07/03/2016

Idosos voltam à universidade em busca de conhecimento e amizades


A Universidade de São Paulo (USP) iniciou as atividades do 1º semestre do programa Universidade Aberta à Terceira Idade, que oferece disciplinas para idosos.

O professor de matemática aposentado Jorge Okata, de 66 anos, resolveu se inscrever no curso de geometria analítica e disse que o filho, estudante de ciências exatas na USP, é seu maior apoiador. “Ele que me incentivou a voltar para a sala de aula, além de gostar do contato com os jovens”, afirmou.
Okata contou que já chegou a escrever um livro sobre geometria, mas ainda não conseguiu publicar a obra e espera que, com o curso, se anime para uma pós-graduação. "Estou muito ansioso, fiquei muito tempo parado”, disse o idoso, que até o início das aulas dedicava seu tempo aos origamis.

“Toda a minha família faz origamis. Eu fiquei interessado porque sou japonês e não fazia nada da minha cultura, sempre gostei de arte, então resolvi juntá-la com a geometria e não parei nunca mais”.
O aposentado Marcos de Freitas, de 66 anos, também tem ensino superior. Formado em engenharia mecânica na Unicamp, ele vai participar das aulas de cálculo duas vezes por semana e, como mora em Ribeirão Preto, vai encarar a estrada. Tudo para recordar a matéria e adquirir novos conhecimentos.
"Fiquei sabendo pela internet. Gosto de fuçar bastante e, já que não tem muita gente para trocar ideia, resolvi participar”, relatou. “Quero conhecer gente que goste da mesma coisa que eu. Acho que quando gostamos de uma coisa não desistimos, nunca é tarde para voltar aos estudos”, ensinou.

Fora da sala
A empresária Semiramis Saba Roggiero, de 71 anos, é veterana nos cursos do ICMC. “As aulas ajudam a cuidar da cabeça e interagir com os jovens”, contou a idosa, que no instituto construiu uma amizade com Geovani Guilherme Caetano, de 21 anos, aluno de estatística.
“Na primeira aula, eu fiquei assustado, não sabia que a terceira idade participaria. Ela se aproximou pedindo a matéria por e-mail e começamos a amizade”, disse o jovem.
Durante o curso, os dois descobriram que eram da mesma cidade, Rio Claro, e que já tinham estudado em uma escola em que a idosa havia sido diretora. "Foram tantas coisas em comum que eu comecei a me apegar a ele", relatou Semiramis.

A empresária não conseguiu acabar o curso em 2014 por conta de um problema de saúde, mas isso não fez com que se afastasse do jovem. Ela convidou Caetano para trabalhar em sua agência de viagens. "Eu sempre tive muita dificuldade em informática e ele sempre entendeu muito sobre o assunto, então juntou o útil ao agradável", explicou Semiramis.
Caetano está no emprego há um ano e disse ter ficado surpreso com o convite. "Não atrapalha meus horários da faculdade e eu estou gostando muito, ela me trata como se fosse minha mãe", contou.

Fonte: G1 São Carlos e Araraquara
Foto: Carol Malandrino/G1