Com cerca de cinco alunos faltando por semana devido as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, a diretora da Escola Municipal Mizael Montenegro Filho, no bairro de Casa Caiada, Olinda, Rivani Nasado, cansou de assistir impotente a essa situação. Autora de 45 cordéis, sendo 35 voltados para a educação, a gestora resolveu mudar essa realidade. Ela criou um cordel direcionado às crianças para explicar como se proteger da dengue, da febre chikungunya e do vírus da zika.
Na escola, são 222 alunos distribuídos em oito turmas – quatro pela manhã e quatro à tarde -, com uma faixa etária que varia de um ano e meio a 11 anos de idade. A ideia de Rivani é que, mesmo ainda bem pequenos, os estudantes sejam agentes replicadores de informação, sendo fiscalizadores das ações dos pais dentro de casa.
“A gente precisa fazer uma corrente de ensino e aprendizado para levar as informações corretas para a garotada, para que eles sejam esses agentes”, salienta a professora.
Com a ajuda do percussionista Clinge Vicente, o cordel é declamado com a típica batida do pandeiro, trazendo musicalidade para a ação. Para se aproximar ainda mais das crianças e tornar o aprendizado mais lúdico, o cordel abusa do regionalismo com termos como “febre da mulesta” e “cabra”. “O cordel rima e tudo que rima a garotada aprende com mais facilidade. É um prazer, é uma coisa nova e no momento que coloco a música eles enlouquecem, memorizam com facilidade”, diz a diretora.
Com estrofes simples, ele também convida o docente para integrar a batalha contra o Aedes. “A escola é o início do que pode apoiar, professores bem atentos no que devem ensinar, proteger contra o mosquito com o verso popular”, diz o cordel.
No entanto, o trabalho é constante. Rivani apresenta o cordel aos alunos e a professora se encarrega de transformar essas informações em atividades pedagógicas durante toda a semana. “O colégio tem que inovar. Aquele modo de ensinar engessado já passou, aquilo ali não se aprende, se decora e esquece em meia hora. Já essa forma diferente se torna um aprendizado para a vida toda”, afirma Ana Karolina Teodoro, professora do terceiro ano.
E não é que a criançada tem as estrofes na ponta da língua. Com apenas seis anos, Harley Davidson de Morais, declama – entre uma mordida e outra no sanduíche – “E a ação é tão simples que devemos apoiar, não deixe água parada, protege todo lugar, o mosquito é virado, unidos vamos ganhar”. “Eu ensino isso tudo para os meus pais”, diz o pequeno.
Apresentado na quarta-feira (2) aos alunos, Rivani tem esperança de que a ferramenta surta efeito e que os casos de doenças diminuam. “Acredito que vamos melhorar. Eu vou exigir dos pais porque no momento que a criança tem o conhecimento ela vai conseguir conscientizar. A escola tem que ser um ambiente de conhecimento para a criança porque é a partir dela que eu posso mudar o mundo”, conclui.
Fonte: Thays Estarque/G1 PE
Foto: Thays Estarque