28/01/2016

No Inpa, pesquisador dos EUA destaca desafio de reconstruir clima de tempos passados


David Stahle, da Universidade de Arkansas, participou de encontro de especialistas de diversas áreas e países em Manaus. Ele se dedica à dendrocronologia, método científico para estabelecer a idade de uma árvore.

"O desafio é achar árvores na Amazônia que tenham um bom potencial para fazer a dendrocronologia e a reconstrução climática", disse o pesquisador da Universidade de Arkansas (Estados Unidos) David Stahle, em encontro no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI), em Manaus. Ele é referência mundial na área da dendrocronologia, método científico para estabelecer a idade de uma árvore baseado nos padrões dos anéis em seu tronco.

O evento em Manaus reuniu, nesta segunda-feira (25), especialistas de várias partes do mundo nas áreas de hidrologia, climatologia, dendrocronologia e análises de isótopos na Bacia Amazônica.

Stahle, pesquisador há mais de 30 anos, dedica sua vida acadêmica a construir dendrocronologia em todo o mundo, especialmente no sudoeste do EUA, em colaboração com o México. Durante a participação no encontro, o pesquisador falou sobre os trabalhos de reconstrução climática que desenvolveu no território mexicano, usando dados dos anéis de crescimento de árvores espalhados em vários pontos naquele país.

"O México é um país muito diverso, em termos de biodiversidade, culturais e climáticos. O país sofreu secas de longo prazo, causando impactos que refletiram uma certa instabilidade social", comentou Stahle. "Boa parte do México é tropical e os trabalhos que foram desenvolvidos naquele país obtiveram sucesso com a dendrocronologia."

Para o pesquisador, o trabalho desenvolvido ali serve como modelo a ser aplicado na Amazônia e tentar fazer o mesmo trabalho na reconstrução do clima. Seus trabalhos têm o financiamento da Fundação de Ciência Nacional dos Estados Unidos, em colaboração com pesquisadores de várias instituições do mundo, dentre eles o pesquisador do Inpa Jochen Schongart, integrante do grupo de pesquisa Ecologia, Monitoramento e Uso Sustentável de Áreas Úmidas (Maua).

O evento também contou com a participação do pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Gregorio Ceccantini, que falou sobre os anéis de crescimento das árvores. Ele destacou a importância do estudo desses anéis por serem uma expressão do crescimento das árvores ano a ano. Esse crescimento depende da hidrologia anual, de quanta chuva ocorreu em cada ano e de quanta água estava disponível no solo.

O encontro prossegue até sexta-feira (29). Leia mais sobre os temas abordados e a programação.

Por por Luciete Pedrosa – Ascom do Inpa