Os fertilizantes nitrogenados, que contêm o elemento nitrogênio num formato assimilável pelos vegetais, são importantes para a formação das proteínas indispensáveis à saúde do caule e da raiz das plantas, mas seu uso indiscriminado aumenta as emissões de óxido nitroso, um potente causador do efeito estufa. O equilíbrio dessa relação será um dos temas estudados naSchool of Advanced Science on nitrogen cycling, environmental sustainability and climate change, que o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena) da Universidade de São Paulo (USP) e o Inter-American Institute for Global Change Research realizam de 31 de julho a 10 de agosto, em São Pedro (SP).
O evento, que tem apoio da FAPESP na modalidade Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA), é promovido em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a Universidade de Brasília (UnB) e a International Nitrogen Initiative (INI) e evidencia o importante papel que o nitrogênio exerce na vida no planeta, especialmente na produção de alimentos.
“Entre os diversos setores para os quais o nitrogênio é importante está a agricultura, que é também o que mais interfere no ciclo do elemento na Terra em função do amplo uso de fertilizantes. Mas, como uma verdadeira commodity, o nitrogênio é ofertado de maneira desigual entre países ricos e pobres, sendo usado em grandes quantidades por alguns, causando prejuízos ao meio ambiente, e, por outro lado, estando escasso em outras partes do mundo, atrasando o desenvolvimento da produção de alimentos de diversas nações. A ciência por trás de todo esse processo e as soluções científicas para o uso sustentável do nitrogênio serão abordadas ao longo da programação da ESPCA”, disse Luiz Antonio Martinelli, coordenador do evento.
Embora abundante no meio ambiente em sua forma molecular (N2), compondo 78% do ar atmosférico, o nitrogênio não é diretamente absorvido pelas plantas, que precisam da ajuda de bactérias para tal. Elas transformam o N2 da atmosfera em nitrogênio reativo, permitindo que ele seja utilizado pelos vegetais. Mas o excesso do elemento provoca, além de danos à própria planta, problemas de contaminação do solo e dos ecossistemas aquáticos e aumenta a emissão de óxido nitroso, o que agrava o efeito estufa.
“Portanto, o desafio consiste em fornecer nitrogênio de uma maneira que aumente e sustente a produção de alimentos sem danos para o meio ambiente. Isso é especialmente importante porque o uso inadequado de fertilizantes nitrogenados contribui para a intensificação das mudanças climáticas e traz prejuízos diretos às plantas”, explica Martinelli.
Quando Ppesente em quantidades que vão além da capacidade de assimilação das plantas, o nitrogênio fixado no solo pode limitar seu crescimento, prejudicando toda a cultura. Uma alternativa ao uso excessivo de fertilizantes nitrogenados, diz o pesquisador, é a rotação de culturas, “alternando-se plantas fixadoras de nitrogênio – aquelas que possuem bactérias e outros organismos fixadores associados às suas raízes, como as leguminosas (feijão e soja, por exemplo) – com outras que não têm essa capacidade natural”.
A rotatividade favorece a fixação de nitrogênio em quantidades mais seguras que a utilização dos fertilizantes, fornecendo nutrientes compatíveis com a capacidade de assimilação das plantas, beneficiando seu desenvolvimento e reduzindo a contaminação do solo e da água.
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Fonte: Diego Freire/Agência Fapesp
Foto: Wikimedia Commons