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30/04/2016

Cultura indígena será integrada ao ensino de História em instituição no interior do Amazonas


A professora do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (Ifam), Letícia Alves, está desenvolvendo um estudo, com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), com o objetivo de integrar os saberes indígenas às metodologias de Ensino dos conteúdos de História nas turmas de ensino Técnico e Tecnológico do Ifam de São Gabriel da Cachoeira.

De acordo com a professora, a integração irá permitir uma produção conjunta do conhecimento, promovendo a interdisciplinaridade enquanto prática de ensino.

“Viabilizar um espaço de interlocução entre alunos e professores dará a chance de efetivar os saberes indígenas no ensino de História, baseado em uma metodologia integrada para o Alto Rio Negro constituindo assim, um ensino e aprendizagem que forme verdadeiramente cidadãos capazes de “restituir” a dignidade da condição humana”, afirmou Letícia.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), São Gabriel da Cachoeira é o município amazonense com a maior parte dos habitantes de etnias indígenas e o município brasileiro com a maior concentração de diferentes etnias, como, por exemplo, os Arapaço, Baniwa, Barasana, Baré, Desana, Hupda, Karapanã, Kubeo, Kuripako, Makuna, Miriti-tapuya, Nadob, Pira-tapuya, Siriano, Tariano, Tukano, Tuyuka, Wanana, Werekena e Yanomami.

O projeto foi dividido em dez fases, dentre elas, foi realizada uma entrevista com os professores e alunos do Ifam do município para verificar o conteúdo referente ao conhecimento de saberes indígenas. Atualmente, Letícia está na fase de execução de oficinas sobre o Ensino de História com professores indígenas.

Segundo Alves, o diferencial do estudo está no trabalho que vem sendo realizado com 22 povos indígenas que vivem na região. “De acordo com o levantamento feito até o momento, posso salientar que não existem projetos de pesquisa que trabalhem o ensino de História articulado com os saberes indígenas de 22 etnias distintas culturalmente, etnicamente e linguisticamente, como o que estamos desenvolvendo agora”, disse.

O estudo visa contribuir com outras instituições fora do Amazonas, dada sua especificidade, pois irá inserir um ensino mais próximo à realidade do aluno indígena, ajudando na melhoria da compreensão, interpretação e contextualização dos conteúdos desenvolvidos em todo o ano letivo.

Para a pesquisadora, o estudo possibilitará, ainda, que os estudantes vejam o ensino de História a partir da perspectiva de sua cultura, como forma de subsidiar projetos de sustentabilidade social, cultural e ambiental das comunidades indígenas.

“A proposta da pesquisa está centrada na construção de uma metodologia para o ensino de História que articule os saberes indígenas com os conteúdos de História. Portanto, o nosso objetivo primordial é subsidiar a formação de professores para trabalhar com essa realidade pluriétnica, que demanda novas práticas pedagógicas a respeito dessas identidades”, disse Letícia Alves.

Fonte:Ada Lima / Agência Fapeam

Foto: Seduc-AM

07/04/2016

Relatório mostra como o IML contribuiu com o regime militar




Entre 1969 e 1976, o Instituto Médico-Legal (IML) de São Paulo – ligado à Secretaria de Segurança Pública – expediu pelo menos 51 laudos necroscópicos falsos, referentes aos corpos de opositores do regime militar então em vigor no Brasil, entre eles o do estudante de Geologia da USP Alexandre Vanucchi Leme, o do jornalista e professor da USP Vladimir Herzog e o do operário Manoel Fiel Filho. As mortes desses opositores – ocorridas por causa de torturas sofridas nas prisões mantidas pelo regime – foram justificadas, naqueles laudos, por outras razões, normalmente suicídio ou atropelamento. Os documentos trazem as assinaturas de médicos-legistas como Abeylard de Queiroz Orsini, Harry Shibata – ainda vivos –, Isaac Abramovitc, Orlando José Bastos Brandão e Paulo Augusto de Queiroz Rocha.

Essas informações constam do relatório intitulado “Assassinato de Opositores Políticos no Brasil – Laudos falsos e fraudes praticadas por legistas no Instituto Médico-Legal de São Paulo durante a ditadura civil-militar”, elaborado pela Comissão da Verdade da Associação Paulista de Saúde Pública (APSP). Finalizado em setembro de 2014 e entregue à Comissão Nacional da Verdade (CNV) – que o anexou ao seu próprio relatório, entregue no dia 10 de dezembro de 2014 à presidente Dilma Rousseff –, ele foi apresentado ao público acadêmico no dia 31 de março passado, durante debate realizado na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, intitulado “Percursos da Memória e da História da Saúde Pública em São Paulo – Das fraudes do IML à (des)memória pública”.

“Esse relatório sobre o IML nunca havia sido divulgado à comunidade acadêmica, especialmente à Faculdade de Saúde Pública da USP”, afirma o professor Carlos Botazzo, docente da FSP e organizador do debate, que foi também o coordenador da Comissão da Verdade da APSP. “É muito importante retomar a memória do que aconteceu na saúde pública em São Paulo e punir os culpados.”

Com base no livro Dossiê Ditadura – Mortos e desaparecidos políticos no Brasil, de 2009, que relaciona 436 vítimas da ditadura – 257 mortos e 179 desaparecidos –, o relatório dá detalhes de 51 casos, ocorridos no Estado de São Paulo, em que é possível comparar o laudo oficial com o parecer de legistas feito a pedido da Comissão de Familiares de Presos e Desaparecidos Políticos. “É uma lista inédita para a nossa sociedade”, afirma Botazzo.

Laudo falso atestou morte de Vladimir Herzog

Decretado em 13 de dezembro de 1968, o Ato Institucional número 5 (AI-5), suspendeu as garantias individuais no Brasil e provocou o endurecimento do regime militar, que passou a perseguir militantes de esquerda contrários ao governo, prendendo, torturando e matando opositores.

Segundo o relatório da Associação Paulista de Saúde Pública (APSP), apresentado no dia 31 de março na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, tornou-se prática comum, na época, que os Institutos Médico-Legais (IMLs) respaldassem as ações dos órgãos de segurança do regime através da elaboração de laudos fraudulentos, confirmando a versão oficial para a morte de adversários políticos.

É o caso, por exemplo, da morte do jornalista Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1975, citada no relatório. Jornalista da TV Cultura e professor do curso de Jornalismo da USP, Herzog morreu vítima de torturas sofridas no Destacamento de Operações de Informação – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), em São Paulo. De acordo com os militares, o jornalista teria se enforcado com o cinto do macacão de presidiário que vestia ao dar entrada na prisão. Essa versão está no laudo assinado pelos médicos-legistas Harry Shibata, Arildo de Toledo Viana e Armando Canger Rodrigues, do IML de São Paulo. “A farsa foi desmascarada pelo testemunho de seus companheiros de prisão, Rodolfo Konder e Jorge Benigno Jathay Duque Estrada, que ouviram seus gritos, o barulho das pancadas e as ordens do torturador para aplicação de choques”, lê-se no relatório da APSP. Em 2014, a família de Herzog recebeu novo atestado de óbito, constatando sua morte sob tortura.

O mesmo falso cenário foi armado na morte do operário Manoel Fiel Filho, também citado no relatório. De acordo com a versão oficial, Fiel Filho se enforcou na cela onde estava preso, no dia 17 de janeiro de 1976, usando as próprias meias. Embora seu corpo apresentasse sinais evidentes de torturas e hematomas generalizados, os médicos-legistas José Antonio Mello e José Henrique da Fonseca atestaram morte por enforcamento.

“Foi um trabalho extremamente doloroso e desgastante, pelo conteúdo dos relatos. Porém, considerou-se fundamental que fosse divulgado e conhecido pela sociedade, para que a justiça seja feita e que esses fatos nunca mais se repitam”, escrevem os autores do relatório, na apresentação do trabalho, que levou dois anos para ser finalizado. Segundo eles, a divulgação do relatório busca também inspirar pessoas e entidades a promover ações concretas de repúdio ao acobertamento dos crimes cometidos durante a ditadura militar. “Espera-se ainda que este trabalho resulte em medidas efetivas de condenação desses médicos-legistas que envergonham o setor médico.”


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Fonte: USP Notícias
Foto: Reginaldo Manente / AE

Exposição em Nova York mostra que dinossauros tinham penas




Ao olhar para uma galinha, um pato ou um pombo, é quase impossível imaginar que esses animais tenham alguma ligação com os temidos gigantes da pré-história: os dinossauros. Sim! Os répteis grandalhões que habitaram a Terra há milhões de anos são parentes das aves e, para muitos cientistas, assim como seus primos distantes, também tinham penas.

Os paleontólogos acreditam que um grupo específico de dinossauros carnívoros bípedes, os Theropods, tenham sobrevivido ao grande evento que extinguiu os dinos do nosso planeta, 65 milhões de anos atrás. Os animais teriam, com o passar do tempo, desenvolvido penas, cérebros maiores e mais inteligentes, e pequenos braços similares às asas das aves. Essas características podem ser facilmente comparadas às do avestruz, que é bípede, tem asas reduzidas, não voa e é o maior exemplar de ave ainda viva.

Desde a segunda quinzena do mês de março, o Museu de História Natural de Nova York está hospedando a exposição Dinosaurs Among Us, que em português quer dizer “os dinossauros entre nós”. A mostra mapeia toda a história evolutiva das aves, até chegar a seus parentes pré-históricos, desafiando o público a desconstruir a imagem dos dinossauros grandes, verdes e feios.

“É importante que as pessoas entendam que os dinossauros ainda estão, sim, entre nós”, disse Mark Norell, paleontólogo do museu e curador da exposição, em entrevista à revista norte-americana National Geographic. “Eles (os dinossauros) estão representados por mais de 13.000 espécies vivas nos dias de hoje”, completa.

Dinossauros X Aves


A ideia de que os pássaros, galinhas e patos são parentes dos dinossauros não é uma novidade entre a comunidade científica. No início dos anos 1880, dois pesquisadores, um nos EUA e outro na Inglaterra, tiveram a mesma impressão de que as pegadas dos dinossauros e as patas das aves apresentavam algumas semelhanças. Um século depois, John Ostrom, um cientista da Universidade de Yale, comprovou algumas similaridades estruturais entre as duas.

Alguns fósseis encontrados mundo afora mostram, claramente, os filamentos onde ficavam as penas, além de terem uma estrutura óssea com aerodinâmica complexa, bem como asas, diz a pesquisadora Ashley Heers, que também é paleontóloga no Museu de História Natural.

A seguir, assista ao vídeo explicativo da exposição Dinossaurs Among Us e aprenda um pouco mais sobre as semelhanças entre aves e dinossauros:



Fotos: Divulgação/American Museum of Natural History
Fonte: Universia Brasil

06/04/2016

Cocô de cavalo mostra caminho que Aníbal usou para invadir Roma


A rota pelos Alpes que Aníbal utilizou com seu exército de elefantes para invadir Roma foi alvo de um debate histórico que durou mais de 2.000 anos, mas cientistas que analisaram amostras de excrementos de cavalo milenares afirmam que têm a resposta.
Mais de 15 mil cavalos e 37 elefantes acompanharam o poderoso exército composto por 30 mil homens que atacaram Roma no ano 218 antes de Cristo, que desencadeou um sangrento conflito que durou anos.
Conduzir um exército com tantos animais não foi uma tarefa fácil e os historiadores debateram durante anos sobre qual foi a rota exata que os cartagineses de Aníbal utilizaram.
"Agora parece que conseguimos, tudo graças à ciência moderna e a um pouco de cocô de cavalo", declarou Chris Allen, um microbiologista da Queen's University de Belfast.
Allen integrou uma equipe internacional liderada por Bill Mahaney da Universidade de York, em Toronto. Os cientistas descobriram um depósito de excremento animal na estreita passagem montanhosa de Col de la Traversette, perto da fronteira entre França e Itália.
As análises dos isótopos de carbono revelaram que as mostras datam do ano 200 antes de Cristo, e nelas os cientistas encontraram rastros da presença de clostridia, uma bactéria detectada nos excrementos dos cavalos.
Para os investigadores, esta pode ser a primeira evidência tangível de atividade tanto humana quanto animal na época em que Aníbal invadiu a Itália.
"Embora não possamos determinar de maneira conclusiva que a evidência pertence a Aníbal, os resultados coincidem com a passagem de uma grande quantidade de animais e pessoas, que devido à altitude não constituem uma prática habitual na zona", afirmou o estudo publicado na revista Archaeometry.
Os cientistas afirmaram que são necessários mais estudos em terra para encontrar ferramentas como fivelas de cinto, adagas ou moedas para confirmar a presença de Aníbal.

Fonte: AFP
Imagem: © 1932 by Phaidon Verlag (Wien-Leipzig) - "Römische Geschichte", gekürzte Ausgabe (1932)

14/03/2016

Escola de Comunicações e Artes analisa peças proibidas pela censura paulista


O Observatório de Comunicação, Liberdade de Expressão e Censura (OBCOM) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP realiza, no próximo dia 19 de março, a quarta apresentação do projeto Censura em Cena, com a leitura dramática da peça de Nelson Rodrigues, Perdoa-me por me traíres, de 1957.

A leitura dramática será seguida de debate e também apresentará um estudo sobre o processo de censura da obra. Participam da mesa os professores e pesquisadores Adilson Citelli, doutor em Literatura Brasileira pela USP; Ferdinando Martins, doutor em Sociologia pela USP; Maria Cristina Castilho Costa, doutora em Ciências Sociais e coordenadora do OBCOM; e a pesquisadora Victória Martins Damasceno, autora do relatório de análise do processo de censura da peça.

O projeto Censura em Cena envolve a análise de 12 peças proibidas pela censura paulista e que hoje compõem o arquivo Miroel Silveira, mantido pela ECA/USP. O acervo reúne 6.137 processos de censura abertos entre 1930 e 1970 pelo Departamento de Diversões Públicas do Estado de São Paulo e vem sendo estudado, desde 2002, pelo grupo de pesquisa coordenado pela professora Maria Cristina Castilho Costa no OBCOM.

A apresentação será no Centro de Pesquisa e Formação do SESC, parceiro do projeto, localizado na rua Dr. Plínio Barreto, 285 - 4º andar, bairro Bela Vista, às 14h.

Para participar é preciso se inscrever gratuitamente pelo site do SESC aqui

Fonte: Agência Fapesp
Foto: Marcos Santos/USP Imagens

10/01/2016

Projeto digital traduz única biografia de escravo brasileiro

Fonte: Projeto Baquaqua - Reverendo William, que ajudou o ex-escravo a aprender inglês, e Mahommah G. Baquaqua

Além de fazerem a versão brasileira da biografia de Mahommah G. Baquaqua, pesquisadores criaram uma plataforma para ajudar professores a trabalharem o conteúdo

Apesar de o sistema escravocrata brasileiro ter durado mais de 350 anos, não há muitos relatos sobre a época feitos por suas principais vítimas. Na verdade, há apenas um – e ele foi escrito em inglês. O africano nascido livre Mahommah Gardo Baquaqua escreveu sua autobiografia, An Interesting Narrative. Biography of Mahommah G. Baquaqua, quando morava no Canadá. Séculos depois, o livro ganha sua primeira versão brasileira.

A obra ganhou uma edição revitalizada em 2001, organizada pelo professor Paul Lovejoy, da Universidade de York, e pelo escritor Robin Law. A tradução para o português, que ainda não tem data de lançamento, é coordenada por Bruno Véras que, com o apoio de Lovejoy e pesquisadores brasileiros, está levando o projeto adiante.

O objetivo deste trabalho é incentivar o ensino da história negra e da diáspora africana que, apesar de ser obrigatório em todas as escolas, não recebe o destaque adequado. Dessa forma, além da publicação do livro, foi desenvolvido também um site sobre a vida do ex-escravo, para auxiliar os professores a trabalharem o conteúdo com seus alunos. O portal do Projeto Baquaqua traz um breve relato sobre a vida do autor, além de algumas fotos e vídeos explicativos.

E ainda será lançado, em breve, o Livro Ilustrativo de Atividades Baquaqua, voltado para crianças do Ensino Fundamental, que explica a trajetória do africano de forma didática, e poderá ser baixado online. Por fim, estão sendo desenvolvidos workshops em Pernambuco para orientar os educadores em como incorporar esse tema ao currículo pedagógico.

Para Bruno, coordenador do projeto, a biografia de Baquaqua pode ajudar os alunos a entenderem melhor o que foi a escravidão no Brasil, pois dá um nome e um rosto a um escravo, narrando os fatos de seu ponto de vista. Além disso, sua história de superação – que foi capturado em seu país na África e libertou-se ao fugir para os Estados Unidos durante uma viagem de navio com seu senhor – subverte a imagem clássica de submissão e sem identidade que se criou sobre os escravos.



Por Angela Destri
Publicado em Instituto Claro