A superfície do Mar Mediterrâneo, sobretudo em zonas litorâneas,
abriga cerca de 1.455 toneladas de resíduos plásticos que são uma grave ameaça
para as espécies marinhas, a saúde e a economia. Esta é a principal
conclusão de um estudo publicado na revista "Environmental Research",
no qual seus autores advertem que "em menos de 100 anos estes resíduos
plásticos passaram a fazer parte do ecossistema marinho".
Os resultados, obtidos por uma equipe de cientistas liderada
pelo Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) espanhol no marco do
projeto de pesquisa NIXE III, revelam a presença de resíduos plásticos em todas
as amostras marinhas tomadas. Durante várias viagens realizadas em 2011 e
2013, os pesquisadores repetiram pelo Mediterrâneo os percursos históricos que
Luis Salvador da Áustria realizou há 100 anos, a fim de comparar
resultados.
A primeira das expedições foi realizada desde as ilhas Baleares
até o mar Adriático, enquanto a segunda foi desde as Baleares ao mar
Jônico. Foram analisadas 70 amostras da superfície marinha e os dados
mostram, que de média, continham cerca de 147,5 mil partículas de plástico por
quilômetro quadrado.
Estes resultados em todo Mediterrâneo daria um número de cerca
de de 1.455 toneladas de plástico. "Estas partículas supõem uma grave
ameaça para o ecossistema marinho e poderiam ter grandes consequências na saúde
humana e nas atividades econômicas", explica Luis F. Ruiz-Orelhudo,
pesquisador do CSIC.
O tamanho dos plásticos localizados é variado embora em todas as
amostras foram encontrados microplásticos -de menos de 5 milímetros-, e as
partículas mais abundantes são aquelas que medem ao redor de 1 milímetro.
Os plásticos sofrem um processo de fragmentação quando se
encontram em mares e quanto menor é seu tamanho aumentam os organismos para os
quais está disponível a partícula e, portanto, sua repercussão na cadeia
alimentar", afirma Ruiz-Orelhudo.
É imprescindível -aponta o pesquisador- fazer um acompanhamento
da poluição por plásticos dos mares, conhecer as possíveis zonas de acumulação,
apesar de variabilidade das correntes no Mediterrâneo, e apresentar nova
informação aos modelos de distribuição.
Fonte: Terra
Imagem: Istock