04/01/2016

CNPq financia construção de instrumento musical inédito no País

Sixxen. Foto: Divulgação

Primeiro protótipo nacional do Sixxen levou dois anos para ser construído por professores e alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás e da Universidade Federal de Goiás.

Com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientítico e Tecnológico (CNPq/MCTI) da ordem de R$ 45,5 mil, o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG) e a Universidade Federal de Goiás (UFG) construíram o primeiro protótipo nacional do Sixxen, colocando o estado de Goiás na vanguarda da percussão nacional e abrindo possibilidades musicais ainda não testadas no Brasil.

O Sixxen é um instrumento pensado pelo compositor, arquiteto, engenheiro e matemático grego Iannis Xenakis, em 1978, para executar sua obra musical Pleiades. Considerado um dos mais importantes compositores do século XX, a música de Xenakis dialogava com outras áreas como física, matemática, arquitetura, química e computação.

"Iannis não deixou um projeto formalizado ou registrado de como deveria ser o Sixxen. Ele deu indicações de certas características que queria e trabalhou diretamente com determinados grupos de construtores para esse conceito", explicou o coordenador do projeto, Ronan Gil de Morais. "Digo ‘conceito' porque esse instrumento consiste em certas indicações, mas ele é, principalmente, uma ideia de fazer com que fenômenos acústicos sejam percebidos quando executado", disse.

Morais conta que, para desenvolver o primeiro Sixxen brasileiro, foram necessários dois anos de muito trabalho. Ao lado de outros cinco professores, sendo um deles docente na área de mecânica, e nove alunos, em sua maioria, egressos da rede pública de ensino e bolsistas de iniciação científica de diferentes programas do Governo Federal. "A inclusão de alunos do ensino médio via bolsas possibilitou a verticalização de trocas de conhecimento e o estabelecimento de diálogos entre os diferentes níveis de formação e de pesquisa", afirmou.

Juntos, eles analisaram perfis laminares de diversos metais, observando as suas sonoridades. "Pesquisamos perfis de alumínio, bronze, cobre, ligas ferrosas, aço galvanizado, aço inoxidável, em diferentes formatos, como tubo redondo, quadrado, lâmina, ‘U' invertido ou calha, em ‘L' ou cantoneiras e, quando terminamos essa etapa, escolhemos teclas de aço inoxidável, chamado de cantoneira, como ideal para o instrumento", detalhou.

Além disso, foi preciso criar um pedal de abafamento por conta da ressonância das teclas em aço inox.


Inovação

O protótipo do Sixxen vai possibilitar a estreia de música nova no Brasil, como peças de compositores estrangeiros que nunca foram ouvidas no País. Possibilitará também que compositores brasileiros possam compor para esse instrumento.

"O público poderá ouvir peças em primeira mão e descobrir novos sons e novas possibilidades de música em cada concerto. É um avanço significativo para a pesquisa musical, a pesquisa sobre desenvolvimento tecnológico para novos instrumentos e para a percussão no país e no estado", avaliou Morais.

O projeto como um todo dialoga e contribui para a inovação em diversos aspectos na área da música, seja por meio do desenvolvimento de novos instrumentos ou do desenvolvimento artístico de novas obras musicais. "Espera-se, com isso, criar um conjunto de informações que possa estimular empresas a atuar em um mercado mais prolífico para a produção de instrumentos de percussão e seus acessórios, baquetas e peças incrementais. Visualizamos as possibilidades de mais investimentos no desenvolvimento tecnológico e na inovação relacionada a instrumentos musicais. Esse é um setor bastante importante e que pode gerar ainda mais retornos financeiros ao país", apontou.

Morais adiantou que o IFG e a UFG pretendem aprimorar ainda mais o Sixxen e criar novos instrumentos no Brasil. "Continuaremos aprimorando certas partes específicas e desenvolvendo ainda mais o protótipo tentando deixá-lo ainda mais funcional. Estamos projetando a criação de outros instrumentos ainda não escutados no Brasil. Em breve haverá mais sonoridades inovadoras chegando por aqui", revelou. 

Publicado em MCTI