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07/08/2016

EUA aprovam 'Aedes transgênico'; teste comprova ausência de impacto

Ensaio afirmou que 'Aedes do Bem' não causa prejuízos ao meio ambiente. 
Mosquito geneticamente modificado foi solto em regiões de Piracicaba (SP).



Uma avaliação do Centro de Medicina Veterinária da Administração de Alimentos e Drogas dos Estados Unidos (FDA-CVM, na sigla em inglês) apontou que o mosquito geneticamente modificado do Aedes Aegypti não causa impactos negativos à saúde ou ao meio ambiente, após um teste realizado em Flórida Keys. O "Aedes do Bem" foi solto na região central de Piracicaba (SP) e reduziu 91% dos casos de dengue no bairro Cecap/Eldorado.
O experimento com mosquitos transgênicos para combater a população do Aedes aegypti, mosquito transmissor do vírus da zika, da dengue e da chikungunya foi liberado nos Estados Unidos. O resultado final da avaliação ambiental sobre o uso do mosquito transgênico, que atua como forma de combate ao inseto selvagem, foi publicado na última sexta-feira (5).
Um relatório preliminar do ensaio foi liberado em março e o teste passou por comentários públicos para ser finalizado.
A decisão do órgão regulatório norte-americano concluiu que o uso do mosquito geneticamente modificado, criado pela empresa Oxitec, não acarretará impactos para a sociedade e natureza.
Segundo a empresa contratada pela Prefeitura de Piracicaba para realização do projeto na cidade, o objetivo do ensaio é demonstrar a eficácia do "Aedes do Bem" no controle da população selvagem do Aedes Aegypti em Key Haven, no condado de Monroe, Flórida.
“A confirmação da segurança ambiental do Aedes do Bem nos Estados Unidos, associada aos resultados obtidos pelo projeto em Piracicaba, é algo que deve ser levado em consideração pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que precisa agilizar a liberação comercial da tecnologia no Brasil, onde já existe aval da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio)”, disse Gabriel Ferrato, prefeito de Piracicaba.
Redução de 91% nos casos
O bairro Cecap/Eldorado, que recebeu os mosquitos geneticamente modificados, teve uma redução de 91% no número de casos de dengue em um ano, segundo dados divulgados pela Prefeitura e a Oxitec.
A quantidade de pessoas infectadas no bairro Cecap/Eldorado, que tem cerca de 5 mil habitantes, foi de 133 casos entre julho de 2014 e o mesmo mês do ano passado, antes da liberação do chamado "Aedes do Bem".
Já de julho de 2015 até agora foram registradas 12 pessoas com dengue na região.
Ampliação do projeto
Os mosquitos transgênicos começaram a ser soltos na região central de Piracicaba no dia 29 de julho. O bairro São Judas, que conta com 3,6 mil moradores, foi o primeiro a receber 150 mil Aedes do Bem. Somente nesta área, são 700 mil mosquitos por semana.
A ação vai custar R$ 3,7 milhões à administração municipal. No total, a ação visa proteger uma população de 60 mil pessoas e atingir uma área equivalente a 1.754 campos de futebol, de acordo com a Prefeitura.
Os outros bairros que receberão os mosquitos modificados são: Centro, Cidade Alta, Cidade Jardim, Clube de Campo, Jardim Monumento, Nova Piracicaba, Nhô Quim, Parque da Rua do Porto, São Dimas e Vila Rezende.

Fonte: G1
Foto: Eduardo Carvalho/G1

25/07/2016

Bolívia: estudantes criam gel de coca que alivia dores de chikungunya


Quatro estudantes universitários bolivianos desenvolveram um gel com base na milenar folha de coca que, aplicado nas articulações, alivia eficazmente a típica dor provocada pela doença chikungunya.

"A coca tem 14 alcalóides, dos quais sintetizamos quatro que têm propriedades analgésicas", explicou Hugo Nuñez, um dos criadores do produto, ao jornal El Deber de Santa Cruz (leste da Bolívia).

O gel foi aplicado várias vezes ao dia diretamente nas articulações de pacientes com chikungunya, sendo constatado um evidente alívio nas dores.

A chikungunya é produzida por um vírus homônimo transmitido pela picada dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. A doença provoca febre e fortes dores articulares.

"O vírus fica nas articulações e impede a irrigação sanguínea, por isso os anti-inflamatórios não costumam chegar diretamente ao lugar da dor", detalhou Damaris Vaca, outra das criadoras do produto, premiado em uma feira universitária de Ciência e Tecnologia.

Os criadores do gel, estudantes de fisioterapia e kinesiologia, tentam potencializar seus resultados com o ultrassom, para facilitar a penetração do medicamento e esperam provar sua eficácia no caso de artrite.

Segundo dados recentes da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) na América Latina foram registrados 36.732 casos confirmados de transmissão autóctone de chikungunya. Desses casos, 1.190 foram registrados na Bolívia.

A Bolívia é o terceiro produtor mundial de coca depois de Colômbia e Peru, segundo estimativas oficiais.

Fonte: AFP

22/07/2016

Zika é detectado em esperma 3 meses após infecção; tempo é recorde


O vírus da zika foi detectado no esperma de um francês 93 dias depois dos primeiros sintomas da infecção, ultrapassando o recorde anterior observado, de 62 dias, segundo um artigo publicado na quinta-feira (21) na revista médica britânica "The Lancet".
O homem, de 27 anos, mostrou alguns sintomas leves - fraqueza, dores musculares e conjuntivite - pouco depois de regressar de uma viagem a Tailândia, no final de 2015.
O paciente, que sofre de câncer, tinha decidido congelar seu esperma antes de começar uma quimioterapia. Foi isso que levou um laboratório a realizar os testes que detectaram o vírus da zika.
Não foi encontrado nenhum vestígio do vírus na urina nem no sangue do paciente, ressaltaram os pesquisadores, entre eles Jean Michel Mansuy, do laboratório de virologia do Centro Hospitalar Universitário de Toulouse, na França.
Na maioria dos casos, o vírus é transmitido por picadas de mosquito, mas o contágio também ocorre através de relações sexuais ou pelo contato com sangue infectado.
Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC) recomendam atualmente que os homens infectados pelo zika não tenham relações sexuais sem proteção durante seis meses.
Para os homens cujas parceiras estejam grávidas, os CDC aconselham utilizar preservativos durante toda a gestação.
O zika foi associado a malformações graves e irreversíveis, como a microcefalia, que prejudica o desenvolvimento cerebral e afeta bebês de mulheres que foram infectadas pelo zika durante a gravidez.
Os autores do artigo sugerem que, em relação à transmissão por via sexual, "as recomendações dos CDC sejam regularmente atualizadas para levar em conta a evolução da pesquisa científica sobre o zika, especialmente à luz dessa descoberta, que mostra que o vírus pode permanecer no esperma durante vários meses".
Os sintomas mais frequentes do vírus são erupções cutâneas e dores musculares e nas articulações. Em 80% dos casos, a infecção passa despercebida, e raramente é mortal.

Fonte: AFP
Foto: Paulo Whitaker/File Photo/Reuters

14/07/2016

Acadêmica da UEPG cria aplicativo sobre Dengue



A acadêmica do segundo ano de Medicina da UEPG, Eduarda Mirela da Silva Montiel, desenvolveu a parte de conteúdo do aplicativo 2 + Dengue, construído em conjunto com equipe da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Na construção do conteúdo do aplicativo, a acadêmica trabalhou sob supervisão da professora Ana Cláudia Garabeli Cavalli Kluthcovsky, do Departamento de Medicina da UEPG. Eduarda explica que o aplicativo 2 + Dengue traz conteúdos, a exemplo de características da doença, fatores de transmissão, mosquito vetor, construção de armadilhas, questionários e tratamento. Nesta quarta-feira (13), o aplicativo foi apresentado ao diretor da Agencia de Inovação e Propriedade Intelectual (Agipi), Ricardo Ayub.

Com relação ao conjunto de informações do aplicativo, Eduarda observa que se volta para a parte educativa e de conscientização sobre a doença transmitida pelo mosquito vetor (Aedes aegypti). O aplicativo também conta com um banco de dados construído a partir das informações fornecidas pelos usuários acerca da quantidade de larvas do mosquito e da pontuação do questionário aplicado. A construção do aplicativo iniciou em maio de 2015, envolvendo a participação de Alessandro Murta Baldi, hoje cientista da computação formado pela UFMS. Ele programou o aplicativo. O projeto também registra a presença do acadêmico do quarto ano do curso de Ciência da Computação da UFMS, Leonardo Mauro, que contribuiu na parte do design do aplicativo. A parte de supervisão do aplicativo também registra a participação do professor Amauri Antônio de Castro Junior, diretor da UFMS. Para Eduarda, o aplicativo é uma forma de repasse de informações sobre a dengue cada vez mais presente em municípios paranaenses e já endêmica no Mato Grosso do Sul.

Importância e Divulgação

A acadêmica diz que outro ponto refere-se à importância de se transmitir o máximo de informações à população e aos profissionais que atuam no tratamento e prevenção da doença. Eduarda ressalta que a ideia é que os usuários e as equipes de vigilância sanitária usem o aplicativo como medida de controle do vetor. “O aplicativo contribui com modelo de armadilha e na coleta de dados que podem ser consultados no seu banco de dados”. A acadêmica entende que projetos desenvolvidos no âmbito dos diferentes cursos da instituição, além de propiciar o crescimento pessoal, trazem benefícios à população.

Para a acadêmica, a parte mais difícil no desenvolvimento de projetos é a de recursos (material, estrutura, instrumentos). “Às vezes surgem ideias, mas não seguem em frente por falta dos recursos necessários em suas diferentes fases”. Registra como a parte mais gratificante, o momento em que surgem os resultados de cada pesquisa. Eduarda assinala que o aplicativo foi apresentado, em 2015, no IV Congresso Brasileiro de Informática na Educação, no âmbito da programação da X Conferência Latino-Americana de Objetos e Tecnologias de Aprendizagem, promovido pela Sociedade Brasileira de Computação, no Centro Cultural de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió, Alagoas.

Informações da Assessoria de Imprensa.
FOTO: DIVULGAÇÃO/UEPG

11/07/2016

Inseticida biológico contra o Aedes Aegypti vence o 8º concurso Acelera Start


Agência FAPESP – A empresa de biotecnologia BR3 foi a vencedora na categoria Operacional do Oitavo Concurso Acelera Startup, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), graças ao inseticida biológico Dengue Tech.
O produto elimina as larvas do Aedes Aegypti, mosquito transmissor de dengue, Zika e chikungunya. À base de microrganismos inócuos para as pessoas, custa R$ 1 por ponto tratado por mês e é eficaz por 60 dias. Rodrigo Perez, diretor da BR3, explicou que a tecnologia foi desenvolvida pela Fiocruz e licenciada para a BR3, de acordo com a Assessoria de Jornalismo Institucional da Fiesp.
A outra vencedora na categoria Pré-operacional foi a Horvath, que confecciona camisas que não se sujam nem ficam amarrotadas. O tecido usado não absorve líquidos. O teste foi feito na hora do concurso em uma camisa, derramando suco sobre o tecido. O líquido não foi absorvido e não deixou mancha ao ser retirado com uma toalha.
A oitava edição do Concurso Acelera Startup contabilizou 4.500 projetos inscritos. Além dos dois vencedores, foram classificadas para a etapa final do Concurso Acelera Startup as empresas:
  • Nearbee, plataforma de segurança para ser usada em situações de emergência.
  • Deshtec, rede de comunicação sem fio multisserviços, para aplicação em Internet das Coisas, cidades inteligentes e telemetria industrial m2m. Desenvolveram hardwaresoftware e firmware.
  • Cosmético Já, centro para emagrecer, reeducar em termos alimentares e realizar correções por meio de procedimentos estéticos.
  • Manicura Express. Utiliza técnica sem objetos cortantes e dois produtos de fabricação própria para cuidar das mãos.
  • Nexoos, plataforma de empréstimos peer to peer para pequenas e médias empresas. O conceito é crowdfunding de empréstimos.
  • Dataholics capta e estrutura milhões de dados de pessoas em redes sociais como Facebook e Linkedin, além de informações de fontes públicas da web.
  • Leia.me, plataforma desenvolvida para apresentar novos escritores.
  • Sustentare. Desenvolve o How to Lab, método inovador para controle de qualidade.
  • Leilão de Prêmios, ferramenta de marketing e publicidade baseada no conceito de gamificação, para pequenas e médias empresas.

18/05/2016

Cientistas americanos produzem clone do vírus da zika e avançam na busca por vacina


Em uma tentativa de acelerar a busca por uma vacina, cientistas americanos anunciaram que conseguiram clonar o vírus da zika.

O clone produzido pelos pesquisadores é uma réplica do tipo do vírus que está se espalhando pelas Américas e que tem sido associado a um boom nos casos de microcefalia e demais malformações cerebrais em bebês.

Em testes realizados na Universidade do Texas, o clone conseguiu infectar mosquitos Aedes aegypti, que carregam o Zika, e provocou a doença em ratos de laboratório. O estudo foi publicado na revista científica Cell Host & Microbe.

Especialistas afirmam que esse experimento pode ser usado para ajudar no desenvolvimento de uma vacina eficaz contra a doença – a esperança é que uma possa estar pronta para testes já nos próximos meses.

Testes em humanos
Apesar dos avanços, a criação de uma vacina eficaz e segura o suficiente para ser oferecida para o público geral pode levar anos.

O vírus da zika pode causar sérios problemas aos fetos, embora normalmente a mãe não apresente nenhum sintoma visível.

Segundo pesquisadores, uma vacina que proteja gestantes e outras pessoas com riscos maiores de infecção é uma das formas mais eficazes de combater a doença. Muitos grupos de pesquisa ao redor do mundo trabalham para tentar desenvolvê-la.

O Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos espera dar início aos testes clínicos em humanos em setembro.

Ainda é necessário encontrar uma versão mais "segura" do vírus da zika, ou seja, que seja capaz de reagir à infecção sem que a doença seja causada.

A equipe da Universidade do Texas afirma que a clonagem do vírus pode ajudar os cientistas a atingir esse objetivo.

Avanços
Os pesquisadores já conheciam a estrutura do vírus, mas ainda não a haviam replicado – ao menos não essa cepa do Zika.

Pesquisador da Universidade de Manchester, na Inglaterra, Tom Blanchard está usando uma variação da vacina contra a varíola para tentar desenvolver um antídoto para a doença transmitida pelo Aedes Aegypti.

"O desafio para quem desenvolve vacinas, como nós, é separar os efeitos nocivos do vírus daqueles que são benéficos. Queremos criar algo que vai replicar a infecção, mas sem causar danos. E pesquisas como essa podem ajudar", afirmou.

A professora Polly Roy, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, também recebeu a notícia sobre o estudo de forma positiva.

"Isso é muito bom. Os cientistas têm tudo o que precisam para testar o vírus agora."

Para ela, além de desenvolver a vacina, os pesquisadores tão poderão testar remédios antivirais que capazes de reduzir os efeitos do Zika em quem já foi infectado.

Fonte: BBC

29/03/2016

Unicamp lança Biblioteca Digital Zika


O Sistema de Bibliotecas da Unicamp (SBU) está lançando a “Biblioteca Digital Zika” (BDZ), plataforma aberta que disponibiliza publicações do mundo todo relacionadas às doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypt. O foco principal, que originou o desenvolvimento da plataforma, é o zika vírus. Mas também estão lá informações sobre os estudos da chikungunya e da dengue. A biblioteca digital foi criada, a princípio, com o objetivo de atender aos pesquisadores da Rede Zika Unicamp, uma ideia inicial da Pró-reitoria de Pesquisa (PRP). O desenvolvimento teve a participação das bibliotecas do Instituto de Química (IQ), Instituto de Biologia (IB) e da Faculdade de Ciências Médicas (FCM).
Já são 200 artigos disponíveis sobre o tema na BDZ. O conteúdo, segundo a coordenadora da SBU Regiane Alcântara Bracchi, foi estruturado de acordo com os grupos de trabalho da Rede Zika Unicamp: caracterização molecular e biológica, mecanismos de imunopatogenicidade, novas metodologias de diagnóstico, estratégias de bloqueio da transmissão e controle do mosquito e epidemiologia, imunologia e repercussões clínicas. Os coordenadores de cada grupo validaram palavras-chave para a busca por publicações. A pró-reitora de Pesquisa, professora Gláucia Maria Pastore, disse que a importância da BDZ é enorme, "pois permite que as pessoas possam acessar as mais recentes publicações sobre o tema e assuntos tangentes a ele". Ela acrescenta que "de forma muito rápida, os pesquisadores têm acesso a uma série de informações, sem que eles necessitem buscar de forma individual e todos que compõem a rede Zika podem ter disponíveis informações de todos os aspectos deste grande e complexo estudo".
“O diferencial dessa biblioteca digital é que ela reúne todas as publicações em uma única plataforma, então o pesquisador não vai precisar entrar em todas as bases de dados para pesquisar sobre o tema”, afirma o diretor de gestão de recursos da SBU Márcio Souza Martins. A busca por palavras-chave validadas por pesquisadores da área também torna a biblioteca bastante específica e técnica. Márcio, Regiane, a diretora da tecnologia da informação Daniela Feijó Simões, o diretor de tratamento da informação Oscar Eliel e a bibliotecária Michele Lebre de Marco compõem a equipe que desenvolveu em tempo recorde de duas semanas a Biblioteca Digital Zika.
Leia mais em Unicamp.
Acesse o site da Biblioteca Digital Zika.

04/03/2016

Cordel é criado para conscientizar alunos sobre Aedes em Olinda


Com cerca de cinco alunos faltando por semana devido as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, a diretora da Escola Municipal Mizael Montenegro Filho, no bairro de Casa Caiada, Olinda, Rivani Nasado, cansou de assistir impotente a essa situação. Autora de 45 cordéis, sendo 35 voltados para a educação, a gestora resolveu mudar essa realidade. Ela criou um cordel direcionado às crianças para explicar como se proteger da dengue, da febre chikungunya e do vírus da zika.

Na escola, são 222 alunos distribuídos em oito turmas – quatro pela manhã e quatro à tarde -, com uma faixa etária que varia de um ano e meio a 11 anos de idade. A ideia de Rivani é que, mesmo ainda bem pequenos, os estudantes sejam agentes replicadores de informação, sendo fiscalizadores das ações dos pais dentro de casa.
“A gente precisa fazer uma corrente de ensino e aprendizado para levar as informações corretas para a garotada, para que eles sejam esses agentes”, salienta a professora.

Com a ajuda do percussionista Clinge Vicente, o cordel é declamado com a típica batida do pandeiro, trazendo musicalidade para a ação. Para se aproximar ainda mais das crianças e tornar o aprendizado mais lúdico, o cordel abusa do regionalismo com termos como “febre da mulesta” e “cabra”. “O cordel rima e tudo que rima a garotada aprende com mais facilidade. É um prazer, é uma coisa nova e no momento que coloco a música eles enlouquecem, memorizam com facilidade”, diz a diretora.

Com estrofes simples, ele também convida o docente para integrar a batalha contra o Aedes. “A escola é o início do que pode apoiar, professores bem atentos no que devem ensinar, proteger contra o mosquito com o verso popular”, diz o cordel.
No entanto, o trabalho é constante. Rivani apresenta o cordel aos alunos e a professora se encarrega de transformar essas informações em atividades pedagógicas durante toda a semana. “O colégio tem que inovar. Aquele modo de ensinar engessado já passou, aquilo ali não se aprende, se decora e esquece em meia hora. Já essa forma diferente se torna um aprendizado para a vida toda”, afirma Ana Karolina Teodoro, professora do terceiro ano.

E não é que a criançada tem as estrofes na ponta da língua. Com apenas seis anos, Harley Davidson de Morais, declama – entre uma mordida e outra no sanduíche – “E a ação é tão simples que devemos apoiar, não deixe água parada, protege todo lugar, o mosquito é virado, unidos vamos ganhar”. “Eu ensino isso tudo para os meus pais”, diz o pequeno.

Apresentado na quarta-feira (2) aos alunos, Rivani tem esperança de que a ferramenta surta efeito e que os casos de doenças diminuam. “Acredito que vamos melhorar. Eu vou exigir dos pais porque no momento que a criança tem o conhecimento ela vai conseguir conscientizar. A escola tem que ser um ambiente de conhecimento para a criança porque é a partir dela que eu posso mudar o mundo”, conclui.

Fonte: Thays Estarque/G1 PE
Foto: Thays Estarque

27/02/2016

Sapos e rãs são usados no combate à dengue e zika na Argentina

A venda de sapos e rãs vai de vento em popa na Argentina, à medida que crescem os alertas pelos vírus da dengue e da zika, e enquanto o governo admite que o mosquito desenvolveu resistência à pulverização.

Sites de venda online oferecem rãs e sapos a 100 pesos (cerca de 7 dólares) como alternativa a repelentes e insecticidas, cujo preço chega até os 10 dólares e está em falta em muitos locais.

"Vendo sapos e rãs para combater dengue e zika" diz o aviso num popular site de venda online.

O governo promoveu uma remarcação de preços dos repelentes de até 36% há algumas semanas, mas variedades que oferecem uma proteção mais duradoura estão esgotadas ou são vendidas por até o triplo do valor normal.

O ministro da Saúde, Jorge Lemus admitiu que o mosquito Aedes aegypti sobrevive às pulverizações que estão sendo feitas em áreas sensíveis.

"Está sendo feito um trabalho duro de pulverização, mas os mosquitos já estão resistentes a produtos químicos, por isso teríamos que mudar a substância", disse.

Lemus lembrou, porém, que "a pulverização é um método complementar que só ataca o mosquito adulto, mas não mata os ovos ou larvas".

O governo mantém uma campanha de prevenção pedindo à população para remover os recipientes onde a água possa se acumular e se torne propícia para reprodução do mosquito transmissor da dengue, chikungunya, zika e febre amarela.

Fonte: AFP
Imagem: Freepik

22/02/2016

Vacina do Butantan contra a dengue entra em teste final


Teve início ontem, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP), a última etapa de ensaios clínicos da vacina tetravalente contra a dengue, desenvolvida pelo Instituto Butantan, com apoio da FAPESP.

Na ocasião, foi assinado um acordo entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan que prevê investimento de R$ 100 milhões nos próximos dois anos para o desenvolvimento do estudo.

O evento contou com a participação da presidente da República, Dilma Rousseff, do governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, do ministro as Saúde, Marcelo Castro, e do Secretário de Estado da Saúde, David Uip. Também estiveram presentes o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, o presidente da FAPESP, José Goldemberg, e o diretor científico da Fundação, Carlos Henrique de Brito Cruz, entre outras autoridades.

Ao todo, o governo federal se comprometeu a investir R$ 300 milhões para concluir os testes do imunizante. Além dos recursos do Ministério da Saúde, estão sendo analisados outros R$ 100 milhões do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, por meio de um contrato da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e R$ 100 milhões do Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES).

Alckmin anunciou ainda que outros R$ 100 milhões serão investidos pela FAPESP nos próximo cindo anos em pesquisa aplicada ao desenvolvimento de vacinas, soros, técnicas de diagnóstico rápido, estudos epidemiológicos (coorte) e outros temas relacionados aos vírus causadores de Zika, dengue e chikungunya. Também serão financiadas pesquisas voltadas ao controle do mosquito vetor de todas essas doenças, o Aedes aegypti.

“Estamos frente a um momento da ciência em que o Brasil está na vanguarda em uma questão que envolve grande parte do planeta. Dengue, Zika e chikungunya são doenças de países tropicais e subtropicais. Isso afeta cerca de 2,5 bilhões de pessoas. Agradeço, em nome do governo de São Paulo, essa parceria com o governo federal, por meio do Ministério da Saúde e do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação”, afirmou Alckmin.

O governador ressaltou ainda que o Instituto Butantan já estuda o desenvolvimento de um soro para neutralizar a ação do vírus Zika no organismo e de uma vacina profilática.

Combate ao Aedes aegypti

Durante o evento, Dilma Roussef ressaltou que, enquanto a vacina não está disponível, são necessárias ações para combater os criadouros do mosquito vetor. “Precisamos tomar uma atitude efetiva para evitar que mais crianças nasçam com microcefalia e mais pessoas tenham dengue, febre chikungunya e Zika, que é o extermínio dos criadouros do mosquito. Temos feito campanhas de mobilização, utilizando as Forças Armadas, Corpo de Bombeiros e aulas nas escolas sobre o assunto. Só tem uma única forma de combater o vírus Zika hoje, que é não deixar o mosquito nascer”, ressaltou a presidenta.

Já o ministro da Saúde classificou a pesquisa do Butantan como “promissora”. “Pode nos auxiliar na busca de soluções contra o vírus Zika”, disse Castro.

De acordo com o presidente da FAPESP, José Goldemberg, “há oito anos a Fundação está atuando ativamente em pesquisas nessa área (desenvolvimento de soros, vacinas, combate ao Aedes e doenças por ele transmitidas) e já investiu no período R$ 48 milhões”.

“Foi graças ao apoio dado pela FAPESP oito anos atrás para a produção de lotes experimentais da vacina contra a dengue no Butantan, que hoje está sendo possível iniciar essa última etapa do ensaio clínico, que tem como objetivo comprovar a eficácia do imunizante”, ressaltou Brito Cruz.

Segundo informou o diretor científico da FAPESP, ainda nesta semana será anunciada, em parceria com a Finep, uma chamada de propostas que visa ao desenvolvimento de tecnologias para produtos, serviços e processos para o combate ao vírus Zika e ao mosquito Aedes aegypti. Os recursos alocados para financiamento dos projetos selecionados no edital são da ordem de R$ 10 milhões.

Além disso, a Rede Zika, formada por pesquisadores em várias instituições no Estado de São Paulo, está ativa em dezenas de projetos de pesquisa no tema (saiba mais sobre a Rede Zika em agencia.fapesp.br/22671. Novas solicitações de financiamento para pesquisa estão sendo recebidas de forma contínua. 

Testes finais

A terceira fase de ensaios clínicos da vacina contra a dengue começa com 1,2 mil voluntários recrutados pelo HC/FMUSP – um dos 14 centros credenciados pelo Butantan para a realização dos testes, que envolverão 17 mil participantes de 13 cidades nas cinco regiões do Brasil. Dez pessoas foram vacinadas no primeiro dia.

A estimativa do Instituto é que todos os participantes estejam vacinados dentro de um ano. Os resultados da pesquisa dependem de como será a circulação do vírus, mas o Butantan acredita ser possível ter a vacina disponível para registro até 2018.

Os voluntários já inscritos entraram em contato diretamente com o hospital ou deixaram seus dados no Serviço de Atendimento ao Cidadão do Butantan, autorizando que eles fossem repassados ao centro de pesquisas do complexo hospitalar. Eles têm entre 2 e 59 anos de idade e residem em diferentes localidades da capital paulista e da região metropolitana da Grande São Paulo.

Na capital paulista, o cadastro de interessados em participar do estudo passa de dois mil. Podem ser voluntários do estudo pessoas que estejam saudáveis, que já tiveram ou não dengue em algum momento da vida e que se enquadrem em três faixas-etárias: 2 a 6 anos, 7 a 17 anos e 18 a 59 anos. Interessados também podem procurar o SAC do Butantan pelo e-mail sac@butantan.gov.br.

Os participantes serão acompanhados por um período de cinco anos para verificar a duração da proteção oferecida pela vacina. O acompanhamento será feito por meio de visitas programadas para coleta de amostras, além de contatos telefônicos e mensagens por celular.

A vacina do Butantan, desenvolvida em parceria com o National Institutes of Health (EUA), tem potencial para proteger contra os quatro vírus da dengue com uma única dose e é produzida com os vírus vivos, mas geneticamente atenuados, isto é, enfraquecidos. Com os vírus vivos, a resposta imunológica tende a ser mais forte, mas como estão enfraquecidos, eles não têm potencial para provocar a doença.

Além do HC, a Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na capital paulista, também foi credenciada pelo Butantan para a realização dos testes da fase 3. Nos outros 12 centros, o cronograma de vacinação deverá ser divulgado em breve.

A pesquisa também será conduzida em Manaus (AM), Porto Velho (RO), Boa Vista (RR), Aracaju (SE), Recife (PE), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Cuiabá (MT), Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG), São José do Rio Preto (SP) e Porto Alegre (RS).

Até o momento, a vacina já foi testada em 900 pessoas: 600 na primeira fase de testes clínicos, realizada nos EUA pelo NIH, e 300 na segunda etapa, realizada na cidade de São Paulo pela Faculdade de Medicina da USP, parceira do Butantan. Os dados disponíveis até agora das duas primeiras fases indicam que a vacina é segura, induz o organismo a produzir anticorpos de maneira equilibrada contra os quatro vírus da dengue e é potencialmente eficaz. 

Fonte: Agência FAPESP
Foto: Camilla Carvalho/Acervo Instituto Butantan

21/02/2016

Como satélites e aviões podem ajudar no controle da zika


A propagação explosiva da zika nas Américas está levantando questões sobre quais são as melhores maneiras de controlar essa e futuras epidemias. Primeiramente, nós precisamos identificar quais são os fatores que contribuem para a disseminação da zika e entender onde e quando eles acontecem. Com esse conhecimento, nós podemos efetivamente direcionar nossos recursos para lutar contra a doença e controlar sua propagação.

O zika vírus é transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. A habilidade de sobrevivência desse mosquito e seu potencial para transmitir vírus são altas, dependendo das condições ambientais, especialmente do clima e das práticas culturais locais.

Variáveis como temperatura, precipitação, vegetação, cobertura terrestre e uso do solo afetam o número de mosquitos presentes e sua habilidade de transmitir vírus. Hoje, essas variáveis podem ser calculadas por sensores remotos em satélites, aviões e veículos aéreos não tripulados. Assim, nós podemos estimar a probabilidade da presença do mosquito e da transmissão da doença.

Minha equipe de pesquisa anterior utilizou dados colhidos por satélites e aviões para identificar a quantidade de mosquitos do tipo Aedes aegypti na região central do México em 2011. Minha equipe de pesquisa atual está trabalhando para identificar as áreas de riscos da dengue na Colômbia. Essas mesmas técnicas podem ser usadas para prever onde a zika pode se espalhar.

Monitorando condições ambientes de longe

Dados capturados via satélite e a partir de métodos aéreos – técnica que na comunidade científica é chamada de detecção remota – são menos precisos em comparação com os dados coletados no solo, que são geralmente reunidos por pessoas que tomam medidas do local e utilizam dispositivos automáticos de monitorização. Porém, em vários locais, a prática não é viável ou há poucos recursos para gerar dados úteis. Isso torna o sensoriamento de dados a melhor ou a única opção disponível e também permite que os cientistas cubram áreas geográficas grandes por longos períodos de tempo e por um custo muito baixo a partir da conveniência de seu escritório.

O monitoramento das condições ambientais, como a temperatura e a precipitação, que acolhem populações de mosquitos portadores de doenças é fundamental para prevenir ou diminuir surtos. A atual epidemia da zika já está espalhada pelas áreas tropicais das Américas, como Brasil e México.

A partir do monitoramento é possível identificar antecipadamente os locais onde os mosquitos podem prosperar. Flutuações nas precipitações e na temperatura são extremamente dependentes das temperaturas da superfície do mar sobre a área tropical leste do Oceano Pacífico, também conhecido como oscilação El Niño – condições meteorológicas que podem ser monitoradas por um satélite.

A literatura sugere que existe uma relação direta entre El Niño e o mosquito portador de doenças como a dengue. As temperaturas mais altas relacionadas a El Niño favorecem o mosquito portador do vírus, aumentando a sua sobrevivência, estendendo o tempo durante o qual o mosquito adulto pode transmitir o vírus – e, ao acelerar o ciclo de vida, eles podem transmitir os vírus antes.

O mesmo mosquito que transporta a dengue, o Aedes aegypti, também carrega a zika, bem como a febre amarela e o chikungunya. Em função das condições severas da corrente El Niño, o timing deste surto de zika não parece coincidência.

Reprodução do mosquito em áreas úmidas e secas

A relação entre El Niño e a zika parece estar menos direcionada ao exame inicial de tendências de precipitação nas áreas afetadas. Há precipitações acima da média em algumas áreas, como no Equador, mas precipitações abaixo da média em outras, como em minha cidade natal Cartagena, na Colômbia, onde o surto está atingindo níveis alarmantes.

Parece lógico suspeitar que precipitações mais elevadas iriam encher vários recipientes com água da chuva, proporcionando mais locais de reprodução de mosquitos. Porém, por que a zika está se espalhando em lugares com precipitações abaixo da média durante os eventos de El Niño?

Uma razão pode estar relacionada com os ambientes que esse mosquito prefere, que são tipicamente dentro e em torno de residências humanas e os locais com água limpa que eles fornecem, como vasos de flores, pneus e reservatórios de água.

Na verdade, em algumas áreas, as pessoas tendem mais a usar reservatórios de água durante períodos secos. Incapazes de depender da precipitação frequente ou do abastecimento de água municipal, elas armazenam chuvas, esporádicas ou não, para o uso doméstico. Isso torna os criadouros do mosquito mais abundantes, mesmo na ausência de chuva.

Em locais com precipitações frequentes, pode-se ter um risco menor de transmissão da doença, pois a chuva pode causar o transbordamento dos reservatórios de água antes de as pupas do mosquito se abrirem. Por outro lado, os períodos secos permitem tempo de retenção de água mais longos para que o ciclo de vida do mosquito seja concluído.

Tanques de abastecimento de água são mais comuns em áreas que carecem de um fornecimento constante do sistema de água corrente do município. Isso pode indicar um status socioeconômico baixo do bairro que, por sua vez, pode sinalizar outras características da comunidade, como a ausência de ar-condicionado (que significa temperaturas internas mais altas) e a presença de janelas abertas (que permitem maior acesso de mosquitos).

Essas características comunitárias podem ser deduzidas a partir do monitoramento da cobertura da terra e do seu uso com satélites e imagens aéreas. Os satélites também podem mostrar o quão urbanizada a paisagem é, o que sugere a probabilidade de criadouros do mosquito. Imagens de alta-resolução podem revelar a presença de locais que favorecem a reprodução, como tanques de água e pilhas de pneus abandonados.

Como os mosquitos se espalham nos países desenvolvidos

A falta de água corrente e a associação das características comunitárias são menos comuns em países desenvolvidos, como os Estados Unidos. No entanto, outras práticas em países desenvolvidos podem fornecer condições favoráveis para esses mosquitos prosperarem.

Por exemplo, túneis de vapor, que transportam vapor pela cidade para o aquecimento, e outros ambientes subterrâneos podem fornecer água constantemente estagnada em temperaturas favoráveis para vetores, mesmo durante o inverno nos estados mais ao norte. Na verdade, alguns casos desse tipo já foram relatados em Washington D.C., nos Estados Unidos.

Além disso, os verões são suficientemente longos nos estados do norte dos Estados Unidos para permitir a conclusão do ciclo de vida dos mosquitos. Teoricamente, se o vírus estiver presente, isso aumentaria a possibilidade de o mosquito adquirir o vírus localmente e o transmitir para um ser humano. Ademais, uma outra espécie de mosquito, o Aedes albopictus, pode transmitir dengue e, aparentemente, também pode sobreviver a invernos frios: ele foi detectado no condado de Marion, Indiana, em 1986, disse-me um biólogo de saúde pública do local. O Albopictus chegou nos Estados Unidos graças à globalização, em um carregamento de pneus do Sudeste Asiático.

A possibilidade de ter vírus como a dengue ou a zika em mosquitos locais dos estados do norte, como em Indiana, é ainda muito pequena, mas ela está crescendo. O aumento de viagens em todo o mundo é um fator importante para a transmissão das doenças. A zika tem sido relatada na literatura desde os anos de 1950 na África. Com o aumento das viagens, o vírus chegou às Américas – num momento em que El Niño está fornecendo condições favoráveis para a sua propagação. O que também contribui é a crescente urbanização, que oferece condições de cobertura de solo ideais para o Aedes aegypti prosperar e espalhar o vírus.

O recente surto da zika pode ser um prenúncio do que está para vir. Dados da Administração Atmosférica e Oceânica Nacional que remontam a 1950 mostram uma tendência de aumento da força dos eventos de El Niño.

Cientistas também sugerem que o crescimento na frequência de oscilação de El Niño está relacionado com as mudanças climáticas. Tudo isso indica uma necessidade crucial de monitorar de forma rentável as condições ambientais que levam aos surtos de doenças e identificar habitats adequados onde os mosquitos podem procriar. Os sensores estrategicamente localizados no espaço tornam este monitoramento mais possível e mais eficiente.

Este texto foi publicado originalmente no site The Conversation. Ele foi escrito por Max Jacobo Moreno-Madriñán, professor assistente de ciências da saúde da Universidade de Indiana.

Fonte: EXAME

18/02/2016

FAPESP e Medical Research Council lançam iniciativa para apoiar pesquisas sobre Zika


A FAPESP e o Medical Research Council (MRC), do Reino Unido, anunciam o lançamento de uma iniciativa de resposta rápida para financiar pesquisas sobre o vírus Zika.

Em maio de 2015, o primeiro caso de doença causada pelo vírus nas Américas foi identificado no Brasil. Desde então, o problema tem se espalhado rapidamente, com casos já registrados em outros 23 países e territórios no continente americano.

FAPESP e MRC consideram crítico que evidências robustas dos riscos associados com a transmissão e infecção por vírus Zika sejam obtidas o mais rapidamente possível, de modo a garantir o estabelecimento de medidas adequadas para poder prevenir e lidar com o problema.

Para apoiar o levantamento de evidências, o MRC lançou uma iniciativa no valor de £ 1 milhão – no âmbito do recém-anunciado Global Challenges Research Fund – para pesquisadores capazes de conduzir estudos sobre o vírus Zika e sua epidemia.

A FAPESP oferecerá apoio por meio de Auxílios Regulares buscando propostas em que haja equivalência em esforço de pesquisa, não necessariamente em financiamento. O financiamento oferecido pela FAPESP aos pesquisadores no Estado de São Paulo, que atuarão em parceria com pesquisadores britânicos, se dará por meio da modalidade Auxílio à Pesquisa – Regular.

A chamada de propostas lançada pela FAPESP e MRC visa selecionar e apoiar projetos de curto prazo (de 12 a 18 meses) que forneçam abordagens novas, críticas e oportunas sobre a natureza do risco promovido pelo vírus Zika ou que levem a caminhos potenciais para prevenção e tratamento.

A submissão de propostas deve ser feita até 22 de fevereiro de 2016. 

A chamada está publicada em: www.fapesp.br/10040

Fonte: FAPESP

15/02/2016

Anvisa registra teste para detecção do zika em 20 minutos


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) concedeu hoje (15) registro de um teste rápido para detecção do vírus Zika. O produto, do laboratório canadense Biocan Diagnostics, é capaz de detectar se o paciente está ou esteve infectado pelo Zika em até 20 minutos.

Atualmente o exame mais comum no Brasil para diagnosticar o Zika é o PCR, que só detecta o vírus na fase aguda da doença.

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Este teste rápido é o quarto produto aprovado pela Anvisa para o diagnóstico do Zika e o terceiro capaz de identificar se o paciente teve a doença mesmo após a eliminação do vírus, pois faz a detecção pela presença de anticorpos.

A necessidade de ter mais exames disponíveis para a detecção do Zika aumentou depois que o Ministério da Saúde confirmou que quando gestantes são infectadas pelo vírus podem vir a ter bebês com microcefalia, uma malformação no cérebro.

Enquanto em 2014, quando o vírus ainda não circulava fortemente no país, foram registrados 147 casos da malformação, entre outubro de 2015 e o começo de fevereiro de 2016 foram confirmados mais de  460 casos, sendo que 41 têm relação confirmada com o vírus Zika.

Mais 3.852 registros de suspeita de microcefalia estão em investigação.

Fonte: Agência Brasil

05/02/2016

Fiocruz detecta presença de vírus zika com potencial de infecção em saliva e urina


Estudo pioneiro da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), órgão vinculado o Ministério da Saúde, constatou a presença do vírus zika ativo (com potencial de provocar a infecção) em amostras de saliva e de urina. A evidência inédita, que sugere a necessidade de investigar a relevância destas vias alternativas de transmissão viral, foi constatada pelo Laboratório de Biologia Molecular de Flavivírus do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).

Os estudos foram liderados pela pesquisadora Myrna Bonaldo, chefe do Laboratório, em colaboração com a infectologista Patrícia Brasil, do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). Foram analisadas amostras referentes a dois pacientes e as coletas foram realizadas durante a apresentação de sintomas compatíveis com o vírus zika. Alíquotas das amostras foram colocadas em contato com células Vero, que são amplamente usadas em estudos sobre atividade viral no caso da família dos flavivírus, à qual pertencem os vírus zika, dengue e febre amarela, entre outros.

Os cientistas observaram o efeito citopático provocado nas células: foi observada a destruição ou danificação das células, o que comprova a atividade viral. A presença do material genético do vírus zika foi confirmada pela técnica de RT-PCR em Tempo Real. Também foi realizado o sequenciamento parcial do genoma do vírus. Diagnósticos laboratoriais descartaram a presença dos vírus dengue e chikungunya – para estas análises, foi usado o Kit NAT Discriminatório para Dengue, Zika e Chikungunya recentemente desenvolvido pela Fiocruz.

“Já se sabia que o vírus poderia estar presente tanto em urina quanto em saliva. Esta é a primeira vez em que demonstramos que o vírus está ativo, ou seja, com potencial de provocar a infecção, o que abre novos paradigmas para o entendimento das rotas de transmissão do vírus Zika. Isso responde uma pergunta importante, porém, o entendimento da relevância epidemiológica destas potenciais vias de infecção demanda novos estudos”, situa Myrna Bonaldo.

“Esta descoberta é parte dos 115 anos de dedicação da Fiocruz à saúde pública. Temos dirigido nossos esforços para colaborar com a ampliação do conhecimento científico sobre este vírus que vem desafiando cientistas de todo o mundo. Esta é mais uma contribuição da Fiocruz à saúde global", afirma o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha. “Estamos lidando com dados muito recentes e, a cada momento, novas evidências são obtidas e compartilhadas pela comunidade científica, como acabamos de fazer”, esclarece.

Gadelha situa que, após a comprovação do potencial de transmissão por via de saliva e de urina, dada a constatação da presença do vírus ativo, é necessário investigar a relevância destas potenciais vias para a transmissão viral. “A primeira medida é sempre a da cautela. O que sabemos hoje é que o vírus zika costuma apresentar quadro clínico brando, com maior preocupação em relação às gestantes por conta dos casos de microcefalia que têm sido acompanhados. Neste sentido, medidas de prevenção já conhecidas para outras doenças precisam de um olhar mais cauteloso a partir de agora, especialmente no caso do contato com as gestantes. Estamos empenhados em gerar evidências sobre o vírus zika e vamos compartilhar estas evidências conforme avançarmos no conhecimento sobre o tema”, pontua, acrescentando que outras perguntas científicas permanecem em aberto, como o período de sobrevivência viral na saliva e urina, por exemplo.

A Fiocruz alerta que, com base nos conhecimentos disponíveis até o momento, as medidas de controle do vetor Aedes aegypti continuam sendo centrais. “Em uma situação como esta, em que estamos conhecendo mais a cada dia sobre este vírus, todos os aspectos precisam ser considerados. Muito ainda precisa ser investigado em relação à importância de cada via de transmissão para a propagação de casos. Porém, é fundamental que a vigilância ao vetor permaneça. Não podemos esquecer que ele é comprovadamente o vetor para os vírus dengue, chikungunya e zika”, reforça o presidente da Fiocruz.

Myrna destaca a mobilização da comunidade científica sobre o vírus zika. "É nossa missão enquanto cientistas contribuir para o entendimento desta situação de saúde pública que preocupa a todos e que já está afligindo milhares de famílias no Brasil, com o crescimento de casos de microcefalia", Myrna diz, agradecendo à dedicação da equipe de pesquisa. "Como temos um Laboratório que é justamente focado em flavivírus, família à qual o zika pertence, desde o primeiro momento vimos a possibilidade de ajudar. Isso somente foi possível devido ao compromisso integral das pessoas envolvidas e da instituição", completa.

Contribuições anteriores da Fiocruz
 Em 2015, a Fiocruz criou o Gabinete de Enfrentamento à Emergência Sanitária de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN/Fiocruz), que visa aproveitar ao máximo as capacidades e os recursos disponíveis na instituição para atender à necessidade de dar respostas objetivas para o Ministério da Saúde e a população sobre a situação de emergência em dengue, chikungunya e zika no país.

Em novembro de 2015, o Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), por meio do Laboratório de Flavivírus, concluiu diagnósticos laboratoriais que constataram a presença do genoma do vírus zika em amostras de líquido amniótico de duas gestantes do estado da Paraíba, cujos fetos tinham microcefalia detectada por meio de exames de ultrassom. Ambas haviam relatado sintomas compatíveis com o vírus zika e, nos exames anteriores, não havia indicativo do problema. Os resultados foram relevantes para orientar as investigações em andamento e a reforçar a suspeita de correlação entre o vírus e a microcefalia.

Em janeiro de 2016, a Fiocruz anunciou a criação do Kit NAT Discriminatório para Dengue, Zika e Chikungunya. A inovação garantirá maior agilidade para os testes realizados na rede de laboratórios do Ministério da Saúde, além de reduzir os custos e permitir a substituição de insumos estrangeiros por um produto nacional. Idealizada pelo Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e desenvolvida em parceria com o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), a novidade conta com o apoio da Fiocruz-Paraná, da Fiocruz-Pernambuco e do Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos/Fiocruz).

Também em janeiro, o Instituto Carlos Chagas (Fiocruz Paraná) desenvolveu um estudo que confirmou a transmissão interplacentária do vírus zika após a análise da amostra da placenta de uma gestante da região Nordeste, que apresentou sintomas compatíveis de infecção pelo vírus e que sofreu um aborto retido – quando o feto deixa de se desenvolver dentro do útero – no primeiro trimestre de gravidez. A pesquisa foi realizada em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).

Fonte: Agência Fiocruz

04/02/2016

Brasil analisará uso de radiação contra 'Aedes'


Genebra - Na esperança de reduzir de forma substancial o vetor do zika vírus até os Jogos Olímpicos, o Brasil vai avaliar o uso de radiação nuclear para combater o mosquito Aedes aegypti. Um encontro será feito entre o Ministério da Saúde e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) nos dias 17 e 18, em Brasília, com a meta de avaliar a implementação de um amplo projeto que esteriliza o mosquito. 

Já no dia 22, também em Brasília, especialistas de todo o mundo vão se reunir para examinar a viabilidade do projeto. Na segunda-feira, 1º, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou o surto de casos de microcefalia e outros distúrbios neurológicos em regiões com registro de zika vírus como uma emergência internacional. Uma das conclusões de especialistas é de que, com a vacina não podendo ser produzida antes de 2018, a meta hoje é um "combate agressivo ao vetor".

E o mundo vem perdendo a batalha contra o Aedes. Tanto na OMS como no Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos (CDC), a percepção é de que é de que os instrumentos de desinfecção são pouco eficientes e apenas contar com uma mobilização social não está dando resultados. 

A nova estratégia, proposta pela AIEA, é a de reverter a expansão da população de mosquitos. O plano consiste em expor mosquitos machos à radiação nuclear, tornando-os inférteis. Uma vez de volta no meio ambiente, esses mosquitos não conseguiriam se reproduzir e a população geral teria queda.

A SIT (sigla em inglês para Sterile Insect Technology) já existe e consiste em colocar os vetores em contato com raios X ou Gama. A vantagem do sistema é de que milhares de mosquitos seriam controlados, sem o uso de produtos tóxicos. Mas o grande obstáculo é o volume de insetos que teriam de ser inicialmente esterilizados. Para que isso funcione, os espécimes modificados teriam de ser superiores ao número de mosquitos machos em uma população autóctone em uma proporção de 10 a 20 vezes. 

Na prática, milhões de mosquitos teriam de ser expostos à radiação. A própria AIEA estima que o plano teria maiores chances de funcionar em pequenas cidades e não em metrópoles como o Rio. 

Ainda assim, os técnicos são otimistas. "Se o Brasil soltar um enorme número de mosquitos machos nessas condições, levaria poucos meses para reduzir a população. Mas isso teria de ser combinado com outros métodos", disse o vice-diretor da AIEA, Aldo Malavasi.

Outros países
Além do Brasil, países latino-americanos como Guatemala, El Salvador e México já estão em negociações, além da Indonésia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Jamil Chade, correspondente
Imagem: Freepik

02/02/2016

Por que mosquitos picam algumas pessoas mais que outras?

Os casos de zika e microcefalia no Brasil aumentaram a preocupação com a picada do mosquito Aedes aegypti, que já era temido por causa da dengue.

Desde outubro, foram notificados 4.180 casos suspeitos de microcefalia no país - 270 já foram confirmados, 462 descartados e os outros seguem em investigação.

Como não existe vacina ou tratamento para a zika, o conselho, principalmente para as grávidas, é tomar medidas para se proteger da picada do mosquito.

Mas por que mosquitos picam algumas pessoas mais do que outras? Segundo um estudo, publicado no ano passado no periódico PLOS ONE, isso pode estar ligado aos genes que controlam o odor corporal.

Cientistas da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos agruparam 19 gêmeos não idênticos e 18 gêmeos idênticos para testar a atração a mosquitos.

Eles descobriram que gêmeos idênticos atraíam a mesma quantidade de picadas, sugerindo a influência de fatores genéticos nesse processo.

Em uma série de testes, cada gêmeo colocou uma mão no final de um túnel de vento em formato de "Y". Então, bombeou-se ar para dentro do túnel, levando consigo odor. Depois, enxames de mosquitos foram liberados, movendo-se para longe ou perto de cada mão.

No caso dos gêmeos idênticos - que compartilham grande parte do material genético - houve uma distribuição uniforme dos mosquitos. Isso sugere que os insetos não tinham preferência pelo cheiro de uma mão ou outra.

Por outro lado, resultados com testes em gêmeos não idênticos - que dividem menos genes - foram mais variados.

Pesquisadores acreditam que a atratividade a mosquitos pode estar relacionada a genes ligados ao odor corporal. O próximo passo é descobrir quais genes específicos estariam envolvidos.

Novas pesquisas já estão sendo realizadas.
"Se entendermos a base genética para a variação entre indivíduos, será possível desenvolver maneiras sob medida para controlar melhor os mosquitos, e desenvolver novas maneiras de repeli-los", disse James Logan, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, principal autor do estudo.

'Intrigante'
Comentando a pesquisa, o professor David Weetman, da Escola de Medicina Tropical de Liverpool, disse que o resultado é "intrigante".

"É a primeira vez que uma base genética foi demonstrada", disse. "Mas mosquitos não são atraídos apenas pelo cheiro - fatores como o dióxido de carbono também desempenham um papel. Estudos maiores deverão ajudar a avaliar o grau de relevância dessas descobertas fora do laboratório, onde outros fatores podem ser importantes".

Fonte: BBC Brasil

Vacina contra a dengue pode ser adaptada para o Zika, afirma diretor do Butantan


A tecnologia desenvolvida na formulação da vacina brasileira contra a dengue – que contou com apoio da FAPESP e já entrou na fase final de ensaio clínico – pode ser adaptada para criar um imunizante contra o vírus Zika, afirmou o diretor do Instituto Butantan, Jorge Kalil, em entrevista concedida à Agência FAPESP.

Segundo ele, uma das possibilidades seria inserir no vírus vacinal da dengue um gene codificador de uma proteína-chave do vírus Zika. Outra ideia seria criar um vírus Zika atenuado, usando método semelhante ao empregado no desenvolvimento da vacina da dengue.

O Instituto Butantan, que integra a recém-criada Rede Zika (força-tarefa apoiada pela FAPESP e formada por cerca de 40 laboratórios), também já deu início a pesquisas voltadas ao desenvolvimento de um soro que poderia ser aplicado em gestantes infectadas para combater o vírus Zika circulante no organismo antes que ele cause danos ao feto.

Ainda durante a entrevista, Kalil falou sobre os preparativos necessários para o início da imunização dos voluntários participantes da terceira etapa de ensaios clínicos da vacina tetravalente contra a dengue, prevista para começar este mês.

“Estamos vivendo uma crise aguda de Zika, mas não podemos minimizar a dengue. É uma doença que persiste, ainda mata no país e deve vir com muita força este ano”, avaliou. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Agência FAPESP – No último mês de dezembro, a Anvisa autorizou o início da terceira fase de ensaios clínicos da vacina contra a dengue. O que foi feito desde então? 
Jorge Kalil – Desde que recebemos o aval da Anvisa, em 11 de dezembro de 2015, demos início às tratativas finais necessárias antes da imunização dos voluntários, que deve começar este mês. Precisamo, por exemplo, fazer novas preparações vacinais, pois as amostras que tínhamos prontas estavam perto do término da validade. Já preparamos um lote do imunizante de acordo com as novas normas deliberadas pela Anvisa para a produção de amostras usadas em ensaios clínicos. Para isso foram necessárias algumas alterações na área de produção. Também contratamos um seguro para todos os participantes e uma empresa do tipo CRO (do inglês, Clinical Research Organization) de atuação internacional para fazer o gerenciamento do estudo.

Agência FAPESP – Qual será o papel dessa empresa? 
Kalil – Os ensaios clínicos são, de maneira geral, muito complexos e envolvem muitas pessoas. Essas CROs auxiliam no treinamento das pessoas dos centros participantes, acompanham o processo para garantir que os pesquisadores atuem de acordo com o procedimento descrito e avaliam a qualidade dos dados recolhidos. Isso não pode ser feito pelo próprio Instituto Butantan, que é parte interessada e funciona como um patrocinador da pesquisa. E, como desejamos obter um registro internacional da vacina, contratamos uma CRO de atuação internacional. Os 14 centros participantes terão um pesquisador principal, sem nenhuma relação com o Instituto Butantan.

Agência FAPESP – Quando exatamente terá início a imunização dos voluntários e como será o processo? 
Kalil – A data exata será anunciada pelo governador Geraldo Alckmin em breve. As primeiras imunizações serão feitas em São Paulo, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HCFMUSP) e, depois, nos outros 13 centros. Serão vacinados 17 mil voluntários, que serão acompanhados por até cinco anos. Mas antes disso, possivelmente dentro de um ano, já devemos ter a resposta principal: se a vacina protege ou não contra a dengue. Esse tempo vai depender da incidência da doença nos diferentes locais onde será feito o estudo nos próximos meses e também de nossa capacidade de imunização dos voluntários.

Agência FAPESP – A disseminação do vírus Zika pelo país pode atrapalhar de alguma forma o ensaio clínico? 
Kalil – Nossa principal preocupação deverá ser capacitar os centros para fazer o diagnóstico com precisão, distinguindo os casos de Zika e dengue. Fora isso, não vejo problema.

Agência FAPESP – Pode haver interação do vírus da dengue atenuado usado na vacina com o vírus Zika que circula pelo país? 
Kalil – Ainda não há dados sobre isso, mas é um fator que sem dúvida vamos observar durante a pesquisa.

Agência FAPESP – É possível adaptar a vacina desenvolvida contra a dengue para que ela imunize contra o vírus Zika ? 
Kalil – Uma das ideias é utilizar o mesmo arcabouço viral da vacina contra a dengue, que é o próprio vírus da dengue atenuado, e inserir o gene que codifica uma proteína do envelope viral do Zika (bicamada lipídica que fica na parte mais externa do vírus). Já se sabe que os anticorpos que protegem contra essas doenças virais – os chamados anticorpos neutralizantes – são dirigidos contra proteínas do envelope viral. Outra possibilidade seria criar uma vacina usando o próprio vírus Zika atenuado por um método parecido com o empregado para criar a vacina contra a dengue. Vamos testar diferentes possibilidades.

Agência FAPESP – Nesse caso, os testes com a nova vacina teriam de começar desde a fase pré-clínica ou poderiam andar mais rápido? 
Kalil – Tem de começar tudo de novo, mas talvez o processo ande um pouco mais rápido, pois seria muito semelhante ao que foi feito e já mostramos que o método é seguro. Diante da pressa, teríamos de conversar com as autoridades sanitárias.

Agência FAPESP – O Butantan também trabalha em um soro contra o vírus Zika? 
Kalil – Sim. Já estamos cultivando o vírus em células in vitro. A ideia é isolar antígenos específicos para imunizar cavalos. Então temos de observar se o animal produz quantidades significativas de anticorpos neutralizantes, isolar e purificar essas imunoglobulinas em nossa fábrica – algo semelhante ao que fazemos para produzir soros contra toxinas e venenos. Depois é necessário obter fragmentos dessa imunoglobulina de cavalos que funcionem como anticorpos neutralizantes e possam ser injetados na mulher para combater o vírus. Já começamos a imunizar camundongos e já estamos desenvolvendo testes para avaliar se o anticorpo produzido é do tipo neutralizante. As primeiras etapas estão em andamento.

Agência FAPESP – O avanço dos casos de microcefalia possivelmente ligados ao vírus Zika foi considerado uma emergência internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso deve contribuir para acelerar o andamento dessas pesquisas? 
Kalil – Sem dúvida. Isso chama maior atenção para o tema, promove maior colaboração entre os cientistas e, sobretudo, maior alocação de recursos para as pesquisas. O caso do ebola é um exemplo. Por ter sido considerado uma emergência, as pesquisas avançaram no sistema fast track, que permite avaliar e aprovar os resultados com maior rapidez. Isso também depende das agências reguladoras locais, que deverão acompanhar a decisão da OMS. 

Por Karina Toledo  |  Agência FAPESP
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01/02/2016

Fiocruz lança novo site Rede Dengue, Zika e Chikungunya


A Fundação Oswaldo Cruz lança oficialmente, nesta segunda-feira (1º/2), o novo site Rede Dengue, Zika e Chikungunya. Trata-se de uma versão ampliada do antigo site Rede Dengue e tem como objetivo manter a população informada e atualizada sobre as principais notícias em relação a essas três viroses.

A iniciativa é da Rede Dengue, Zika e Chikungunya, coordenada pela Vice-presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde da Fiocruz (VPAAPS).  A Rede visa a promover a integração de competências e ações, a fim de criar soluções e ser um modelo de ações integradas e intersetoriais para o controle da dengue, zika e chikungunya.

“A ideia é que o site seja um instrumento onde a população em geral possa ter informações qualificadas e de fonte segura, por meio de uma linguagem de fácil compreensão, sobre as principais questões em relação a dengue, zika e chikungunya nos campos do ensino, da pesquisa, promoção, assistência e desenvolvimento tecnológico”, afirmou o coordenador da Rede Dengue, Zika e Chikungunya, José Augusto de Britto, assessor da VPAAPS.

O site está dividido por projetos nos eixos preconizados pela diretriz do Programa Nacional de Combate à Dengue, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, cujas metas abrangem as áreas de controle ambiental, comunicação e informação, gestão, mobilização social, serviços laboratoriais, atenção de referência, educação, pesquisa e vigilância em saúde.

Fonte: Regina Castro (Agência Fiocruz de Notícias/AFN)