Novos testes realizados pelo Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP) concluíram que a fosfoetanolamina, composto que ficou conhecido como "pílula do câncer", não teve eficácia para destruir ou inibir o crescimento de células de câncer de pâncreas ou melanoma. No entanto, a substância foi capaz de reduzir a viabilidade celular em 10,8% e a proliferação em 36,1% no caso do câncer de pulmão. As informações são do G1.
Mas os pesquisadores observaram que a mudança de pH resultante do acréscimo da substância por si só já teria tido esse efeito contra as células de câncer de pulmão. Pos isso, acreditam que esse efeito parece estar relacionado com a redução do pH do meio de cultura e não com a fosfoetanolamina em si.
Para realizar os testes, os pesquisadores utilizaram a fosfoetanolamina sitentizada pelo Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os testes avaliaram a atividade citotóxica e antiproliferativa da substância.
O estudo é parte de uma iniciativa federal, cujo objetivo é estudar a possível eficácia do composto contra o câncer, coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Outros testes semelhantes já apontavam para o baixo potencial da substância.
PROIBIÇÃO JUDICIAL
Em maio, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, por liminar, a Lei 13.269, que liberava a fabricação e a distribuição da fosfoetanolamina sintética, chamada de pílula do câncer. A substância ficará proibida em todo o país até a corte julgar o assunto de forma definitiva, o que não tem data prevista para acontecer. Sancionada pela presidente agora afastada Dilma Rousseff, a norma permitia que pacientes diagnosticados com a doença usassem a substância por livre escolha.
Fruto de pesquisas de um professor do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) em São Carlos, a fosfoetanolamina foi distribuída localmente durante anos, até junho de 2014, quando uma portaria da própria USP proibiu o repasse. Porém, em outubro de 2015, o ministro Edson Fachin, do STF, concedeu liminar autorizando o acesso por uma paciente em estado terminal. A partir de então, diversos doentes conseguiram liminares semelhantes no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP). Em novembro, uma nova decisão do TJ-SP proibiu mais uma vez a distribuição.
A procura pela substância foi motivada por relatos de pacientes dando conta de que as pílulas funcionam. Entretanto, a fosfoetanolamina nunca passou pelos testes obrigatórios para todo e qualquer medicamento. E por isso mesmo, também não foi sequer avaliada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão federal responsável por autorizar o uso de remédios no país.
O clamor pelo acesso à substância, porém, continuou. Em março deste ano, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei que liberava a fosfoetanolamina sintética mesmo sem testes ou o aval da Anvisa. O texto foi aprovado também pelo Senado e, em seguida, sancionado por Dilma Rousseff.
Desde a aprovação na Câmara, cientistas renomados vêm se posicionando publicamente contra a liberação da fosfoetanolamina. A Associação Médica Brasileira (AMB) argumentou que a “pílula do câncer” não passou pelos testes clínicos em seres humanos, que, de acordo com a Lei 6.360, de 1976, precisam ser realizados antes da concessão de registro pela Anvisa.
Fonte: O Paraná