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25/07/2016

Neandertais da Europa do Norte eram canibais


Os ossos de pelo menos cinco pessoas, entre as quais uma criança, descobertos numa caverna de Goyet, na Bélgica, estão a ajudar a contar uma nova história sobre a nossa evolução. Uma história de violência, em que pela primeira vez os pesquisadores descobriram provas da prática de canibalismo entre os Neandertais na Europa do norte, há cerca de 40 mil anos.

A pesquisa de um equipa internacional de cientistas, entre os quais peritos da universidade alemã de Tubinga e espanhóis da universidade do País Basco, conseguiu recolher 99 fragmentos de esqueletos de Neandertais, a maior coleção do gênero encontrada tão a norte. E da sua análise retirou-se uma conclusão clara: um terço desses ossos apresentavam cortes e sinais de fratura semelhantes aos que eram feitos pelos nossos antepassados em cavalos e renas, que lhes serviam de refeição. Além disso, estes homens usavam ainda os ossos dos seus mortos como ferramentas, usadas no fabrico de outros utensílios.

Esta não é a primeira vez que se encontram provas de canibalismo entre Neandertais - as evidências mais antigas desta prática entre humanos remontam há 800 mil anos e foram encontradas não muito longe de nós, na gruta espanhola de Atapuerca -, sendo que isso só tinha acontecido em Espanha (Zafarraya, El Sidrón) e França (Moula-Guercy, Les Pradelles). Mas agora este trabalho, publicado na revista Scientific Reports, demonstra que em paragens para lá dos Alpes, "tal como se fazia no sul da Europa, os Neandertais tinham rituais de respeito para com alguns dos seus mortos, que enterravam, ao mesmo tempo que viam outros como alimento", explicou o pesquisador basco Asier Gómez ao El Mundo.

Mas esta descoberta ainda levanta dúvidas sobre a forma como os Neandertais lidavam com os seus mortos na fase final da sua existência - eles desapareceram há cerca de 30 mil anos - uma vez que outras escavações na mesma zona não encontraram evidências de práticas semelhantes às reveladas em Goyet, mas apenas vestígios de rituais funerários. "Estas indicações permitem-nos assumir que os Neandertais praticavam canibalismo, mas é-nos impossível dizer se essas pessoas foram massacradas como parte de um qualquer ato simbólico ou apenas para servirem de alimento", reconhece Hervé Bocherens, do Centro de Evolução Humana e Paleoambiente de Tubinga, em declarações ao Science Daily. A terceira caverna de Goyet, de onde foram extraídos estes ossos, foi escavada há 150 anos.

Semelhanças genéticas
Esta pesquisa serviu ainda para solidificar uma outra conclusão, a de que havia pouca variação genética entre os homens espalhados pela Europa nesta época, às vezes separados por milhares de quilómetros - os Neandertais de Goyet tinham semelhanças genéticas com os de Feldhofer (na Alemanha), de Vindija (Croácia) e com os vestígios encontrados na Península Ibética.
A análise ao ADN mitocondrial dos vestígios encontrados permitiu duplicar a informação genética já existente sobre a espécie e confirmar que estes humanos eram bastante semelhantes entre si.

Fonte: Diário de Notícias
Imagem: REUTERS/NIKOLA SOLIC

13/04/2016

Doenças trazidas de África pelos humanos modernos podem ter dizimado neandertais


Os neandertais que viviam na Europa podem ter sido infetados por doenças trazidas de África pelos humanos modernos

Terão sido as doenças trazidas de África pelos antepassados dos humanos a dizimar os neandertais? Um novo estudo indica que estas podem ter tido um papel importante e contribuído para o desaparecimento da espécie.

Segundo dois investigadores britânicos, os neandertais que viviam na Europa podem ter sido infetados por doenças trazidas de África pelos humanos modernos, Homo Sapiens, há 80 mil anos. Sendo ambas espécies de hominídeos, a transmissão de vírus entre as populações teria sido possível e provável, defendem.

A revisão das mais recentes descobertas sobre os genomas dos vírus e bactérias permite concluir que algumas doenças infecciosas são provavelmente muitos milhares de anos mais antigas do que se acreditava, explicam os investigadores de Cambridge e Oxford Brookes. E há sinais de que os vírus chegaram aos humanos através de outros hominídeos, ainda em África. Assim, os cientistas argumentam que faz sentido supor que os humanos tenham, por sua vez, passado as doenças aos neandertais.

A geneticista Charlotte Houldcroft, do departamento de Biologia Antropológica de Cambridge, diz que muitas das infeções que provavelmente passaram para os neandertais - tuberculose, úlceras do estômago e tipos de herpes - são doenças crónicas que terão enfraquecido os neandertais, tornando estes caçadores-recoletores menos capazes, o que terá contribuído para a extinção da espécie.

"Para a população neandertal da Eurásia, a exposição a novos agentes patogêneos trazidos de África pode ter sido catastrófica", explica Houldcroft. "No entanto, é pouco provável que tenha sido semelhante ao que aconteceu nas Américas quando Colombo levou doenças que dizimaram as populações nativas", ressalva. É mais provável que os pequenos grupos de neandertais tenham tido interações e sido infetados, tendo sido enfraquecidos por estes desastres, o que acabou por desequilibrar a balança contra a sobrevivência.

A teoria apoia-se nas descobertas proporcionadas por novas técnicas desenvolvidas nos últimos anos, que permitiram aos investigadores explorar o passado das doenças, estudando o seu código genético, bem como extrair ADN dos nossos antepassados e procurar sinais de doenças.

No artigo publicado no American Journal of Physical Anthropology, os cientistas defendem que muitas doenças infecciosas têm evoluído lado a lado como os humanos e com os nossos antepassados há dezenas de milhares de anos.

A teoria dominante defende que as doenças infecciosas explodiram com o aparecimento da agricultura há cerca de oito mil anos, quando as populações humanas começaram a assentar em povoações com mais densidade e onde humanos e gado viviam lado a lado, criando o ambiente perfeito para a disseminação das infeções.

Fonte: Diário de Notícias
IMAGEM: NIKOLA SOLIC/REUTERS

10/04/2016

Estudo sequencia cromossomo Y do homem de Neandertal pela 1ª vez


O sequenciamento genético inédito do cromossomo Y do Homem de Neandertal revelou diferenças absolutas com o mesmo cromossomo do humano moderno, o que explicaria o motivo pelo qual as duas espécies se mantiveram separadas, segundo um estudo publicado, nesta quinta-feira (7), nos Estados Unidos.
Os cientistas sabem, desde 2010, que as populações de origem euro-asiática têm, aproximadamente, entre 2,5 e 4% de genes herdados dos Neandertais, como consequência dos cruzamentos entre as duas espécies há 50 mil anos, pouco depois do homem moderno chegar à Eurásia desde a África.
Os humanos e os Neandertais coexistiram até a extinção destes últimos, há cerca de 30 mil anos. O cromossomo Y, que fornece características masculinas, era o último grande componente do genoma neandertal ainda não analisado, afirmam os pesquisadores, cujo trabalho foi publicado na revista científica "American Journal of Human Genetics".
Todos os estudos anteriores haviam focado na sequência de DNA procedente de fósseis de Neandertais ou de DNA mitocondrial transmitido pelas mães aos filhos de ambos os sexos.
"A caracterização do cromossomo e do Neandertal nos ajuda a compreender melhor as divergências entre as populações que conduziram o Homem de Neandertal e o humano moderno", considerou Fernando Méndez, um dos principais autores e pesquisador da Universidade de Stanford, na Califórnia.
Esta sequência também fornece novas informações sobre as relações entre Neandertais e humanos modernos, além de certos fatores genéticos que poderiam separar as duas espécies.
Sua análise sugere que os neandertais e os humanos modernos divergiram há quase 59.000 anos, o que se encaixa com as conclusões anteriores.
Os geneticistas indicam que o cromossomo Y neandertal é completamente diferente de qualquer outro cromossomo Y de humano moderno analisado, o que sugere que esta linhagem genética se extinguiu.
Eles também descobriram algumas diferenças entre os códigos genéticos das proteínas nos cromossomos Y dos neandertais e na dos humanos. Três destas diferenças são mutações conhecidas nos genes humanos que provocam incompatibilidades específicas nos humanos do sexo masculino.
Assim, alguns antígenos derivados de um destes três genes são aparentemente responsáveis por uma resposta imunológica nas mulheres grávidas que ataca seus fetos, causando abortos.
Os pesquisadores acreditam que alguns destes genes incompatíveis no cromossomo Y do homem de Neandertal podem ter desempenhado um papel na separação entre os humanos antigos e os neandertais, impossibilitando o cruzamento.
No entanto, consideram que são necessários mais estudos para confirmar esta conclusão.
Os genes do cromossomo Y representam entre 1,5 e 2% do DNA total das células.

Foto: Natural History Museum
Fonte: AFP