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22/08/2016

Na luta contra o câncer, a esperança em cápsulas

Início dos testes clínicos em São Paulo traz alento para vítimas do câncer e familiares, que têm na liberação da fosfoetanolamina uma chance de sobreviver com menos dor e mais dignidade.
A época não era das melhores para o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). Com a imagem desgastada pelos efeitos da sua má gestão dos recursos hídricos e pelo desastrado projeto de fechar escolas para conter gastos, ele finalmente ouviu o clamor de doentes de câncer e de quem os têm na família. Pesou ainda a pressão dos deputados estaduais Roberto Massafera (PSDB) e Ricardo Madalena (PR), e do federal Lobbe Neto, também tucano, todos defensores da liberação da fosfoetanolamina sintética, a FOS.
Massafera é testemunha pública dos efeitos positivos das cápsulas que tomou. Em 23 de novembro, Alckmin recebeu no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo estadual paulista, o químico Gilberto Orivaldo Chierice, que se aposentou como professor do Instituto de Química de São Carlos, vinculado à Universidade de São Paulo (USP), e outros pesquisadores, que explicaram os princípios da substância. Segundo relatos de doentes, muitos com atestado médico, houve redução das dores e do avanço da doença, e melhora da qualidade de vida. Quatro dias depois, em reunião com o então ministro da Saúde, Marcelo Castro (PMDB), o tucano pediu autorização do seu uso compassivo e anunciou a realização de testes clínicos no estado.
No último 25 de julho, após oito meses, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) passou a ministrar cápsulas da fosfoetanolamina produzida num laboratório em Cravinhos, município do interior, conforme formulação da equipe de Chierice. Nessa­ primeira fase, para atestar a segurança, estão incluídos dez pacientes. Se não houver reação tóxica, o estudo será ampliado para mais 200 pacientes com tumor de cabeça e pescoço, pulmão, mama, cólon e reto (intestino), colo uterino, próstata, melanoma, pâncreas, estômago e fígado. Se tudo der certo, o grupo crescerá progressivamente até alcançar mil pessoas.
"Não estamos apoiando charlatanismo nem empirismo. Há uma base científica já publicada. Fizemos a leitura de todos os estudos publicados em revistas científicas de prestígio antes de desenhar o projeto de pesquisa aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa, o Conep", afirmou o imunologista David­ Uip, secretário estadual de Saúde de São Paulo, em entrevista coletiva, ao anunciar o início dos testes. "Não acreditamos em efeitos tóxicos. Observamos tudo o que foi feito, o laboratório que sintetizou, a dose utilizada em pelo menos 20 mil pacientes nesses anos todos. Nossa expectativa é de que os efeitos, que devem aparecer em quatro meses, sejam iguais aos observados nesses 20 mil pacientes. E enquanto tiverem melhora, por mais leve que seja, os pacientes serão mantidos no estudo."

Definição

Para o diretor-geral do Icesp, o oncologista Paulo Hoff, o estado tem a obrigação de esclarecer, de uma vez por todas, se o produto é mesmo eficaz na diminuição das dores, no controle do crescimento do tumor e revitalização dos pacientes. "Temos de levar em conta o interesse da população, o grande número de pessoas que fizeram uso e as tantas outras que entraram na Justiça para continuar o tratamento e dar uma resposta à sociedade." O governo estima em 18 mil as liminares contra a USP e o estado.
Com dividendos eleitorais e a chance de entrar para a história por ter desafiado a indústria farmacêutica por trás das temidas sessões de quimioterapia – um patamar acima do colega tucano José Serra, que se autointitula criador dos genéricos –, os testes têm, porém, significado muito mais nobre. É a renovação da esperança de um atalho para a liberação da FOS.
"Este é um momento precioso para a nossa luta. Precisamos dos testes clínicos porque seus resultados, muito aguardados, poderão influir na decisão dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Dos quatro ministros que votaram a favor da liminar que proibiu a distribuição, três não foram tão firmes, demonstrando postura quase a favor da FOS. Os testes podem ainda vir a ser usados em processo para registro como medicamento na Anvisa", comemora a analista de sistemas Bernardete Cioffi, de São Paulo, coordenadora do Instituto Viva Fosfo, que defende o direito de escolha pela vida, saúde e dignidade.
Entre as ações, a entidade orienta e cadastra pacientes oncológicos para medidas jurídicas e negociações coletivas para obtenção de benefícios. Com diagnóstico de metástase óssea devido ao câncer de mama, Bernardete estava tão debilitada que só saía da cama em cadeira de rodas. Sua vida de dores intensas mudou em junho do ano passado, quando soube da prisão de um colaborador de Chierice, o catarinense Carlos Kennedy Witthoeft, de Pomerode, por fabricar fosfoetanolamina em casa.

Novas leis

Sua filha, médica, leu os 2.700 trabalhos publicados em sites científicos sobre a substância até então desconhecida pela família. "Se não curar, mal não vai fazer. Se houver algum efeito colateral, deixa de tomar", recorda Bernardete, sobre a recomendação da filha. Dias depois, entrava com pedido de liminar para obter cápsulas em São Carlos. "Tive de parar o uso várias vezes por causa de reveses na Justiça. Se eu não tivesse parado, poderia até estar curada", acredita ela, ressaltando estar satisfeita pelo câncer deixar de avançar e por ter restaurado sua condição física.
Como uma porta-voz dos usuários da FOS, Bernardete hoje percorre o país para audiências públicas e palestras. E promete continuar levando fatos novos aos ministros do Supremo, que em abril deu vitória apertada, por 6 a 4, à Associação Médica Brasileira (AMB), na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5.501, contra a Lei 13.269/2016, sancionada por Dilma Rousseff em 13 de abril, que autoriza a distribuição da FOS para pacientes diagnosticados com tumor maligno.
Comemorada por pacientes e familiares de todas as classes sociais e até em outros países, a lei foi duramente criticada na mídia conservadora, costumeiramente aberta a entidades médicas, como a AMB – a mesma que capitaneou hostilidades contra os profissionais cubanos do programa Mais Médicos. Colunista do jornal Folha de S.Pauloe defensor dos transgênicos, o médico Drauzio ­Varella chamou de "ignorância populista" a decisão do Congresso de aprovar a liberação da substância "sem que nenhum estudo tenha sido submetido à apreciação da Anvisa".
Para a AMB, faltam testes em seres humanos que confirmem a eficácia e a segurança. "Não me sinto representada nem defendida pela entidade, que falta com a verdade ao dizer que a substância não foi avaliada. E não estou sendo atacada. Pelo contrário. Como paciente, estou tendo ampliado meu direito a alternativas de tratamento", rebate Bernardete.
A Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro ingressou como amicus curiae ("amigo da corte", em latim, parte estranha à causa que oferece informações) para subsidiar os ministros. "Entre os nossos argumentos, o desinteresse da entidade médica em entrar com medida semelhante contra o cigarro e suas mais de 4.500 substâncias tóxicas que já mataram milhões de pessoas, e os agrotóxicos liberados pela Anvisa que são proibidos em muitos países", explica o defensor Daniel Macedo, que em 2015 começou a acompanhar o caso em busca de informações – que, segundo ele, não estavam sendo repassadas pela imprensa.

Testes

"Requisitei informações aos pesquisadores, à USP e à juíza Gabriela Müller Carioba Attanasio, da Vara de Fazenda Pública em São Carlos, que concedeu mais de 900 liminares favoráveis às pessoas que queriam obter a fosfoetanolamina. Esse fato é que me deixou mais estarrecido e me deu mais segurança. Com isso, fui pesquisar o currículo dos pesquisadores, analisar as pesquisas científicas com suporte de outros pesquisadores. É como a construção de um prédio, no qual fiz a fundação e construí os andares", diz.
O defensor trabalha agora numa ação civil pública contra irregularidades nas pesquisas conduzidas no âmbito de uma força-tarefa iniciada em outubro do ano passado, pelo então Ministério da ­Ciência, Tecnologia e Inovações, para realização de testes com objetivo de acelerar o processo de registro na Anvisa. Entre as falhas, o uso de cápsulas cuja formulação é diferente da de Chierice. "Está sendo estudada uma fosfoetanolamina sintética desenvolvida nos laboratórios da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) a partir do relatório de patente depositada pelos pesquisadores no Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Intelectual). Só que por motivos de proteção da fórmula original, não são divulgados todos os detalhes", aponta Macedo.
"Quando você faz isso, significa má-fé. Quando você suborna dados, significa má-fé. E essa má-fé nós não podemos admitir como pessoa, nem como pesquisador", disse o químico Chierice durante reunião das Comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática, Assuntos Sociais, Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, em 5 de abril. E avisou: "Para alegria de todos e para não preocupar muito os nossos centros de pesquisa, já começamos a fazer estudos clínicos talvez no México, Coreia e talvez no Canadá. Vai ser feito paralelamente porque não dá para confiar no que vai ser feito aqui no país".
A Defensoria questiona ainda o desvirtuamento do uso dos recursos federais. Dos R$ 10 milhões destinados à pesquisa em andamento em laboratórios ligados às universidades federais do Rio de Janeiro, Ceará e Santa Catarina, R$ 2 milhões já foram gastos. "Vamos pedir a desconstituição dessa equipe, a desconsideração dos resultados e trazer a ciência para o processo judicial. Mas da forma como está sendo conduzido, isso vai determinar resultados falso-positivos quando entrar na fase clínica. E nós não podemos admitir uma lesão ao erário", afirma Macedo.
Falhas como essas, segundo Bernardete, não devem se repetir na pesquisa paulista, que utiliza formulação original e que tem acompanhamento da equipe de São Carlos. No entanto, ela teme "sabotagem" em nível de administração do medicamento aos pacientes. "Vamos continuar vigilantes. Em dois meses, deveremos ter a resposta quanto à segurança", afirma, otimista.
Alternativa em meio a polêmicas



A “pílula do câncer” não cura a doença. É um coadjuvante que potencializa – e não substitui – a quimioterapia. Ou seja, ajuda a matar as células tumorais com doses menores desses fármacos, efeitos colaterais menos severos e melhora da qualidade de vida do paciente oncológico.


A fosfoetanolamina é conhecida desde o início do século passado. Encontrada primeiro na membrana celular de tumores, chegou a ser considerada causadora da doença. Por isso, um orientando de Gilberto Chierice queria inibir a ação dessa substância. Na pesquisa, observou a presença no leite materno. Por que um alimento produzido pelo próprio organismo concentraria um agente cancerígeno?

Como câncer é a multiplicação de células defeituosas e nos primeiros meses de vida é quando as células se multiplicam mais rapidamente, a substância poderia ter o papel de debelar e não de causar tumores. Uma proteção natural no leite, desconfiaram os pesquisadores. A fosfoetanolamina biológica, então isolada, mostrou ação seletiva contra as células tumorais em laboratório. Daí para estabelecerem doses foi um pulo, e as pesquisas começaram no Hospital Amaral Carvalho, em Jaú (SP), que já testava próteses fabricadas com óleo de mamona desenvolvidas por Chierice.

Como a obtenção da substância biológica era custosa é difícil, os bons resultados apontaram para a necessidade de a sintetizarem, assim como foi sintetizada a insulina, por exemplo. “Durante nove meses, 24 horas por dia, Chierice e o químico Otaviano Mendonça Ribeiro Filho se revezavam no laboratório do Instituto de Química de São Carlos. Foram milhares de testes até chegar a uma síntese com a mesma biodisponibilidade, sem toxicidade”, conta Bernardete Cioffi, coordenadora do Instituto Viva Fosfo.

Segundo ela, isso foi em 1995, quando surgiram oncologistas interessados e propostas milionárias. “Para proteger a fórmula, e não para lucrar, os pesquisadores patentearam e começaram a procurar órgãos ligados ao Ministério da Saúde, cujas reuniões foram documentadas. A Anvisa ainda não existia. Quando a pesquisa foi suspensa em Jaú, os pacientes que se beneficiavam iam buscar mais cápsulas.

Os médicos, vendo melhora na saúde, os encaminhavam para procurar o “professor” no laboratório de São Carlos. “Não tem como impedir que se espalhe a fama de algo que mostra resultado bom”, conta Bernardete. No entanto, o hospital não renovou o convênio de pesquisa e os registros e prontuários dessa pesquisa nunca foram encontrados. “Todo convênio de pesquisa tem a chancela do Ministério da Saúde, e o de Jaú chegou a ser publicado no Diário Oficial da União”, diz o defensor público da União no Rio de Janeiro Daniel Macedo. “No entanto, documentos e prontuários desapareceram, o hospital desconversa, nega ter havido testes ali, e o ministério não foi atrás.”

A aposentadoria de Chierice, em 2013, coincidiu com uma portaria da USP, meses depois, proibindo a distribuição de qualquer substância sem registro na Anvisa. Em junho de 2015, quando Carlos Kennedy Witthoeft foi preso em Santa Catarina,  havia uma avalanche de liminares no Fórum de São Carlos. O caso então explodiu na imprensa e nas redes sociais – e foi parar no Congresso Nacional.

Fonte: RBA
Imagem: Cecília Bastos Ribeiro - USP

21/08/2016

Nanopartículas reduzem os efeitos ruins da quimioterapia

Mais específicas, nanoesferas atacam células tumorais e ‘preservam’ as boas.


Queda de cabelo, ansiedade, náuseas, vômitos, anemia, fadiga e falta de apetite são alguns dos efeitos colaterais que a maioria dos pacientes de quimioterapia experimenta. Uma pesquisa brasileira que usa nanopartículas na administração da quimioterapia promete mudar completamente esse prognóstico.
Os efeitos colaterais acontecem porque os medicamentos contra o câncer não conseguem diferenciar a célula tumoral de uma partícula saudável. Assim, além de matar as células que causam a doença, elas matam células normais na mesma proporção.
Pesquisadores do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPem), órgão vinculado ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MTCI), localizado em Campinas, estão desenvolvendo uma tecnologia em que nanopartículas apliquem o medicamento diretamente sobre as células do câncer, poupando as células saudáveis.
“Para que se tenha uma ideia das dimensões, imagine que um fio de cabelo tem, em média, um diâmetro de 50 micrômetros (a milionésima parte de um metro). A nanopartícula é mil vezes menor que o diâmetro de um fio de cabelo. Por elas serem muito pequenas é que são eficientes”, conta o pesquisador Matheus Resende, do LNLS.
Ele explica que as nanopartículas são pequeníssimas esferas com a superfície cheia de furinhos, como se fossem bolas de golfe. Dentro desses furos, os cientistas conseguem colocar o medicamento quimioterápico que será utilizado no ataque à célula doente.
Essas nanoesferas também são revestidas com uma substância para a qual as células tumorais têm muitos receptores. No caso da pesquisa brasileira, são folatos. “É quase que um complexo de vitamina B. As células sadias têm receptores de folato, mas as células tumorais apresentam de 200 a 300 vezes mais receptores. Ela quer folato a qualquer custo. Dessa forma, a nanopartícula é preferencialmente atraída para a célula tumoral em vez de ir para as células sadias”, explica Resende.
O resultado desse processo é que as células saudáveis não são tão atacadas pelo medicamento como as tumorais, e o paciente experimenta menos efeitos colaterais do tratamento. Nos estudos realizados por Resende e sua equipe, o medicamento matou cerca de 80% de células do câncer, contra somente 15% a 20% de células normais. É uma proporção de quatro células doentes para uma saudável, uma diferença grande para a quimioterapia convencional.
Perspectiva. Para o pesquisador, a tendência para quando essa técnica estiver completamente desenvolvida é que se tenha uma terapia completamente personalizada para o paciente. “A pessoa receberá o diagnóstico de câncer e passará por uma coleta de amostra das células tumorais. O exame irá mostrar a qual tipo de medicação essas células reagem melhor e quais tipos de receptores elas têm em sua superfície. Assim, o paciente receberá um medicamento sob medida para sua doença”, explica o cientista.
Mas esse avanço, por enquanto, está longe de ser alcançado. A pesquisa realizada no LNLS ainda está na fase de testes in vitro. “Ainda não houve testes em animais nem em humanos. Agora, preciso de instituições e pesquisadores parceiros para a realização desses testes”, explica Resende.
Ele também precisará de uma verba maior para as próximas etapas de sua pesquisa. Por isso, prevê que essa tecnologia não será disponibilizada aos pacientes antes da próxima década. “Mas é um avanço significativo do ponto de vista da ciência e da saúde. Precisamos sempre dar o primeiro passo”, conclui.
Fitoterápico
Pesquisa. O primeiro medicamento usado pelo cientista Matheus Resende foi a curcumina, substância extraída da cúrcuma que tem conhecidas propriedades antitumorais.

CARCINOMA ORAL

Estudo vê marcadores de proteína da doença

No Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPem), outra pesquisa conseguiu identificar diferenças na saliva das pessoas com carcinoma oral de células escamosas (OSCC), um dos tipos mais comuns de câncer de boca, que leva 20% dos pacientes à morte em até cinco anos depois do diagnóstico.
O teste elaborado pelos pesquisadores levou à identificação de 38 proteínas presentes na saliva de pacientes com lesões ativas do câncer e cinco proteínas que só aparecem em pacientes que, apesar de terem o câncer, não têm as lesões.
“O estudo abre caminho para a definição de proteínas marcadoras de prognóstico que poderão auxiliar a decisão clínica dos oncologistas. Além disso, as proteínas selecionadas refletem alterações em mecanismos celulares que podem ajudar a elucidar o surgimento e a progressão desse tipo de câncer oral”, diz Adriana Paes Leme, coordenadora da pesquisa. (RS)
Tratamentos
O desafio do alto custo. Um dos principais desafios no financiamento da assistência oncológica na rede pública é o preço cobrado pelas drogas mais inovadoras. As novas tecnologias e medicamentos tornaram-se mais efetivos contra os tumores, mas o processo de descoberta dessas terapias encarece o produto final. “Conseguimos olhar o alvo e quase que desenhar uma molécula capaz de destruir a célula tumoral. Só que essas drogas chegam caras ao mercado”, explica Riad Younes, diretor do centro de oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
Linfomas
Hodgkin e não Hodgkin. Um dos tipos de câncer que deverá crescer com o envelhecimento da população é o linfoma, tumor que atinge o sistema linfático, estrutura do corpo que tem como uma de suas principais funções a produção de células de defesa. A doença se divide em dois grupos: Hodgkin e não Hodgkin. O primeiro atinge jovens entre 15 e 30 anos e tem maior chance de cura. O segundo é mais prevalente, correspondendo a cerca de 80% de todos os casos da doença, e está mais relacionado ao avanço da idade.
Fonte: O Tempo

23/06/2016

Pesquisadores da Unifesp usam laser contra câncer de cabeça e pescoço


Diego Freire | Agência FAPESP – Com o objetivo de oferecer um tratamento menos agressivo a pacientes com câncer avançado, pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aplicam de forma experimental em um ambulatório da instituição uma técnica inovadora que utiliza luz infravermelha para remover tumores sólidos em cabeça e pescoço.
Introduzida e aprimorada pelo Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Unifesp no âmbito do projeto temático Combinação de cisplatina e laser no tratamento de câncer de cabeça e pescoço, realizado com o apoio da FAPESP, a técnica consiste na termoablação do tumor – a evaporação da água no compartimento celular de lesões sólidas e consequente eliminação do tecido tumoral – aplicada em paralelo a injeções intratumorais do medicamento quimioterápico cisplatina.
“Com essa prática ambulatorial conseguimos melhorar certas condições mórbidas do paciente, como sangramento, dor por compressão tumoral, infecção local e odor, que impactam a qualidade de vida em uma doença avançada”, diz Marcos Bandiera Paiva, que trouxe a técnica para o Brasil após 20 anos de pesquisa na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), onde mais de 500 pacientes já foram submetidos ao procedimento com sucesso.
Conhecida como laser-indução de terapia térmica (LITT), a técnica é utilizada na UCLA para termoablação de tumores de cérebro, mama, pulmão e próstata. Com o apoio da FAPESP, o tratamento foi aprimorado por meio da aplicação de injeções locais de quimioterapia, utilizando-se o quimioterápico cisplatina em combinação com a LITT, uma inovação em comparação ao tratamento administrado nos pacientes nos Estados Unidos, feito apenas com o laser.
A vantagem da combinação de cisplatina com LITT está na abrangência do procedimento. Durante a desobstrução tumoral, observam-se níveis máximos de energia na área central do tumor, submetida a temperaturas acima de 100° C, ao passo que as margens são tratadas em níveis subterapêuticos, com a temperatura do laser entre 40°C e 60°C, o que propicia a recidiva do crescimento tumoral. As injeções localizadas de cisplatina na periferia do tumor potencializam a erradicação tumoral localizada – isso porque, explica Paiva, aquecida nas regiões periféricas do tumor durante a aplicação do laser, a cisplatina tem sua toxicidade aumentada.
“O calor faz com que o quimioterápico tenha sua capacidade de penetrar nas membranas celulares exacerbadas. A célula tumoral fica mais facilmente permeável à cisplatina, potencializando assim a toxicidade da quimioterapia local e levando a uma erradicação mais eficaz do tumor.”
Ao contrário da radioterapia, cuja radiação possui energia suficiente para ionizar átomos e moléculas, danificando as células saudáveis e afetando o material genético, o procedimento adotado no ambulatório da Unifesp pode ser repetido após um intervalo de três semanas, garantindo melhores resultados e até a remoção completa do tumor.
Leia mais em Agência FAPESP
Foto: Leo Ramos/Revista Pesquisa

19/06/2016

Novos testes indicam baixa eficácia da 'pílula do câncer'



Novos testes realizados pelo Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP) concluíram que a fosfoetanolamina, composto que ficou conhecido como "pílula do câncer", não teve eficácia para destruir ou inibir o crescimento de células de câncer de pâncreas ou melanoma. No entanto, a substância foi capaz de reduzir a viabilidade celular em 10,8% e a proliferação em 36,1% no caso do câncer de pulmão. As informações são do G1.

Mas os pesquisadores observaram que a mudança de pH resultante do acréscimo da substância por si só já teria tido esse efeito contra as células de câncer de pulmão. Pos isso, acreditam que esse efeito parece estar relacionado com a redução do pH do meio de cultura e não com a fosfoetanolamina em si.

Para realizar os testes, os pesquisadores utilizaram a fosfoetanolamina sitentizada pelo Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os testes avaliaram a atividade citotóxica e antiproliferativa da substância.

O estudo é parte de uma iniciativa federal, cujo objetivo é estudar a possível eficácia do composto contra o câncer, coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Outros testes semelhantes já apontavam para o baixo potencial da substância.

PROIBIÇÃO JUDICIAL

Em maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, por liminar, a Lei 13.269, que liberava a fabricação e a distribuição da fosfoetanolamina sintética, chamada de pílula do câncer. A substância ficará proibida em todo o país até a corte julgar o assunto de forma definitiva, o que não tem data prevista para acontecer. Sancionada pela presidente agora afastada Dilma Rousseff, a norma permitia que pacientes diagnosticados com a doença usassem a substância por livre escolha.

Fruto de pesquisas de um professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, a fosfoetanolamina foi distribuída localmente durante anos, até junho de 2014, quando uma portaria da própria USP proibiu o repasse. Porém, em outubro de 2015, o ministro Edson Fachin, do STF, concedeu liminar autorizando o acesso por uma paciente em estado terminal. A partir de então, diversos doentes conseguiram liminares semelhantes no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Em novembro, uma nova decisão do TJ-SP proibiu mais uma vez a distribuição.

A procura pela substância foi motivada por relatos de pacientes dando conta de que as pílulas funcionam. Entretanto, a fosfoetanolamina nunca passou pelos testes obrigatórios para todo e qualquer medicamento. E por isso mesmo, também não foi sequer avaliada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão federal responsável por autorizar o uso de remédios no país.

O clamor pelo acesso à substância, porém, continuou. Em março deste ano, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que liberava a fosfoetanolamina sintética mesmo sem testes ou o aval da Anvisa. O texto foi aprovado também pelo Senado e, em seguida, sancionado por Dilma Rousseff.

Desde a aprovação na Câmara, cientistas renomados vêm se posicionando publicamente contra a liberação da fosfoetanolamina. A Associação Médica Brasileira (AMB) argumentou que a “pílula do câncer” não passou pelos testes clínicos em seres humanos, que, de acordo com a Lei 6.360, de 1976, precisam ser realizados antes da concessão de registro pela Anvisa.


Fonte: O Paraná

16/06/2016

Temperatura excessiva de bebidas é causa provável de câncer do esôfago



O consumo de bebidas muito quentes é uma “causa provável” do cancro do esófago, declarou esta quarta-feira o centro de investigação da doença da Organização Mundial de Saúde (OMS).

O Centro Internacional de Investigação sobre Cancro (CIRC, sigla em francês) eliminou também as suspeitas sobre o café ou o chá-mate, consumidos a temperaturas normais.

“Estes resultados permitem pensar que o consumo de bebidas muito quentes é uma causa provável de cancro do esófago e que é a temperatura, mais do que a bebida em si, que parece ser a causa” da doença, afirmou o diretor do centro, Christopher Wild.

Fonte: Observador

10/06/2016

Cientistas alemães tentam criar vacina contra o câncer

Um grupo cientistas alemães está tentando criar uma vacina universal contra o câncer graças a uma técnica que ensina o sistema imunitário a atacar os tumores, segundo um estudo hoje publicado na revista Nature.

Os pesquisadores da Universidade de Maguncia utilizaram nanopartículas com ARN de um tumor para simular a intrusão de um agente patogênico para a corrente sanguínea e desencadear uma resposta autoimune.

A revista sublinha que os pesquisadores alemães conseguiram induzir respostas antitumor em ratinhos e, numa primeira fase experimental em seres humanos, em três pacientes com melanoma avançado.

A pesquisa, "provavelmente, representa um passo no sentido de uma vacina universal contra o câncer", escreve a revista.

Os cientistas já descobriram que é difícil encontrar mecanismos de vacinação eficazes porque as células cancerígenas são semelhantes em muitos aspetos ao normal, de modo que o sistema imunológico evita atacar.

O método só produz uma resposta defensiva eficiente quando as células cancerígenas produzem antígenos -- substâncias que fomentam a criação de anticorpos -- distintos do que produzem as células saudáveis.

Outro dos fatores que limita a resposta imune ao câncer é que o crescimento dos tumores não é acompanhado de sinais inflamatórios importantes, como as que ocorrem durante a infeção microbiana, que dispara a resposta autoimune.

Por aquele motivo, o sistema imunitário em ocasiões tolera, ou promove, a formação de um tumor.

Fonte: Diário de Notícias

01/06/2016

Fosfoetanolamina falha em novos testes com tumores em roedores



O Ministério da Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) publicou em seu site sobre a fosfoetanolamina dois novos estudos feitos pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará que concluíram que o composto que ficou conhecido como "pílula do câncer" não teve efeito inibidor sobre dois tipos de tumores em roedores.

Nas pesquisas conduzidas pelo professor Manoel Odorico de Moraes Filho, dois grupos de animais, um de ratos e outro de camundongos, foram inoculados com tumores de rápida proliferação --carsinossarcoma 256 de Walker e sarcoma 180, respectivamente. Em seguida, parte dos animais recebeu doses de fosfoetanolamina durante 10 dias.

Em ambos os casos, comparando-se a evolução das cobaias que receberam o suposto remédio e os que não o receberam, chegou-se à conclusão de que a substância não teve efeito inibidor dos tumores.

Leia mais em G1
Fonte: Dennis Barbosa/G1
Foto: Cecília Bastos/USP Imagem

17/05/2016

Atividade física regular reduz risco de 13 tipos de câncer



Praticar atividades físicas regularmente reduz o risco de desenvolver 13 tipos de câncer, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na revista da Associação Médica Americana (JAMA).

"Nossos resultados mostram que a relação entre execício e redução do risco de câncer pode ser generalizada em diferentes grupos de pessoas, incluindo aquelas com sobrepeso e as que foram fumantes", explicou Steven Moore, autor principal do estudo.

Estima-se que 51% dos adultos nos Estados Unidos e 31% no mundo não fazem o mínimo de exercício físico recomendado para estar em boas condições de saúde, destacam os autores do estudo, pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer.

As atividades às que o estudo se refere são: caminhar, correr, nadar ou pedalar, em um ritmo que pode ir de pausado a intenso durante 150 minutos por semana, precisam os especialistas.

Os autores do estudo trabalharam com dados provenientes de 1,44 milhão de pessoas de entre 19 e 98 anos nos Estados Unidos e Europa. Os participantes foram acompanhados durante em média 11 anos, período durante o qual 187.000 novos casos de câncer foram diagnosticados.

O estudo não só confirmou a relação, já comprovada por estudos anteriores, entre atividade física e redução do risco de câncer de cólon, de mama e de endométrio, senão que também revelou este vínculo em outros dez tipos da doença.

Os pesquisadores quantificaram, ainda, a redução do risco para os seguintes tipos de câncer: esôfago (-42%), fígado (-27%), pulmão (-26%), rim (-23%), estômago (-22%), endométrio (-21%), sangue (-20%), cólon (-16%) e mama (-10%), entre outros.

Na maioria dos casos, a relação entre atividade física e redução do risco de câncer se manteve independente do peso da pessoa e de se era fumante ou não. Para o total de cânceres, a diminuição do risco em consequência do exercício foi de 7%.

Por outro lado, as atividades físicas foram relacionadas com um aumento de 5% do risco de câncer de próstata e de 27% de melanoma, um câncer agressivo da pele, principalmente nas regiões mais ensolaradas dos Estados Unidos.

Fonte: AFP
Imagem: Freepik

10/05/2016

Cientistas fazem células cancerígenas se autodestruírem


Uma equipe de cientistas dos Estados Unidos descobriu um possível fármaco que faz com que as células cancerígenas se autodestruam, segundo publicou nesta segunda-feira a revista "Proceedings of The National Academy of Sciences" (PNAS).

O novo composto químico age sobre as células cancerígenas com mais precisão do que qualquer tratamento existente, segundo a pesquisa feita por cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps (TSRI), na Flórida.

O grande avanço deste possível remédio, que foi testado em animais, é a precisão, já que ataca diretamente as células que causam o câncer, inclusive as que permanecem ocultas, e não afeta às células saudáveis.

Esse composto químico ativa um mecanismo pelo qual as células cancerígenas "se matam" de forma "programada", explicou o professor Matthew Disney, que liderou a equipe de pesquisa.

A descoberta pode ser implementada nos principais fármacos contra o câncer utilizados na atualidade em tratamentos, de modo que melhorem a identificação das células cancerosas e atuem diretamente contra elas.

Isto significa que não seria apenas um tratamento eficaz, também atuaria diretamente sobre o tumor, com o que se minimiza o dano às células saudáveis.

Até o momento, os tratamentos de maior precisão exigiam um maior tempo de espera ou eram mais longos. No entanto, este composto melhora o tratamento em todos os sentidos: é mais rápido, mais eficaz e menos agressivo.

O tipo de câncer no qual o tratamento é mais efetivo é o câncer de peito de mais rápido crescimento, que representa entre 10% e 20% dos casos de câncer de mama.

Os pesquisadores do laboratório da Disney esperam que o fármaco, uma vez aprovado, possa ser aplicado no futuro a todos os tipos de tumores e inclusive para combater doenças virais graves como a zika e o ebola.

Essa descoberta foi possível com a aplicação da engenharia e da informática à medicina, uma estratégia na qual são pioneiros os laboratórios do TSRI, uma das das maiores organizações especializadas na pesquisa biomédica. 


Fonte: EFE
Imagem: hypescience

01/05/2016

USP desenvolve material que evita danos a células sadias na radioterapia


Pesquisadores da USP em Ribeirão Preto (SP) desenvolveram um material capaz de identificar com precisão a intensidade de radiação emitida pelos equipamentos de radioterapia. O estudo, publicado esse mês em uma revista científica inglesa, deve tornar o tratamento contra alguns tipos de câncer mais seguro e eficaz.

O professor e orientador da pesquisa, Osvaldo Baffa Filho, explica que atualmente existem técnicas que ajudam os profissionais de saúde a calcular a quantidade de radiação emitida pelos equipamentos, de acordo com o tipo e a agressividade de câncer a ser combatido.

Apesar disso, muitas vezes os pacientes têm órgãos ou tecidos saudáveis afetados pelas ondas eletromagnéticas durante as sessões, causando queimaduras e destruição de células sadias, justamente porque os técnicos não conseguem “regular” os aparelhos com precisão.

“É diferente de fazer quimioterapia, em que você pega a dose de remédio, o paciente toma ou injeta, e você sabe o quanto está colocando. Na radioterapia você usa uma radiação ionizante que é invisível, e você tem que fazer com que essa radiação chegue até o tumor”, detalha.

O estudo começou há três anos e, nesse período, os pesquisadores desenvolveram um material composto por óxido de magnésio, acrescido dos elementos químicos lítio, cério e samário, capaz de acumular a radiação emitida pelos aparelhos de radioterapia.

“Essa tecnologia permite que a gente faça um filme, como se fosse uma chapa de raio-x, que vai mostrar qual a dose em cada ponto atingido pela radição. A gente vai conseguir fazer como se fosse uma fotografia em tempo bastante rápido, praticamente imediato”, diz.

Autor do estudo, o físico Luiz Carlos Oliveira afirma que o material já foi patenteado. O próximo passo é o desenvolvimento tecnológico, ou seja, buscar empresas que tenham interesse em transformar a substância em um produto comercial.

“Desenvolvemos a parte mais difícil, que é o elemento detector. Agora, cabe à indústria dar sequência. Com esse material faremos um controle de qualidade das máquinas. Então, verificar se o que foi planejado pelo médico realmente foi ou será entregue ao paciente”, afirma.

Para o radioterapeuta Harley Francisco de Oliveira, professor da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão, a descoberta deve promover mais segurança ao tratamento radioterápico e qualidade de vida aos pacientes com câncer.

"O grande objetivo da medicina é levar a cura, sem os trantornos, os efeitos colaterais das toxicidades dos tratamentos e, principalmente, da radioterapia, que geralmente são reações sérias. Evidentemente, estamos promovendo benefícios a esses pacientes", afirma.

Veja a reportagem em G1

Fonte: G1
Foto: Maurício Glauco/EPTV

29/04/2016

Como a análise de dados na nuvem pode ajudar a vencer o câncer


Quando a atriz Angelina Jolie descobriu que carregava uma mutação defeituosa do gene BRCA1, seus médicos disseram que ela tinha 87% de chance de desenvolver câncer de mama.
Foi o suficiente para que a americana optasse por uma dupla mastectomia em 2013 e reduzisse o risco para apenas 5%.
Esse tipo de testagem genética agora pode ser feito mais rapidamente e a preços menores, dando a médicos a capacidade de planejar tratamentos com mais eficiência.
Combinado com a inteligência artificial e a computação em nuvem, o avanço tecnológico deu às companhias farmacêuticas as ferramentas para produzir drogas mais rapidamente e com maior chance de sucesso, bem como a oportunidade de médicos buscarem referência em padrões genéticos semelhantes antes de receitar tratamentos a pacientes com determinados tumores.
Genoma
Um beneficiário dessa nova abordagem é Eric Dishman, fundador do laboratório de pesquisas e inovação na área da saúde da empresa de tecnologia Intel.

Quando tinha 19 anos, Dishman foi diagnosticado com uma forma rara de câncer de rim. Ficou em tratamento por 23 anos e estava prestes a começar a fazer diálise quando uma companhia de tecnologia ofereceu-se para fazer o sequenciamento de seu genoma para ele.
Isso o ajudou a identificar o gene falho causando o câncer. E permitiu que médicos avaliassem quais drogas poderiam ser mais eficazes. Aos 47 anos e em remissão, Dishman está determinado a ajudar outros pacientes de câncer a ter acesso ao mesmo tratamento.
"Meus médicos nunca tinham feito qualquer coisa com a sequência genética antes. Descobrimos que 92% das drogas que eu estava tomando não iriam funcionar, mas eles não sabiam disso".
Levou três meses para que os médicos analisassem seu genoma e outros quatro para comparar os resultados com pacientes similares em outros hospitais nos EUA.
Dishman queria acelerar esse processo, então fundou a Nuvem Colaborativa do Câncer (CCC, em inglês), uma iniciativa lançada no ano passado pela Intel em parceria com a Universidade de Ciência e Saúde do Oregon (EUA).
A CCC possibilita a hospitais e instituições de pesquisa compartilhar de forma segura o mapeamento genético de pacientes e outros dados clínicos para ajudar em descobertas possivelmente salvadoras.
"Estamos usando a nuvem de maneira muito diferente. Se você olha ao redor do mundo, os maiores centros de estudos do câncer compartilham dados de forma que pessoas possam colaborar em pesquisas. O problema é que apenas 4% dos dados estão disponíveis".
Leia mais em G1
Fonte: Tom Jackson/Repórter de Tecnologia e Negócios da BBC
Imagem: BBC

17/04/2016

Identificada forma de descobrir mais precocemente câncer do pulmão


Pesquisadores de Valência identificaram uma ligação metabólica que, através de uma simples análise de sangue e em apenas dez minutos, poderá diagnosticar de forma precoce um dos cânceres do pulmão mais agressivos, o carcinoma pulmonar de pequenas células.

Uma vez que é um exame não evasivo e economicamente acessível, este teste diagnóstico poderá vir a ser utilizado pela população de risco (fumantes e ex-fumantes), revela a agência de notícias espanhola EFE.

A ligação metabólica, um conjunto de metabolitos que está presente em qualquer fluido biológico tal como o sangue ou a urina, é um reflexo do estado fisiológico do ser humano e muda em função da saúde do paciente e da resposta aos tratamentos.

Os pesquisadores conseguiram identificar cinco tipos diferentes de metabolitos, cuja composição varia consoante se trata de uma pessoa doente ou saudável, e outro conjunto de metabolitos que permite diferenciar estágios avançados e iniciais de cancro do pulmão.

O carcinoma do pulmão é responsável pela maioria das mortes por cancro entre os homens e um dos principais fatores que contribuem para a sua letalidade é por causa da detecção tardia da doença.

O Centro de Investigação Príncipe Felipe (CIPF), o Instituto de Investigação Sanitária La Fe e o Hospital Central de Valencia participaram nesta investigação, que foi agora publicada na revista Oncotarget.

Fonte: EFE/Diário de Notícias
Imagem: Stefan Wermuth/Reuters

05/04/2016

STF decide que USP pode suspender fornecimento de fosfoetanolamina


O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, determinou que a Universidade de São Paulo (USP) deverá fornecer a fosfoetanolamina somente "enquanto remanescer o estoque" do composto.
Depois disso, o fornecimento poderá ser suspenso tendo como justificativa a ausência de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a falta de estudos publicados sobre os benefícios de sua utilização na cura do câncer, a falta de estudos que atestem sua segurança e o desvio de finalidade da instituição de ensino.
A decisão foi tomada depois de a USP apresentar um pedido ao STF contra uma decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo que determinou o fornecimento da fosfoetanolamina para pacientes com câncer sob pena de multa.
Em sua decisão, Lewandowski afirmou que "não caberia ao Poder Judiciário respaldar a prática de uma medicina não baseada em evidências". A decisão suspende todas as decisões judiciais proferidas em âmbito nacional que tenham determinado à USP o fornecimento da substância até que elas sejam julgadas em definitivo.

Fonte: G1
Foto: Ely Venâncio/EPTV

04/04/2016

Como a bioinformática está ajudando no tratamento da esquizofrenia, autismo e câncer.

Ferramentas de bioinformática têm sido usadas por pesquisadores da Universidade Federal do ABC (UFABC) e da Universidade de São Paulo (USP) para modelar redes de interação entre genes, desvendar relações funcionais e, dessa forma, identificar potenciais alvos para o tratamento de doenças complexas, como esquizofrenia, autismo e câncer.
Avanços nessa área foram apresentados pelo professor do Centro de Matemática, Computação e Cognição (CMCC) da UFABC David Corrêa Martins Junior, no dia 31 de março, em Columbus, Estados Unidos, durante a programação da FAPESP Week Michigan-Ohio. O evento, que terminou na sexta-feira (1º/4), teve o objetivo de fomentar a colaboração entre pesquisadores paulistas e norte-americanos.
Parte dos resultados também foi publicada em artigos nos periódicos Information Sciences BMC Bioinformatics.
"Uma mesma doença complexa pode se manifestar de formas muito diferentes em cada paciente, com diversos graus de gravidade. O objetivo desse tipo de estudo é poder oferecer um tratamento individualizado, considerando essas particularidades", explicou Martins Junior em entrevista à Agência FAPESP.
Os estudos são baseados tanto em dados clínicos – de expressão gênica, interação entre proteínas e metilação de DNA – depositados em bancos públicos, como em dados de pacientes atendidos por colaboradores, como, por exemplo, a professora Helena Brentani, do Instituto de Psiquiatria da USP, que trabalha com portadores de autismo.
Conceitos da teoria de grafos e de redes complexas, aliados a ferramentas de bioinformática, permitem, por exemplo, comparar em portadores de uma determinada doença e em indivíduos controle a expressão dos genes e sua centralidade nas redes gênicas. Também é possível comparar dados de pacientes com a mesma doença, mas com diferentes graus de gravidade, ou, ainda, avaliar como a expressão dos genes e a estrutura de uma rede gênica em uma mesma pessoa se modifica em diferentes contextos e momentos. A ideia é tentar desvendar como os genes estão conectados e como esse circuito controla as diversas funções celulares.
"Quando não sabemos a função de um gene, podemos tentar comparar a expressão dele ou a estrutura de sua vizinhança na rede gênica com outros que apresentam um sinal parecido e cuja função é conhecida e, assim, formular hipóteses. Se temos um gene-alvo e queremos saber em que medida a sua expressão depende do sinal de outros genes, podemos usar ferramentas como inferência de redes gênicas ou priorização gênica", contou Martins Junior
Segundo o pesquisador da UFABC, genes que já foram associados a doenças em estudos anteriores podem servir como ponto de partida para as análises. "Podemos avaliar quais outros genes estão mais associados a eles em termos de expressão e em termos da estrutura conectiva. Provavelmente eles também estarão envolvidos na doença em questão", disse.
Em um trabalho desenvolvido durante o doutorado de Sergio Nery Simões no programa de pós-graduação em Bioinformática da USP, foi desenvolvida uma ferramenta chamada NERI (NEtwork Medicine Relative Importance), que integra dados de expressão gênica, redes de interação entre proteínas e dados de estudos de associação (genes sabidamente associados a uma determinada doença) para identificar novos genes que também podem estar associados à enfermidade em análise.
"Fizemos um estudo de caso usando bancos de dados públicos de esquizofrenia e vimos que muitos dos genes obtidos pela ferramenta NERI estavam associados à chamada via glutamatérgica, responsável pela transmissão e recepção de neurotransmissores durante as sinapses neuronais. Tal via é bastante citada na literatura como associada à doença. Isso sugere que outros genes identificados pela ferramenta também têm potencial para estar relacionados com a esquizofrenia", explicou Martins Junior.
As pesquisas do grupo são apoiadas pela FAPESP por meio de dois Projetos Temáticos – um coordenado por João Eduardo Ferreira no Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP e outro por Roberto Marcondes Cesar Junior, também no IME-USP. Há ainda um Auxílio à Pesquisa – Regular coordenado por Raphael Yokoingawa de Camargo no CMCC-UFABC.
Análise de redes sociais
No mesmo painel dedicado ao tema "Bioinformática e Análise de Dados", o professor de Ciência da Computação e Engenharia da The Ohio State University Srinivasan Parthasarathy falou sobre como informações coletadas em redes sociais, como o Twitter ou o WhatsApp, podem ser usadas para ajudar a prever ou mitigar problemas relacionados a desastres naturais e epidemias.
Em parceria com pesquisadores de diversos países, inclusive brasileiros vinculados à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Parthasarathy coleta e analisa informações de mensagens curtas enviadas durante eventos climáticos extremos, como furacões e enchentes, ou durante surtos epidêmicos e usa o conteúdo para alimentar modelos computacionais. O objetivo é identificar problemas antes que eles se tornem críticos e fornecer informações que possam auxiliar as equipes que prestam socorro no local a planejar estratégias de controle.
"Se eu tenho 5 mil pessoas disponíveis para prestar socorro, preciso identificar as áreas mais afetadas e que precisam ser priorizadas. Para isso, usamos essas informações coletadas nas mídias sociais em conjunto com dados físicos que tradicionalmente alimentam os modelos de prevenção de furacão ou de enchentes, como velocidade do vento e pressão atmosférica, que são uma forma mais tradicional de sensoriamento", contou o pesquisador.
O grande desafio, segundo Parthasarathy, é conseguir filtrar as mensagens que realmente são relacionadas com o problema em questão. "Há muito ruído nas redes sociais. Por exemplo, se nosso objetivo é monitorar uma epidemia de dengue em uma determinada cidade, temos de ser capazes de isolar os tuítes que foram originados naquela região e incluir aquela informação em nosso modelo. Essa integração de sensores sociais e físicos pode produzir melhores resultados", comentou o pesquisador.
Também participaram do painel realizado durante a FAPESP Week Álvaro Montenegro, professor do Departamento de Geografia da The Ohio State University, e João Luiz Filgueiras de Azevedo, do Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
Fonte: Karina Toledo, de Columbus (EUA) | Agência FAPESP

Novo dispositivo pode detectar câncer de mama pela saliva


A detecção do câncer de mama cedo favorece seu tratamento, por isso que uma equipe do Centro Tecnológico de Monterrey (México) desenvolve um dispositivo para facilitar este processo através da saliva.
Através do sensor incorporado em um filme ultrafino -de cerca de dois mícrons de espessura e dez milímetros de comprimento-, o dispositivo é capaz de detectar uma proteína conhecida como Cerb-b2.
Esta proteína, que se localiza na saliva, é desenvolvida por "um grupo muito amplo de mulheres" que apresentam câncer de mama nos períodos iniciais, explica à Agência Efe o responsável da pesquisa, o médico Joaquín Esteban Oseguera Peña.
A grande vantagem deste método é que antecipa a detecção da doença mesmo em mulheres que realizam auto-exame, já que a prova funciona quando o tumor é medido em mícrons -com um tamanho mil vezes menor do que quando pode ser detectado manualmente.
A Cerb-b2 aparece em, aproximadamente, 98% das mulheres com câncer de mama.
Com este aparelho "imediatamente poderia ser decidido se há esta proteína e, em consequência, quais são as probabilidades de que a pessoa esteja desenvolvendo câncer de mama", afirmou Oseguera, que lidera um grupo de pesquisa de oito pessoas no campus do Estado do México da instituição universitária.
"A ideia fundamental -continua o médico- é que o dispositivo possa ser acessível a todo o público, sobretudo em lugares afastados ou de difícil acesso para equipes mais sofisticadas".
Segundo o médico, é "provável" que a ideia de um dispositivo como este possa se estender a outros tipos de câncer vinculados com outras proteínas, embora seja necessitaria "fundamentá-lo com estudos".
Por enquanto, a equipe de pesquisa entrou em contato "só em nível preliminar" com alguns hospitais públicos da área, e em aproximadamente um ano terá constituído todo o desenvolvimento adicional que permitirá realizar testes com pacientes.  
Fonte: EFE
Imagem: PROFEAD