Mostrando postagens com marcador Rãs. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Rãs. Mostrar todas as postagens

17/05/2016

O veneno de rã que é usado como remédio na Amazônia




Daniel Valdés não tem dúvidas sobre o efeito que o veneno da rã amazônica kambô teve sobre ele na primeira vez que o tomou.
O uso desse veneno – proibido pelas autoridades brasileiras – no tratamento de várias doenças está se propagando internacionalmente, principalmente na América do Sul.

Entretanto, cientistas advertem que nenhum dos benefícios que foram atribuídos à substância foi comprovado e que, em alguns casos, seu uso pode levar à morte.
Os alertas não impediram que Valdés e muitos outros de fazerem o tratamento.
Ele tinha dúvidas, mas depois de dois anos de pesquisas sobre o assunto, e sofrendo de depressão após um divórcio, decidiu tentar.
"Apliquei (o remédio) e minha história mudou", disse o chileno à BBC. Ele repetiu a dose outras vinte vezes.

'Ação em três frentes'

Valdés disse que a chave de sua transformação foi uma substância altamente tóxica secretada pela Phyllomedusa bicolor, também conhecida como rã-kambô, para se defender de seus predadores.
O animal de cor verde brilhante vive principalmente na selva do Estado do Acre, no noroeste do Brasil, mas também pode ser encontrado em outros países amazônicos, como Bolívia, Colômbia, Guiana, Peru e Venezuela.
Tradicionalmente, grupos indígenas brasileiros como os katukinas, kaxinawás e yawanawás, entre outros, usam o kambô em rituais para reforçar o sistema imunológico.
Para isso, caçam a rã, que é identificada a partir do seu coaxar característico. Depois, amarrando as quatro extremidades do animal, extraem o veneno coçando suas costas com uma espátula.
Recentemente, esses rituais vêm sendo realizados por habitantes de grandes cidades, pessoas que não têm qualquer ligação com as culturas indígenas.

Leia mais em BBC

Fonte:

25/03/2016

Fungo torna rãs mais ‘sexies’ para facilitar propagação, indica pesquisa


Cientistas na Coreia do Sul descobriram que um fungo está tornando rãs asiáticas mais atraentes às fêmeas da espécie colaborando no sucesso da evolução de uma geração a outra.
Em entrevista à BBC, o professor-associado da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, Bruce Waldman, falou sobre sua pesquisa com uma rã comum na Ásia, a Hyla japonica, e um fungo que ataca rãs, o Batrachochytrium dendrobatidis, também chamado de Bd.
Segundo a pesquisa de Waldman este fungo causa uma doença pandêmica que pode matar o anfíbio além de afetar de várias formas a saúde do hospedeiro.
"Bd interfere com o equilíbrio eletrolítico e a osmorregulação, causando insuficiência cardíaca nos indivíduos afetados", escreveu o pesquisador.
Além disso, fungo também interfere no sistema imunológico e em muitos outros tecidos o que leva o anfíbio a ficar letárgico, perder a coordenação além de outras mudanças no comportamento.
Mas Waldman notou que os machos da espécie estudada infectados por este fungo mudam o padrão de vocalizações para atrair mais fêmeas para a reprodução.
O pesquisador chegou à conclusão de que "machos infectados chamam (as fêmeas) mais rapidamente e produziram chamados mais longos do que os machos não infectados".
E isto, de acordo com Waldman, pode mudar a reação das fêmeas.
"Muitas rãs procuram por parceiros através de vocalizações (dos machos). Nem todas, mas muitas rãs fazem isso", disse o pesquisador em entrevista à BBC.
"Então, um fator preliminar determinante do sucesso reprodutivo é como você chama (uma parceira). Se você chama muito, arruma uma parceira melhor, arruma mais parceiras."

'Mais viril?'
Waldman afirmou que o fungo afetou os anfíbios, principalmente no instinto de colocar mais esforço nos chamados pelas fêmeas.
"A estrutura do chamado é diferente, eles fazem chamados mais longos, mais rapidamente. Eles parecem fazer chamados mais vigorosos do que os feitos por indivíduos saudáveis, que não foram infectados", afirmou.
Quando perguntado se a fêmea da rã asiática pensa que o macho infectado é mais viril, o pesquisador respondeu com bom humor.
"Não sei exatamente o que ela pensa (risos). Mas é mais provável que ela escolha o macho infectado ao invés do não infectado."
"Aquele macho poderá infectá-la e é possível que as crias também sejam infectadas", acrescentou.
Waldman afirma que as rãs estudadas sobreviveram à infestação por este fungo.
"Fizemos outros estudos que mostram que, mesmo que este tipo de fungo mate rãs em outras partes do mundo, na Coreia e na maior parte da Ásia ainda não vimos uma grande mortandade de anfíbios. E muitos deles estão infectados por este fungo."
"As rãs sobrevivem. Na verdade elas parecem estar muito bem! Esta descoberta é muito surpreendente, não é o que esperávamos", acrescentou.
O pesquisador afirmou que os anfíbios na Ásia parecem ter desenvolvido uma "boa resposta imunológica que permite que eles mantenham o fungo sob controle".
"Lançar este tipo de resposta imunológica (geralmente) parece ter um custo (...) e nós esperávamos que (este custo) seria uma diminuição de energia em outras atividades como o chamado (pela parceira). Mas a energia aumentou e este resultado foi surpreendente para nós", afirmou o cientista à BBC.
O cientista afirma que as rãs, asiáticas ou não, têm um papel importante já que "o ecossistema tem que ser visto como um todo e todos os animais e plantas têm um papel".
"Rãs têm um certo papel para eliminar insetos ou (também) em outros tipos de necessidades humanas, mas isto não é o principal. Temos que manter a biodiversidade e rãs são parte da biodiversidade."

Fonte: BBC
Foto:Jael Palhas