Um dispositivo capaz de traduzir cores em áudio para cegos, um bracelete anticonvulsão e outros itens de acessibilidade e destinados para deficientes estão entre as invenções de estudantes de todo o país que participam da 14ª edição da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
A feira reúne, entre 15 e 17 de março, 341 projetos de 752 estudantes dos ensinos fundamental, médio e técnico de escolas públicas e particulares de todo o país. Os protótipos foram selecionados entre 2.200 projetos.
Conversando com um amigo cego, o estudante de João Pessoa Hallyson Oliveira percebeu que um dos problemas mais citados era a incapacidade de saber as cores dos objetos. Com seus colegas, então, criou o 'Provision', um dispositivo de 30 reais que, por meio de lâmpadas LED e um sensor identificam as cores de uma superfície e a enviam em forma de áudio para o usuário.
Segundo os criadores, a invenção pode ir até mais longe e criar associações entre cores e outros sentidos. "Poderíamos associar o vermelho ao calor, por exemplo, porque não adianta dizer a cor se a pessoa não tem nenhum referencial", explica a estudante Raylle.
Seguindo a linha dos protótipos voltados à acessibilidade, outras criações de alunos para este ano foram um boné para auxiliar a mobilidade em vias públicas dos portadores de deficiências visuais, a 'benguiala', uma bengala inteligente que detecta obstáculos nos ambientes, um dispositivo móvel de comunicação com deficientes auditivos, uma cadeira de rodas que sobe e desce escadas, entre outros.
O bracelete anticonvulsão, desenvolvido pelos alunos de Pirituba Carlos Sérgio, 17, Giovanna Civiate, 17 e Henrique Obata, 18, pode ser usado para controle de febre, convulsões e monitoramento de crianças com meningite bacteriana.
Um sensor que funciona como 'termômetro' envia um sinal para o dispositivo que indica por meio da cor de uma lâmpada de LED a temperatura da criança. Um aplicativo no celular recebe a temperatura para que o responsável possa monitorar, mesmo de longe, a criança doente.
'Capitu'
Buscando ajudar no problema da violência contra a mulher em Manaus, as alunas da Fundação Nokia Karolayne Martins, 18, Natalia Canto, 18 e Emanuela Bernardo, 17, criaram o projeto "Capitu". O dispositivo, que custou cerca de 100 reais para ser feito, utilizaria um painel eletrônico já existente nas viaturas da polícia que fazem as rondas de segurança nas ruas de Manaus.
Uma mulher que já sofreu ameaças ou agressões e fez sua denúncia teria seu histórico, foto e endereço cadastrados no sistema e receberia o dispositivo, que poderia acionar quando se sentisse ameaçada. Assim, a viatura mais próxima iria no local em que estivesse. "Tivemos a preocupação de fazer um projeto acessível a todas as classes sociais, visto que as pessoas de baixa renda são as mais atingidas", explica a estudante Natalia Canto.
Segundo as estudantes, caso o projeto fosse adotado, poderia ter tamanho bem menor do que o protótipo e ser colocado em chaveiros e pulseiras, por exemplo.
Com 14 anos, Felipe Américo veio de Palmas (TO) apresentar sua invenção na Febrace. Reutilizando todos os materiais e bateria recarregável, criou um robô vigilante que pode ser controlado em qualquer lugar do mundo por meio de um programa de computador. As rodas e controle remoto vieram de carrinhos de brinquedo e a webcam gira até 360° horizontalmente. "Ele tem um sensor de movimento e grava vídeos com áudios que podem ser enviados mesmo sem internet", conta.
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Foto: Laura Lewer/G1
Fonte: Laura Lewer/G1