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14/04/2016

Satélite da missão ExoMars 2016 envia primeiras imagens


O satélite a caminho de Marte da missão ExoMars enviou suas primeiras imagens do céu e tem "uma saúde excelente", anunciou nesta quinta-feira (14) a Agência Espacial Europeia (ESA).
Lançado em 14 de março pelo foguete russo Protón, este satélite chamado TGO ficará orbitando ao redor de Marte para estudar os gases em sua atmosfera com a esperança de tentar encontrar sinais de vida.
Junto ao TGO também viaja a Marte um módulo chamado Schiaparelli, que deve pousar na superfície do planeta em 19 de outubro. O objetivo é fazer testes que permitam enviar outra nave no futuro.
Desde seu lançamento, os responsáveis por esta missão espacial conjunta entre Europa e Rússia estiveram realizando testes para verificar que tudo funciona bem.
"Todos os sistemas estão ativos e verificados - energia, comunicação, orientação, navegação - e as equipes encarregadas de controlar o voo estão acostumadas a manobrar esta nave sofisticada", indicou Peter Schmitz, responsável pelas operações, em um comunicado da ESA.
A câmera de alta definição do satélite TGO, fabricado na Suíça, enviou há alguns dias suas primeiras imagens do espaço. "São muito tranquilizadoras", disse Nicolas Thomas, o cientista que se ocupa deste instrumento.
Fonte: AFP
Foto: ESA/Roscosmos/CaSSIS

29/03/2016

Cientistas japoneses fazem operação para tentar salvar satélite fora de controle


Dezenas de cientistas e engenheiros japoneses estão lutando para salvar um satélite - e milhões de dólares em investimento – que está fora de controle no espaço.
O satélite Hitomi, que significa a "pupila", foi lançado no mês passado.
Ele foi projetado para estudar objetos espaciais como buracos negros supermaciços, estrelas de nêutrons e aglomerados de galáxias, observando comprimentos de onda de energia de raios-X para raios gama.
Mas o tempo para salvar a missão está se esgotando.

O que aconteceu?
No último sábado, o Centro de Operações Espaciais dos Estados Unidos, que rastreia detritos espaciais, detectou cinco pequenos objetos ao redor do satélite.
O Japão até conseguiu um breve contato com a nave espacial depois disso, mas, em seguida, essa comunicação foi perdida.
O satélite também teria sofrido uma súbita mudança de rota. E observadores já o viram como uma luz piscando, o que sugere que ele possa estar caindo.
No dia seguinte, o Centro americano de Operações se referiu ao incidente como um "rompimento", apesar de que especialistas já esclareceram que o Hitomi pode estar praticamente intacto.
Mas, então, o que aconteceu com o satélite?
A Agência Espacial Japonesa (Jaxa) disse à BBC que não sabia, até o momento, o que teria acontecido com o Hitomi e que ainda está tentando restabelecer a comunicação com ele.
Jonathan McDowell, um astrônomo do Centro de Astrofísica de Harvard, disse à agência de notícias AP que há duas possibilidades: uma explosão de bateria ou um vazamento de gás, colocando o satélite em um giro e o deixando incomunicável.
"É muito triste saber que isso aconteceu. Eu sei como a missão foi feita e sei que poderia ter acontecido conosco. O espaço não perdoa."
Mas o diretor de projetos do programa de satélite da Universidade Nacional de Singapura, Goh Cher Hiang, afirmou à BBC que graças ao sistema de monitoramento e de backup, as explosões de bateria eram "muito raras", enquanto um vazamento dos tanques pressurizados de combustível em satélites poderiam causar problemas.
Fatores externos poderiam também ser uma razão, explicou ele. "Pode ser também de uma colisão, seja algo do espaço mesmo ou um objeto feito pelo homem que estivesse lá."
Segundo ele, pequenos objetos não são necessariamente detectados por radares, e com peças ainda menores "uma colisão pode causar prejuízos graves" por causa da alta velocidade.

É raro perder um satélite?
"É raro", afirmou Goh. "Mas não é impossível – e é o motivo pelo qual muita gente adquire seguro de satélite, só para esses casos."
Uma falha completa da operação, em que nada poderia ser salvo da missão original, é ainda mais rara, especialmente quando parte de "instituições com reputação".

E agora?
Se for comprovado que é impossível salvar o satélite, a missão terá criado um imenso buraco negro em suas finanças. Os US$ 273 milhões investidos pelo governo japonês ainda não incluem os instrumentos fornecidos pela Nasa, pela Agência Espacial Canadense, ou pela Agência Europeia Espacial.
Seria também o terceiro satélite de raio-X japonês perdido ou criticamente afetado. Em 2000, o foguete que levava o satélite Astro-E caiu no mar e, quando seu sucessor, Suzaku, alcançou o espaço, seu instrumento principal acabou desativado por um vazamento de hélio em 2005.
Mas a Jaxa conseguiu recuperações pouco prováveis antes. Os engenheiros conseguiram obter a sonda Akatsuki na órbita de Vênus em dezembro do ano passado, depois de cinco anos que a nave espacial estava à deriva no espaço.

Existem razões para se ter esperanças?
O fato de a agência ter tido contato com o Hitomi por um curto período mesmo depois que os detritos foram encontrados próximo ao satélite é visto por alguns como um sinal de esperança, já que poderia indicar que a nave não está completamente destruída. A localização dela também é pouco conhecida.
Mas a recuperação rápida seria essencial. Se o satélite estiver caindo no espaço, como se pensa que está, ele pode não ser capaz de captar energia solar suficiente para se manter até ser encontrado.
Tudo depende de três fatores, segundo Goh. "Uma é comunicação; a segunda é energia; a terceira é o computador. Mas o mais importante agora é conseguir se comunicar com o satélite."
Se conseguirem fazer isso, a Jaxa tem a chance de descobrir o que houve de errado e como consertar. Mas se isso não for possível, "eles estarão perdidos".

Fonte: BBC
Foto: BBC/Jaxa

21/02/2016

Como satélites e aviões podem ajudar no controle da zika


A propagação explosiva da zika nas Américas está levantando questões sobre quais são as melhores maneiras de controlar essa e futuras epidemias. Primeiramente, nós precisamos identificar quais são os fatores que contribuem para a disseminação da zika e entender onde e quando eles acontecem. Com esse conhecimento, nós podemos efetivamente direcionar nossos recursos para lutar contra a doença e controlar sua propagação.

O zika vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A habilidade de sobrevivência desse mosquito e seu potencial para transmitir vírus são altas, dependendo das condições ambientais, especialmente do clima e das práticas culturais locais.

Variáveis como temperatura, precipitação, vegetação, cobertura terrestre e uso do solo afetam o número de mosquitos presentes e sua habilidade de transmitir vírus. Hoje, essas variáveis podem ser calculadas por sensores remotos em satélites, aviões e veículos aéreos não tripulados. Assim, nós podemos estimar a probabilidade da presença do mosquito e da transmissão da doença.

Minha equipe de pesquisa anterior utilizou dados colhidos por satélites e aviões para identificar a quantidade de mosquitos do tipo Aedes aegypti na região central do México em 2011. Minha equipe de pesquisa atual está trabalhando para identificar as áreas de riscos da dengue na Colômbia. Essas mesmas técnicas podem ser usadas para prever onde a zika pode se espalhar.

Monitorando condições ambientes de longe

Dados capturados via satélite e a partir de métodos aéreos – técnica que na comunidade científica é chamada de detecção remota – são menos precisos em comparação com os dados coletados no solo, que são geralmente reunidos por pessoas que tomam medidas do local e utilizam dispositivos automáticos de monitorização. Porém, em vários locais, a prática não é viável ou há poucos recursos para gerar dados úteis. Isso torna o sensoriamento de dados a melhor ou a única opção disponível e também permite que os cientistas cubram áreas geográficas grandes por longos períodos de tempo e por um custo muito baixo a partir da conveniência de seu escritório.

O monitoramento das condições ambientais, como a temperatura e a precipitação, que acolhem populações de mosquitos portadores de doenças é fundamental para prevenir ou diminuir surtos. A atual epidemia da zika já está espalhada pelas áreas tropicais das Américas, como Brasil e México.

A partir do monitoramento é possível identificar antecipadamente os locais onde os mosquitos podem prosperar. Flutuações nas precipitações e na temperatura são extremamente dependentes das temperaturas da superfície do mar sobre a área tropical leste do Oceano Pacífico, também conhecido como oscilação El Niño – condições meteorológicas que podem ser monitoradas por um satélite.

A literatura sugere que existe uma relação direta entre El Niño e o mosquito portador de doenças como a dengue. As temperaturas mais altas relacionadas a El Niño favorecem o mosquito portador do vírus, aumentando a sua sobrevivência, estendendo o tempo durante o qual o mosquito adulto pode transmitir o vírus – e, ao acelerar o ciclo de vida, eles podem transmitir os vírus antes.

O mesmo mosquito que transporta a dengue, o Aedes aegypti, também carrega a zika, bem como a febre amarela e o chikungunya. Em função das condições severas da corrente El Niño, o timing deste surto de zika não parece coincidência.

Reprodução do mosquito em áreas úmidas e secas

A relação entre El Niño e a zika parece estar menos direcionada ao exame inicial de tendências de precipitação nas áreas afetadas. Há precipitações acima da média em algumas áreas, como no Equador, mas precipitações abaixo da média em outras, como em minha cidade natal Cartagena, na Colômbia, onde o surto está atingindo níveis alarmantes.

Parece lógico suspeitar que precipitações mais elevadas iriam encher vários recipientes com água da chuva, proporcionando mais locais de reprodução de mosquitos. Porém, por que a zika está se espalhando em lugares com precipitações abaixo da média durante os eventos de El Niño?

Uma razão pode estar relacionada com os ambientes que esse mosquito prefere, que são tipicamente dentro e em torno de residências humanas e os locais com água limpa que eles fornecem, como vasos de flores, pneus e reservatórios de água.

Na verdade, em algumas áreas, as pessoas tendem mais a usar reservatórios de água durante períodos secos. Incapazes de depender da precipitação frequente ou do abastecimento de água municipal, elas armazenam chuvas, esporádicas ou não, para o uso doméstico. Isso torna os criadouros do mosquito mais abundantes, mesmo na ausência de chuva.

Em locais com precipitações frequentes, pode-se ter um risco menor de transmissão da doença, pois a chuva pode causar o transbordamento dos reservatórios de água antes de as pupas do mosquito se abrirem. Por outro lado, os períodos secos permitem tempo de retenção de água mais longos para que o ciclo de vida do mosquito seja concluído.

Tanques de abastecimento de água são mais comuns em áreas que carecem de um fornecimento constante do sistema de água corrente do município. Isso pode indicar um status socioeconômico baixo do bairro que, por sua vez, pode sinalizar outras características da comunidade, como a ausência de ar-condicionado (que significa temperaturas internas mais altas) e a presença de janelas abertas (que permitem maior acesso de mosquitos).

Essas características comunitárias podem ser deduzidas a partir do monitoramento da cobertura da terra e do seu uso com satélites e imagens aéreas. Os satélites também podem mostrar o quão urbanizada a paisagem é, o que sugere a probabilidade de criadouros do mosquito. Imagens de alta-resolução podem revelar a presença de locais que favorecem a reprodução, como tanques de água e pilhas de pneus abandonados.

Como os mosquitos se espalham nos países desenvolvidos

A falta de água corrente e a associação das características comunitárias são menos comuns em países desenvolvidos, como os Estados Unidos. No entanto, outras práticas em países desenvolvidos podem fornecer condições favoráveis para esses mosquitos prosperarem.

Por exemplo, túneis de vapor, que transportam vapor pela cidade para o aquecimento, e outros ambientes subterrâneos podem fornecer água constantemente estagnada em temperaturas favoráveis para vetores, mesmo durante o inverno nos estados mais ao norte. Na verdade, alguns casos desse tipo já foram relatados em Washington D.C., nos Estados Unidos.

Além disso, os verões são suficientemente longos nos estados do norte dos Estados Unidos para permitir a conclusão do ciclo de vida dos mosquitos. Teoricamente, se o vírus estiver presente, isso aumentaria a possibilidade de o mosquito adquirir o vírus localmente e o transmitir para um ser humano. Ademais, uma outra espécie de mosquito, o Aedes albopictus, pode transmitir dengue e, aparentemente, também pode sobreviver a invernos frios: ele foi detectado no condado de Marion, Indiana, em 1986, disse-me um biólogo de saúde pública do local. O Albopictus chegou nos Estados Unidos graças à globalização, em um carregamento de pneus do Sudeste Asiático.

A possibilidade de ter vírus como a dengue ou a zika em mosquitos locais dos estados do norte, como em Indiana, é ainda muito pequena, mas ela está crescendo. O aumento de viagens em todo o mundo é um fator importante para a transmissão das doenças. A zika tem sido relatada na literatura desde os anos de 1950 na África. Com o aumento das viagens, o vírus chegou às Américas – num momento em que El Niño está fornecendo condições favoráveis para a sua propagação. O que também contribui é a crescente urbanização, que oferece condições de cobertura de solo ideais para o Aedes aegypti prosperar e espalhar o vírus.

O recente surto da zika pode ser um prenúncio do que está para vir. Dados da Administração Atmosférica e Oceânica Nacional que remontam a 1950 mostram uma tendência de aumento da força dos eventos de El Niño.

Cientistas também sugerem que o crescimento na frequência de oscilação de El Niño está relacionado com as mudanças climáticas. Tudo isso indica uma necessidade crucial de monitorar de forma rentável as condições ambientais que levam aos surtos de doenças e identificar habitats adequados onde os mosquitos podem procriar. Os sensores estrategicamente localizados no espaço tornam este monitoramento mais possível e mais eficiente.

Este texto foi publicado originalmente no site The Conversation. Ele foi escrito por Max Jacobo Moreno-Madriñán, professor assistente de ciências da saúde da Universidade de Indiana.

Fonte: EXAME