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02/04/2016

Realismo visual em simuladores de cirurgia é foco de pesquisas no Instituto de Informática UFRGS




Uma microcâmera e instrumentos cirúrgicos são introduzidos por pequenas incisões no abdômen do paciente em um procedimento minimamente invasivo. A partir das imagens transmitidas para um monitor, o médico realiza as intervenções necessárias. Utilizada para diversos tipos de operações de órgãos intra-abdominais e para procedimentos ginecológicos e urológicos, as cirurgias laparoscópica apresentam várias vantagens em relação às convencionais, como menor tempo de cirurgia, recuperação mais rápida e cicatrizes menores.

Para que o médico possa realizar esse tipo de procedimento, entretanto, é necessário treinar. Os futuros cirurgiões praticam as operações em simuladores virtuais – uma espécie de videogame no qual podem treinar à vontade, sem medo de errar, em ambientes livres de estresse e do envolvimento do paciente ou de implicações éticas associadas ao uso de animais. Os simuladores possibilitam a realização de um maior número de laparoscopias e diminuem o risco de complicações e de infecções pós-operatórias.

Diferente dos videogames, entretanto, que contam com gráficos cada vez mais realistas, os simuladores de cirurgias atuais apresentam um baixo realismo visual e não conseguem capturar toda a riqueza de detalhes existente no interior do corpo humano. Os modelos usados hoje são semelhantes a um desenvolvido no Instituto de Informática da UFRGS há cerca de sete anos. Entre as razões para esse gap tecnológico está a dificuldade em adquirir e processar os dados de seres vivos. No entanto, a fidelidade da simulação, com imagens realistas que contemplem a diversidade de situações que o médico pode vir a experimentar, é essencial para o treinamento, potencializando o planejamento das operações e diminuindo o risco de surpresas e complicações.

Com o objetivo de tornar esses simuladores mais semelhantes à realidade, pesquisadores do Instituto de Informática estão desenvolvendo ferramentas de computação gráfica que permitirão gráficos próximos do chamado realismo fotográfico – aquele em que não conseguimos distinguir o virtual do real. A partir de vídeos de laparoscopias reais, os pesquisadores extraem dados sobre os tecidos orgânicos vivos, que são usados para aperfeiçoar as imagens sintetizadas. O trabalho envolve professores, mestrandos, doutorandos e bolsistas de iniciação científica, além da assessoria de médicos do Hospital de Clínicas de Porto Alegre.

Um exemplo é o estudo do doutorando Augusto Luengo. Orientado pelos professores Marcelo Walter e Anderson Maciel, Luengo se dedicou, durante o mestrado, a um método de renderização de imagens de órgãos vivos baseado em algoritmos matemáticos de iluminação global. A iluminação global é uma técnica utilizada na computação gráfica 3D que tem como objetivo dar mais realismo à cena. Os algoritmos não levam em conta apenas a luz direta que incide sobre o objeto – como é o caso da técnica de iluminação local, usada nos simuladores atuais –, mas também a que é refletida por outras superfícies do ambiente.

A luz que é introduzida no abdômen para auxiliar a cirurgia, por exemplo, é refletida de forma variada pelas superfícies irregulares dos diversos órgãos que existem ali. É essa interação entre a luz e o ambiente que o pesquisador buscou reproduzir. No doutorado, iniciado em 2014, Luengo pretende ampliar o trabalho para a representação das texturas dos órgãos. “No mestrado, trabalhamos somente com os reflexos, como se o material fosse homogêneo. Só que o órgão não é homogêneo; ele tem camadas, veias… E temos vontade de simular isso também”, explica. Outra ideia do pesquisador é levar as diferenças e particularidades dos pacientes para os simuladores. O fígado de um adolescente com uma alimentação balanceada, por exemplo, é bem diferente do órgão de um idoso com uma dieta rica em gordura.

Outras pesquisas vêm sendo desenvolvidas paralelamente à de Luengo, como a dissertação de mestrado de Dennis Giovani Balreira, que buscou representar a estrutura interna de um fígado humano. A expectativa, segundo Luengo, é de que em cerca de três anos o novo simulador esteja concluído.

Dissertações

Autor: Augusto Luengo Pereira Nunes
Orientador: Marcelo Walter
Coorientador: Anderson Maciel
Unidade: Programa de Pós-Graduação em Computação

Autor: Dennis Giovani Balreira
Orientador: Marcelo Walter
Coorientador: Anderson Maciel
Unidade: Programa de Pós-Graduação em Computação

Foto: Ramon Moser
Fonte: Camila Raposo/UFRGS

01/04/2016

Para evitar amputação, homem ficará com mão dentro do abdômen em SC


Ao chegar ao hospital na noite de terça-feira (29), depois de sofrer um acidente em uma máquina de trabalho em Orleans, no Sul catarinense, o auxiliar de produção Carlos Mariotti, de 42 anos, ouvia de pessoas próximas que perderia a mão esquerda. Ao acordar da cirurgia, porém, soube que não só ainda tinha a mão como ela estava inserida em seu abdômen. “O médico disse: tua mão vai ficar dentro do 'bolso'”, conta Carlos, que é destro.

Nesta sexta (1), ainda hospitalizado, Carlos conseguia sorrir da situação, aliviado depois da dor indescritível que sentiu ao ter a mão puxada por uma máquina de fabricar bobinas. “Fui passar o filme, quando vi a máquina estava puxando minha mão. Gritei duas vezes, ninguém ouviu. Na terceira, eu puxei”, relembra Carlos.

Ele estava sozinho naquele momento, mas logo foi socorrido por colegas. “Uma menina que trabalha lá na frente tinha uma atadura na bolsa, eles amarraram com força, foram os primeiros socorros.” Atendido pelos bombeiros, Carlos foi levado para o hospital.

Cirurgia
“Ele sofreu uma lesão que é chamada de desenluvamento”, explica o médico ortopedista e traumatologista, Bóris Bento Brandão, que fez a cirurgia para colocar a mão de Mariotti no abdômen. O acidente removeu a pele, mas ossos e tensões foram preservados.
“É uma cirurgia clássica, mas pouca gente faz porque é uma situação especial, é um procedimento de salvação para evitar necrose, quando não há mais nada a fazer”, diz Brandão.
Esta é a primeira vez que o procedimento de salvação de mão é feito na Fundação Hospitalar Santa Otília, único hospital de Orleans. A cirurgia, realizada através do Sistema Único de Saúde (Sus), durou duas horas e o paciente recebeu anestesia no braço e no abdômen.

Leia mais em G1
Fonte: Mariana Faraco e Valéria Martins do G1 SC
Foto: Analuze Goulart

16/03/2016

Encerram em 23 de março as inscrições para a FMUSP Winter School

Encerram em 23 de março as inscrições para a FMUSP Winter School da Faculdade de Medicina de Universidade de São Paulo, que será realizada entre os dias 18 de 29 de julho de 2016. O objetivo da Escola é permitir a capacitação e o intercâmbio de experiência entre alunos brasileiros e estrangeiros.

São oferecidos cursos nas seguintes áreas: Anestesiologia, Dermatologia, Endocrinologia, Doenças Tropicais Negligenciadas, Fisioterapia, Medicina Preventiva e Reabilitação.

Os interessados devem estar cursando a graduação em medicina, ter interesse especial nos cursos ou ter formação concluída em ciências biomédicas.

Além de atividades acadêmicas, a FMUSP fornece alojamento e alimentação gratuita a todos os alunos participantes.

A FMUSP é a maior instituição de ensino superior e pesquisa no Brasil, da qual faz parte o maior complexo hospitalar da América Latina (Hospital das Clínicas).

Para mais informações sobre a Escola acesse o endereço http://www.fm.usp.br/site/Winter-2016.

Os requisitos para submissão estão disponíveis aqui.

Para mais informações contate FMUSP International Office utilizando:
E-mail winterschools@fm.usp.br 
Telefone +55 11 3061 8720 

28/02/2016

'Mortos-vivos' ajudam na formação de futuros cirurgiões

O coração bate, o sangue circula, os pulmões se enchem de ar... Na verdade, trata-se de um cadáver descongelado, com o qual os estudantes de cirurgia fazem suas práticas - um sistema que parece ser único no mundo.

Chama-se "Simlife": foi fabricado e patenteado no laboratório de anatomia da faculdade de medicina de Poitiers (centro-oeste da França) por Cyril Breque, um especialista em biomecânica.

Até agora, os estudantes de medicina e farmácia aprendiam o ofício com corpos inertes ou, no melhor dos casos, com manequins interativos. Mas "estávamos cientes de que as dissecções clássicas já não correspondiam mais às expectativas", explicou o professor Jean-Pierre Richer, responsável pelo centro de simulação da faculdade.

"Já não se aprende mais na sala de operações, ao lado do cirurgião e de um verdadeiro paciente", afirma. Na França, por exemplo, "as novas diretrizes nacionais dizem claramente: 'a primeira vez nunca com um paciente'".

O Simlife foi concebido para que o futuro cirurgião seja confrontado com uma situação "tão perto quanto possível da realidade", mas sem risco para o paciente.

Em uma sala, trinta alunos praticam sutura em patas de porco, enquanto no bloco operatório ao lado uma aluna assiste uma dupla remoção de rim num Simlife que parece vivo.

O abdome de pele rosada se levanta ritmicamente, o pulso está estável quando os dois cirurgiões fazem um corto até o umbigo para retirar as vísceras. Apenas o cheiro e a cor esverdeada delatam que trata-se de um cadáver descongelado muito lentamente para fazê-lo passar em alguns dias de -22°C a +37°C.

- Bricolagem e jardinagem -

O sangue artificial que circula devolve rapidamente a cor natural aos órgãos e tecidos. "Você vê, ali, a veia cava na verdade é assim, rosa e azul", explica o professor Jean-Pierre Faure, corresponsável da escola de cirurgia da Universidade de Poitiers.

Tiram lentamente os intestinos para não prejudicar a operação. Depois de uma hora de trabalho, removem um rim, mas surge um sangramento. A equipe para, visivelmente tensa.

"Você viu? Temos dois profissionais tão focados no trabalho que eles até esqueceram que era uma farsa. É a vida real com todas as suas vicissitudes. O toque é algo insubstituível para o cirurgião. Se a respiração é simulada nesses corpos, é também para dificultar o trabalho do cirurgião", comenta o professor Richer.

Atrás do campo cirúrgico operatório que esconde o rosto do "paciente", está o maquinário do Simlife: dois carrinhos com um monitor.

"O daqui é uma parte pneumática para a respiração, e ali a hidráulica para a circulação sanguínea", detalha Cyril Brèque, médico com grande habilidade para atividades manuais.

Com um desfibrilador nas mãos, adapta numa válvula a pressão de injeção de sangue falso. "Um pouco de pintura, um aditivo para obter a viscosidade do sangue, todo o material provém de lojas de bricolagem e jardinagem", sorri. Ao todo, quatro Simlife custaram apenas 20.000 euros.

"Com o tempo, vamos minimizar tudo e vamos pilotar tudo por wifi a partir de um tablet. Estamos trabalhando para introduzir uma série de possibilidades. O que faz nosso sistema único é que ele é adaptável", garante o professor Riche.

Fonte: AFP
Imagem Freepik