O Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações realiza a 13ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia entre 17 e 23 de outubro
Graças à ciência e tecnologia, em 50 anos, o Brasil saltou da condição de insegurança alimentar para a de segundo maior exportador de alimentos do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. E uma projeção da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) coloca o Brasil na liderança em 2024.
A contribuição da ciência para a produção de alimentos e a segurança alimentar é o tema da 13ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia que o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) realiza entre 17 e 23 de outubro em todo o País.
"Houve um salto muito expressivo da agropecuária brasileira. A nossa agricultura é baseada em ciência. Chegamos a esse patamar por conta da pesquisa agropecuária. Houve investimentos significativos para que chegássemos a esse ponto e é fundamental que continuemos investindo em pesquisa para seguir essa trilha", afirmou o diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Ladislau Martin Neto.
Pesquisa revolucionária
A pesquisa científica foi fundamental, por exemplo, no desenvolvimento da tecnologia de fixação biológica de nitrogênio no solo. O método inovador da engenheira agrônoma Johanna Döbenreiner (1924-2000), tcheca naturalizada brasileira, consiste na inserção de bactérias Rhizobium em sementes para que os organismos celulares sirvam como uma espécie de adubo natural.
A técnica permitiu que o solo do cerrado, de elevada acidez, tornasse-se um terreno fértil. O trabalho, que começou com a soja, hoje se estende para outras culturas. O método inovador que transformou o cerrado em área produtiva tornou o cultivo mais barato e natural, uma vez que substituiu o uso de fertilizantes nitrogenados – um insumo caro e poluente.
"Esse processo gera uma economia anual de US$ 10 bilhões apenas na cadeia da soja, além de todos os impactos ambientais positivos da não utilização da adubação nitrogenada. O orçamento anual da Embrapa é de US$ 1 bilhão e, com a utilização de uma única tecnologia, conseguimos pagar o funcionamento da cadeia de pesquisa por dez anos", explicou Martin Neto.
A tecnologia garantiu a Johanna Döbenreiner um assento na Academia de Ciência do Vaticano, além de uma indicação para o Prêmio Nobel de Química em 1997.
Mais com menos
Um dos trunfos da agropecuária brasileira é a produtividade. Segundo levantamento do Ministério da Agricultura, cada hectare semeado no Brasil é capaz de produzir até três toneladas de alimentos.
Na década de 1990, esse valor era de uma tonelada/hectare. Nesse período, o incremento da produção foi de 250%, saltando de 60 milhões de toneladas por safra para 250 milhões de toneladas. A área plantada, porém, cresceu em um ritmo muito menor: 50%.
Isso só foi possível com a incorporação de diferentes tecnologias ao trabalho no campo. A biotecnologia, a nanotecnologia e as tecnologias da informação e comunicação (TICs) foram fundamentais para melhorar a produtividade do agronegócio.
"O uso de novas tecnologias nos permite produzir mais usando menos área e menos recursos naturais. Elas são aliadas da agropecuária. Um dos exemplos é o melhoramento genético, mas há também o desenvolvimento de insumos e de máquinas agrícolas e ferramentas de gestão da produção", enfatizou Ladislau Martin Neto, da Embrapa.