Após 20 anos de ausência nos EUA, o museu nova-iorquino mostra, até 18 de setembro, a obra de Roberto Burle Marx (1909-1994). Esta é também a primeira exposição a mostrar todo o espectro da sua obra.
Filho de um pai alemão judeu e mãe descendente de franceses, portugueses e holandeses, espalhou as suas ideias para a arquitetura paisagista no mosaico dos passeios da praia de Copacabana, os jardins de Brasília, cidade criada do nada nos anos 60, a partir de edifícios de Óscar Niemeyer, outras paragens do Brasil e do mundo. Por exemplo, Biscayne Boulevard. Notabilizou-se mundialmente na sua disciplina.
Roberto Burle Marx: Brazilian Modernist explora o trabalho do artista através de mais de 150 trabalhos. Arquitetura paisagista, claro, mas também escultura, cenografia, tapeçaria e joias. A mesma exposição poderá ser vista no Deutsche Bank KunstHalle, em Berlim, entre 7 de julho e 8 de outubro de 2017, e depois, no Museu de Arte do Rio, entre novembro de 2017 e março de 2018, na cidade ontem existe um museu que lhe é dedicado. Localiza-se no Sítio, a sua antiga propriedade, que reunia a sua coleção de plantas tropicais e semi-tropicais, uma das maiores do mundo, segundo o museu nova-iorquino. Dedicou a sua vida a encontrar espécies raras de plantas. Descobriu cerca de 50.
Roberto Burle Marx abraçou o modernismo nos anos 30, como muitos artistas plásticos e arquitetos do seu tempo no Brasil. Gostava do abstrato e favorecia o uso de flora local, e colorida. Aos modelos franceses de jardim, que imperavam no Brasil do final do século XIX e início do XX, devotos da simetria, dois aspetos que Burle Marx ignorou, preferindo as plantas locais, descobertas nas suas explorações da floresta brasileira.
Era também horticultor e um ecologista que só usava plantas adequadas ao ambiente. Era um ativista político contra a destruição da Amazônia.
Nos seus mais de 60 anos de carreira, desenhou 2 mil jardins. Ao mesmo tempo, pintava, esculpia e exercia como designer têxtil. Era também um talentoso barítono e bom cozinheiro, um homem da Renascença, pleno de criatividade e engenho, de acordo com um comunicado do Museu Judeu, sobre o artista.
O seu legado influenciou o trabalho de outros artistas como o venezuelano Juan Araujo, as brasileiras Beatriz Milhazes e Paloma Bosquê, o francês Dominique Gonzalez-Foerster, a italiana Luisa Lambri e os americanos Nick Mauss e o músico experimental Arto Lindsay.
Nos últimos anos, Roberto Burle Marx desenhou sinagogas e outros monumentos judeus que são agora mostrados pela primeira vez.
Fonte: Diário de Notícias