Um agricultor irlandês encontrou um pedaço de manteiga com cerca de 10 kg enterrado num pântano, conta o The Irish Times. Este pedaço pré-histórico de manteiga pode ter cerca de 2000 anos, e foi entregue ao Museu Nacional da Irlanda, onde vai ser preservado.
O agricultor, Jack Conway, contactou o Museu de Cavan County para explicar que tinha descoberto “um grande pedaço de manteiga [bog butter] enquanto trabalhava no pântano de Emlagh, perto da sua casa”.
Um funcionário da Divisão de Antiguidades Irlandesas, Andy Halpin, explicou ao jornal que a descoberta é relevante por ter vindo da área de Drakerath, uma zona onde se encontravam as fronteiras de três regiões pré-históricas. “É a junção de três reinos separados, e politicamente era uma espécie de terra de ninguém”, disse Andy Halpin.
Mas porque aparece manteiga enterrada em pântanos? O processo era comum: a manteiga era enterrada para ser preservada, e mais tarde recolhida. O museu de Cavan County explica que os “pântanos possuem excelentes propriedades para a preservação” daquela gordura animal, destacando a “baixa temperatura, baixo nível de oxigénio e o ambiente ácido”.
Mas esta descoberta pode ser diferente. Andy Halpin considerou que o pedaço descoberto em Drakerath podia não ser para desenterrar futuramente, visto que estava a cerca de três metros e meio de profundidade e não tinha nada que o identificasse à superfície. De acordo com o museu de Cavan County, “a manteiga era um alimento de luxo na Irlanda medieval” e era usada como oferta aos espíritos e aos deuses “para proteger as pessoas e as suas propriedades”. “Quando usada como oferta, a manteiga era enterrada para nunca mais ser desenterrada”, explica o museu.
O The Irish Times conta que estas descobertas são comuns na Irlanda e na Escócia. A substância, com o aspeto de uma espécie de cera esbranquiçada, era enterrada dentro de recipientes de madeira ou de animais.
Mas esta manteiga pode comer-se? Bom, o chef Kevin Thornton, uma celebridade na Irlanda, contou que já provou esta manteiga dos pântanos. Contudo os peritos não recomendam a experiência, e explicam que a substância é quebradiça e tem um cheiro forte a queijo. Andy Halpin conclui: “teoricamente ainda se pode comer, mas eu não diria que é aconselhável”.
Fonte: Observador
Foto: cavanmuseum