Pescadores de Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro, onde se divulga o projeto, contribuindo para a proteção dos ecossistemas.

A ONG Instituto Mar Adentro promove também um mutirão de limpeza nas ilhas, que conta com a participação de voluntários e esportistas. “As atividades são boas para que os dados das pesquisas não fiquem só com os pesquisadores e sejam repassados para o público”. A terceira fase, que deverá começar ainda neste semestre, terá como foco as Ilhas Cagarras e o arquipélago de Maricás. Os pesquisadores promoverão também a retirada de espécies exóticas. A iniciativa permite ao programa recolonizar as ilhas com espécies nativas.

Fonte: Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil
Foto: Divulgação

Física do Futebol é publicado na Itália com prefácio de Roberto Baggio


O livro Física do Futebol, dos pesquisadores Marcos Duarte e Emico Okuno, foi traduzido para o italiano com o título La física del cálcio e publicado pela Editora Zanichelli, com prefácio do ex-jogador Roberto Baggio.

O livro foi lançado em 2012 no Brasil pela editora Oficina de Textos, com apresentação do físico Marcelo Gleiser e do ex-jogador Tostão.

O objetivo dos autores foi utilizar o futebol para explicar Física e, ao mesmo tempo, utilizar “toda a área de Mecânica para explicar o futebol”, explicou Duarte em entrevista ao site da Oficina de Textos em 2012.

Para alcançar esses objetivos, os autores utilizam como recurso desde a geometria do campo, a troca de passes, as regras da Fifa, a pressão da bola, o gol que parece não entrar etc., detalhou Okuno na mesma entrevista.

Os conceitos de Mecânica são descritos de forma a cobrir todo o conteúdo normalmente abrangido no currículo de Física do primeiro ano do ensino médio.

A edição do livro em português está disponível em versão digital em www.ofitexto.com.br/fisica-do-futebol-ebook/p

24/02/2016

INCT Observatório das Metrópoles disponibiliza 70 livros para download gratuito


Rede INCT Observatório das Metrópoles disponibiliza mais de 70 livros para download gratuito com o objetivo de dar continuidade à sua política de difusão científica com o compartilhamento amplo e gratuito de toda a sua produção de conhecimento. As publicações fazem parte da trajetória da rede de pesquisadores e seu compromisso com o desenvolvimento metropolitano brasileiro, especialmente os resultados do qüinqüênio 2009-2014 no qual o Observatório passou a integrar o Programa Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCT/CNPq/MCT&I). Os livros tratam de temas como dinâmicas de metropolização, organização social do território, desigualdade social e segregação urbana, megaeventos, governança urbana e cidadania.

O Observatório das Metrópoles constitui um grupo nacional de instituições que realiza Pesquisa em Rede, comparativa e multidisciplinar, sobre os impactos metropolitanos da mudança de modelo de desenvolvimento. Sob a coordenação geral do IPPUR/UFRJ, o Observatório reúne cerca de 115 pesquisadores principais integrantes de 50 instituições dos campos: universitário (54 programas de pós-graduação), governamental e não-governamental. As instituições reunidas no Observatório das Metrópoles vêm pesquisando de maneira sistemática sobre 15 metrópoles brasileiras – Rio de Janeiro, São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, Recife, Salvador, Natal, Fortaleza, Belém, Brasília, Vitória, Baixada Santista e a aglomeração urbana de Maringá.

Desde 2009, o Observatório integra o Programa INCT (Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia) e busca ser uma rede plurinstitucional e pluridisciplinar que procura aliar suas atividades de pesquisa e ensino com a missão social de realizar e promover atividades que possam influenciar as decisões dos atores que atuam no campo da política pública, tanto na esfera do governo, como da sociedade civil.

Ao longo da sua trajetória a Rede Observatório das Metrópoles já publicou cerca de 120 livros, resultado dos seus esforços para fortalecer os estudos metropolitanos e o e o debate sobre o papel das metrópoles brasileiras para o desenvolvimento nacional. Nos últimos anos a nossa rede vem reforçando sua política de difusão científica, compartilhando suas publicações em formato PDF ou E-BOOK para o público geral.

Agora a Rede INCT Observatório das Metrópoles oferece uma compilação de 70 livros para download gratuito – as publicações tratam de temas fundamentais para o planejamento e gestão dos grandes centros urbanos do Brasil – tais como dinâmicas de metropolização, organização social do território – políticas habitacionais, mobilidade urbana, saneamento básico; desigualdade social e segregação urbana – bem-estar urbano, desigualdades escolares e segregação residencial; megaeventos, governança urbana e cidadania.

Abaixo apresentamos a Lista dos Livros do Observatório para acesso e divulgação.
O leitor encontrará, primeiramente, link para a Coleção “Metrópoles: transformações na ordem urbana” – lançada em 2015 e representativa de todo o acumulo de conhecimento da nossa rede de pesquisa. E mais link para Publicações do projeto “Metropolização e Megaeventos”; clássicos da trajetória da Rede Observatório – do período 1995-2010; Coleção Teses & Dissertações; Coleção Conjuntura Urbana.

Em seguida, será apresentada uma lista de livros de acordo com as Linhas de Pesquisa da nossa rede, no âmbito do Programa INCT – os livros são resultados das pesquisas desenvolvidas e representam o nosso esforço de produzir conhecimento científico para o país.

Fonte: Observatório das metrópoles

Obesidade pode interferir na aprendizagem das crianças

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 2025, a taxa de obesidade infantil deve chegar a 75 milhões em todo o mundo, um dos problemas de saúde pública mais graves do século 21. Resultado, segundo especialistas, de alimentação inadequada, privilegiada pelo consumo de biscoitos recheados, chocolates, salgadinhos, lanches e bebidas industrializadas.

A partir desse dado, a fonoaudióloga Patrícia Zuanetti, decidiu estudar a relação entre a obesidade na infância e o aprendizado. E os resultados são ainda mais preocupantes. A pesquisa, após avaliar dois grupos, um com crianças consideradas obesas e outro com crianças não obesas, revelou que o excesso de peso causou prejuízos na atenção e na capacidade de alternar respostas e ações, de acordo com as exigências de estímulos. “Esse é um processo importante para o processo de alfabetização, leitura e aprendizagem”, enfatiza a pesquisadora.

No total foram avaliadas 41 crianças com idade média de 9,6 anos e de perfis iguais, ou seja, com o mesmo nível socioeconômico, histórico de doenças e outras intercorrências que pudessem interferir no desenvolvimento da linguagem. Elas foram submetidas à avaliação de leitura, escrita e testes, como identificação de símbolos, separação de sílabas, rimas de palavras, nomeação de cores, números, desenhos e letras, a ligação de letras e números, memorização auditiva e visual de diversos estímulos.

Nos testes de leitura, a fonoaudióloga notou dificuldades no grupo das crianças obesas em utilizar as rotas fonológicas. “Cada pessoa pode ler por duas formas. A primeira é a rota fonológica. Essa é a leitura que toda criança faz no início da alfabetização ou que os adultos usam para ler palavras novas ou difíceis. Já a rota lexical é a mais rápida, onde ‘batemos o olho’ e já acessamos o significado, e permite a leitura fluente.”

Patrícia identificou dificuldades na flexibilidade cognitiva das crianças obesas, por meio dos testes de ligar letras e números de forma alternada e sequencial. “Compreende a aprendizagem a partir de erros, geração de novas estratégias e processamento de várias informações ao mesmo tempo”, explica. Se a flexibilidade está prejudicada, consequentemente, a alternância e a melhor escolha entre as rotas de leitura, de acordo com cada palavra, também estará, pois a criança não conseguirá mudar a ‘forma de ler’ rapidamente, de acordo com o novo estímulo.

Já as crianças do grupo não obesas conseguiram ler de forma mais adequada as palavras apresentadas, independentemente se eram frequentes, inventadas ou não. “Mostraram uma maior capacidade de escolher a melhor ‘forma de ler’”, afirma.

Controvérsias
O estudo concluiu que o grupo das crianças obesas possui um melhor desempenho em memória fonológica, se comparado ao outro grupo. Ela é de curto prazo e está envolvida na manipulação das informações, de modo a permitir a execução de tarefas cognitivas complexas, como raciocínio e compreensão. “Quando precisamos ligar para alguém, repetimos os números mentalmente até executar a atividade e depois esquecemos. Ou, para compreender um texto, você necessita armazenar partes importantes do início, para pensar a respeito da ideia geral do conteúdo”, exemplifica.

Ainda não existem explicações para isso, entretanto, na literatura, alguns estudiosos afirmam que esta memória fonológica nas crianças obesas pode ficar prejudicada; outros, que ela fica melhor.  “Vale ressaltar que as crianças com boa nutrição também possuem um desempenho em memória adequado se comparadas às crianças obesas. Somente apresentaram uma capacidade de armazenar um pouco menor”, afirma a especialista.

Intervenções
Para Patrícia, compreender que a obesidade também pode afetar o desenvolvimento cognitivo, ou seja, o desenvolvimento do cérebro, intensifica o olhar da sociedade e de agentes de saúde para esta condição nutricional. Ela ressalta a necessidade de incentivo às intervenções públicas para a diminuição da obesidade, como o aumento de atividades físicas e de uma alimentação mais saudável nas escolas de ensino infantil e fundamental, para assim, diminuir prejuízos no futuro.

á para os pais ou responsáveis de crianças obesas, Patrícia aconselha modificar a alimentação de toda família, fazer exercícios físicos juntos, ajudá-los na organização de atividades, realizar leitura compartilhada, promover momentos de diálogo a respeito de diversos assuntos e auxiliar nas tarefas escolares.

Patrícia diz que, mesmo sendo um tema importante, existem poucos artigos internacionais sobre o assunto publicados nos últimos dez anos. Alguns obtiveram os mesmos resultados com relação a atenção e a flexibilidade cognitiva, entretanto, quanto à memória de trabalho fonológica e ao desempenho escolar os resultados foram controversos. “A aprendizagem depende de diversos fatores ligados a própria criança, como a parte emocional, e também a fatores externos, como a estimulação ambiental”, lembra. Na área da fonoaudiologia no Brasil, o assunto obesidade e linguagem escrita é um campo novo e ainda não há estudos.

A tese Consequências da obesidade infantil nas habilidades cognitivas envolvidas na aprendizagem da linguagem escrita, foi defendida em dezembro, sob orientação da professora da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Marisa Tomoe Hebihara Fukuda.

Fonte: Gabriela Vilas Boas / Serviço de Comunicação da Prefeitura do Campus USP de Ribeirão Preto

Mais Informações: email pati_zua@yahoo.com.br
Imagem: Freepik