08/08/2016

Pesquisadores descrevem nova espécie de rã no Nordeste

Encontrada nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, nova espécie é a 19ª de grupo conhecido como rãzinhas do brejo, típicas da América do Sul

Diego Freire  |  Agência FAPESP – Pesquisadores do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas (IB-Unicamp) identificaram e descreveram uma nova espécie de Anura, ordem de animais que inclui os sapos, as rãs e as pererecas, nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte. As características da rã são descritas em artigo publicado no periódico científico alemãoSalamandra.
A descoberta foi feita no âmbito do projeto “Comunicação e sistemas sensoriais em anuros da Mata Atlântica”, coordenado por Luís Felipe Toledo, do IB e do Museu de Zoologia da Unicamp, com apoio da FAPESP.
Pertencente ao gênero Pseudopaludicola, do qual fazem parte outras 18 espécies conhecidas como rãzinhas do brejo, que ocorrem em diversas regiões da América do Sul, a nova rãzinha mede cerca de 15 mm, menos que uma moeda de R$ 1, que tem cerca de 27 mm de diâmetro – o que, de acordo com os pesquisadores, corrobora a hipótese de miniaturização do gênero ao longo do seu processo evolutivo.
Para identificar a nova espécie os pesquisadores tiveram que lançar mão de um arsenal de ferramentas – além da morfologia, utilizaram recursos da biologia molecular, citogenética, acústica entre outras – para diferenciar a Pseudopaludicola jaredi, assim batizada em homenagem ao biólogo Carlos Alberto Gonçalves Silva Jared, do Instituto Butantan.
“Estamos refinando o conhecimento sobre as espécies mais crípticas, morfologicamente idênticas. A identificação, nestes casos, tem que ser feita por meio de taxonomia integrativa, que reúne pesquisadores de áreas diversas do conhecimento”, afirma Toledo. Assim, o artigo que descreve a Pseudopaludicola jaredi é assinado por nove pesquisadores.
A pesquisa reuniu pesquisadores do Departamento de Biologia Estrutural e Funcional do IB-Unicamp, do Laboratório de Taxonomia, Ecologia Comportamental e Sistemática de Anuros Neotropicais da Faculdade de Ciências Integradas do Pontal (Facip) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), do Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas do Departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), do Laboratório de Zoologia do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), do Laboratório de Anfíbios e Répteis do Departamento de Botânica e Zoologia do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e do Laboratório de Vertebrados do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal do Rio Grande (FURG).
Entre os pesquisadores está Felipe Silva de Andrade, do Laboratório de História Natural de Anfíbios Brasileiros (LaHNAB) do IB-Unicamp, que fez a revisão taxonômica do gênero no âmbito de tese de doutorado apoiado pela FAPESP.
“Trata-se de um fenômeno ainda pouco compreendido para o grupo, mas a descrição de uma nova espécie contribui para o reconhecimento da real biodiversidade ainda subestimada do gênero e para o avanço do conhecimento sobre os processos evolutivos que potencialmente atuaram na evolução de seus caracteres fenotípicos, como sua morfologia e seu canto”, diz Andrade.
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Foto: Daniel Loebmann