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01/05/2016

Dispositivo eletrônico detecta moléculas ligadas a câncer, Alzheimer e Parkinson

Um biosensor desenvolvido por pesquisadores do Laboratório Nacional de Nanotecnologia (LNNano), em Campinas, mostrou-se capaz de detectar moléculas relacionadas a doenças neurodegenerativas e alguns tipos de câncer.
Trata-se de um dispositivo eletrônico manufaturado sobre uma plataforma de vidro. Nele, um transistor é formado por uma camada orgânica em escala nanométrica, contendo o peptídeo glutationa reduzida (GSH), que reage de maneira específica quando em contato com a enzima glutationa S-transferase (GST), relacionada a doenças como Parkinson, Alzheimer e câncer de mama, entre outras. A reação GSH-GST é detectada pelo transistor e pode ser utilizada no diagnóstico.
O biossensor foi desenvolvido no âmbito do Projeto Temático "Desenvolvimento de novos materiais estratégicos para dispositivos analíticos integrados", realizado com o apoio da FAPESP, que reúne pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento em torno da tecnologia dos dispositivos point of care, sistemas de teste simples executados junto ao paciente.
“Utilizando plataformas como esta, doenças complexas poderão ser diagnosticadas de forma rápida, segura e relativamente barata, uma vez que a tecnologia utiliza sistemas em escala nanométrica para identificar as moléculas de interesse no material analisado”, explica Carlos Cesar Bof Bufon, coordenador do Laboratório de Dispositivos e Sistemas Funcionais (DSF) do LNNano e pesquisador associado ao projeto coordenado pelo professor Lauro Kubota, do Instituto de Química da Unicamp. 
Além da portabilidade e do baixo custo, Bufon destaca como vantagem do biossensor em escala nanométrica a sensibilidade com que o dispositivo detecta as moléculas.
“Pela primeira vez a tecnologia de um transistor orgânico é utilizada para detecção do par GSH-GST, visando diagnosticar doenças degenerativas, por exemplo. Isso possibilitará a detecção de tais moléculas mesmo presentes em baixas concentrações no material examinado, uma vez que as reações são detectadas em escala nanométrica, ou seja, de milionésimos de milímetros.”
O sistema pode ser adaptado para detecção de outras substâncias, como moléculas relacionadas a diferentes doenças e elementos presentes em material contaminado, entre outras aplicações. Para isso, alteram-se as moléculas incorporadas no sensor, que reagirão na presença dos componentes químicos que são alvo de análise no ensaio, chamados de analitos.
“O DSF do LNNano tem desenvolvido uma variedade de plataformas para sensoriamento químico, físico e biológico voltadas a setores estratégicos nacionais e internacionais, incluindo saúde, meio ambiente e energia”, diz Bufon.
O objetivo, conta o pesquisador, é “ter em mãos uma série de soluções em dispositivos point of care para responder com agilidade a uma série de demandas”. Por exemplo, surtos de doenças ou análise de analitos contaminantes, como o chumbo e toxinas em amostras de água.
A pesquisa que levou ao desenvolvimento do biossensor para detecção de moléculas relacionadas a doenças neurodegenerativas e a alguns tipos de câncer foi relatada no artigo Water-gated phthalocyanine transistors: Operation and transduction of the peptide–enzyme interaction, publicado na revista Organic Electronics, e está disponível no endereço emwww.sciencedirect.com/science/article/pii/S1566119916300416.
O trabalho é de autoria dos pesquisadores Rafael Furlan de Oliveira, Leandro das Mercês Silva e Tatiana Parra Vello, sob a coordenação de Bufon, todos do DSF do LNNano.
Do vidro ao papel
Com o objetivo de reduzir ainda mais os custos, melhorar a portabilidade dos biossensores desenvolvidos e facilitar seu processo de manufatura e descarte, o grupo vem trabalhando em sistemas de detecção de substâncias em plataformas de papel.
“O papel, enquanto plataforma para a fabricação de dispositivos analíticos, apresenta uma série de vantagens por se tratar de um polímero natural, amplamente disponível em todo o mundo, leve, biodegradável, portátil e dobrável”, diz Bufon.
O desafio é converter um material isolante, caso do papel, em condutor. Para isso, o pesquisador desenvolveu uma técnica que possibilita impregnar nas fibras de celulose polímeros com propriedades condutoras, tornando-o capaz de conduzir eletricidade e transmitir informações de um ponto a outro e permitindo atribuir a ele a função de um sistema para sensoriamento.
“A técnica é baseada na síntese in situ de polímeros condutores. Para que esses polímeros não fiquem retidos na superfície do papel, é necessário que eles sejam sintetizados dentro dos poros da fibra de celulose e entre eles. Para isso, o processo é feito por meio de uma rota de polimerização química a vapor: um agente oxidante líquido é incorporado ao papel, que, em seguida, é exposto aos monômeros (pequenas moléculas capazes de se ligarem a outras) na fase de vapor. Ao evaporarem sob o papel, os monômeros entram na fibra em escala submicrométrica, penetrando entre os poros, onde encontram o agente oxidante e iniciam o processo de polimerização ali mesmo, impregnando todo o material”, explica.
Ainda de acordo com o pesquisador, “é como tentar encher uma sala com balões; se eles não passam pela porta cheios de ar, uma alternativa é enchê-los lá dentro”.
Uma vez impregnado pelos polímeros, o papel passa a ter as propriedades condutoras deles. Essa condutividade pode ser ajustada dependendo da aplicação que se queira dar ao papel, manipulando-se o elemento que é incorporado à fibra de celulose. Dessa forma, o dispositivo pode ser condutor de corrente elétrica, levando-a de um ponto a outro sem grandes perdas (imagine antenas de papel, por exemplo), ou semicondutor, interagindo com moléculas específicas e funcionando como sensor físico, químico ou eletroquímico.
Fonte: Diego Freire/Agência FAPESP
Foto: Divulgação

23/03/2016

Aplicativo do iPhone acompanha 600 pacientes de Parkinson durante estudo


Na cama, no jantar, ou durante o trabalho. Nossos smartphones estão sempre conosco, seus mecanismos de captura de dados sobre nossas vidas. Dados que são inestimáveis para empresas como Google, seus clientes e anunciantes. Mas os pesquisadores também estão acessando esses dados. Nossos telefones estão se transformando em ferramentas para fazer a pesquisa em detalhes sem escala e precedentes.

Uma equipe da organização sem fins lucrativos com sede em Seattle Sage Bionetworks, por exemplo, está reunindo dados de milhares de pessoas com Parkinson através de um aplicativo chamado mPower. Eles construíram o aplicativo usando software ResearchKit da Apple, que permite que os indivíduos optem por estudos através do seu iPhone.

A equipe ainda não publicou quaisquer conclusões, mas no início deste mês, revelou alguns de seus números abertamente para atrair e acelerar o interesse nas pesquisas. Alguns pesquisadores já se inscreveram para colaborar. "Estamos muito animados com a resposta". diz Andrew Sage Trister.

A ideia por trás da abordagem smartphone é simples. Nossos telefones são embalados com sensores, incluindo acelerômetros, microfones, giroscópios, câmeras e GPS. Eles podem acompanhar tudo de quanto uma pessoa se move para variações em sua fala e marcha. Como a fala, a marcha ou atividade se alteram ao longo do tempo. Os médicos podem inferir mudanças em uma doença subjacente. Muitos outros dispositivos médicos, tais como monitores de pressão arterial fornecer dados direto para o nosso telefone também.

Isto significa que os telefones mantem registros cada vez mais detalhadas sobre a nossa saúde. ResearchKit permite que os pesquisadores reúnam essas informações de forma ética - através de uma autorização. O sistema da Apple faz com que seja fácil criar aplicativos que levam os participantes do estudo através de um processo de consentimento, permitindo-lhes compartilhar algumas ou todas as suas informações de saúde de forma anônima e segura.

Uma das razões para o entusiasmo sobre a pesquisa por telefone é que ele é uma ótima maneira de recrutar um grande número de pessoas de forma rápida e barata. Apenas seis meses após o lançamento ResearchKit, a Apple anunciou que os primeiros aplicativos para usá-lo já recrutaram mais de 100.000 pessoas. Mais de 10.000 pessoas se inscreveram para usar mPower, mas apenas 500 a 600 pessoas usá-lo todas as semanas, diz Trister. 

Privacidade é também uma questão importante. Anonimato dos dados nem sempre protegem a identidade e dados de telefones das pessoas podem revelar coisas sobre eles, mesmo que eles não saibam. 

Este artigo sobre o estudo será publicado com o título "A lab in every pocket"

Fonte: New Scientist
Imagem: ResearchKit

21/01/2016

Estudante cria luva especial para controlar tremores de Parkinson


Aparelho usa giroscópios, dispositivos similares aos usados em satélites, para manter mãos firmes. Invento deve entrar no mercado ainda neste ano.

Um estudante de medicina do Imperial College de Londres criou uma luva que ajuda pacientes de mal de Parkinson a manter a firmeza das mãos.

Usando giroscópios -- mecanismos similares usados para manter a estabilidade de satélites no espaço -- o dispositivo tenta controlar os tremores típicos de pacientes da doença.

Segundo Faii Ong, o inventor do aparelho, a vontade de criar algo que ajudasse vítimas do mal de Parkinson surgiu quando ele participou da equipe que cuidava de uma paciente de 103, parte de seu treinamento.

Após elaborar diversos projetos, o estudante criou uma startup, e junto com outros colegas do Imperial College conseguiu levantar a verba para montar os primeiros protótipos do aparelho.

Giroscópios são pequenos discos de metal postos em rotação para conservar posição por meio do princípio físico de conservação de momento angular. Um objeto em rotação tende a permanecer rodando em torno do mesmo eixo e reage a forças que tentam deslocá-lo.

A idéia de usar esse tipo de mecanismo só veio após Ong testar outras abordagens, como uso de elásticos, molas, ímãs e outros componentes para controlar os tremores.

Segundo a GyroGear, startup criada para desenvolver o produto, testes de bancada mostram que a luva especial, batizada de GyroGlove, foi capaz de reduzir a amplitude dos tremores em 80%. Esse grau de eficiência permitiria a vítimas de casos mais graves da doença voltarem a escrever, usar talheres e fazer café usando o invento.

Demonstrando protótipos, Ong já venceu três concursos de startups, que o ajudaram a capitalizar a GyroGear. A empresa ainda não tem data oficial para lançar seu primeiro produto de mercado, porém.

A revista Technology Review, do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), diz que o inventor ainda busca resolver alguns problemas finais asssociados ao produto, mas que a GyroGlove deve entrar no mercado em setembro de 2016, com preço estimado entre US$ 550 e US$ 850.

Publicado em G1