Sabe aquela geladeira que pifou, foi para a assistência, não teve conserto e de lá foi parar na sucata? Pois bem. Em Teresina, algumas delas têm ganhado uma nova função mesmo sem funcionar. Adquiridos pela bagatela de R$ 20, os antigos eletrodomésticos ganharam nova pintura com mais cores e foram recheados de livros.
Isso mesmo. O projeto ganhou o nome de Geladeira Literária e foi coordenado pela professora, arquiteta urbanista Patrícia Mendes. A execução ficou ao cargo de estudantes dos cursos de arquitetura e design de interiores de uma faculdade particular da capital. Segundo ela, a proposta é trabalhar a cidadania global e colocar à disposição da sociedade uma criação acadêmica.
Ao todo, são 16 distribuídas pela capital. Metade delas no Parque Potycabana, na Zona Leste e as demais em uma faculdade particular e no canteiro central da Avenida Frei Serafim, Centro.
“A proposta inicial é fomentar a leitura, então você pode ler e devolver, ler e trazer outro livro, ou levar para casa. Essa última foi o que mais aconteceu, mas a intenção é essa: ler”, disse Patrícia Mendes.
Ela contou que a ideia nasceu quando ainda era estudante de arquitetura na Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a professora de oficina de plástico pediu como trabalho uma intervenção com geladeiras no Centro de Ciências da Educação. “Naquele momento eu pensei: Pronto! Vou fazer isso ganhar vida com ajuda da Casa do Hip Hop para dar um conceito urbano e muitos livros”, lembrou.
Para conseguir tocar o projeto, Patrícia falou que foi necessário dividir o trabalho em ações. A mobilização foi realizada através de uma página no Facebook pelos alunos do 1º período de design de interiores. As professoras Aracelly Magalhães e Tereza Cristina, coordenadoras de arquitetura e urbanismo e design de interiores, respectivamente, também se engajaram na execução do Geladeira Literária.
"Isso deu um senso de responsabilidade para esses jovens. Conseguimos uma média de 600 livros, 500 revistas como Casa Vogue, 50 revistas em quadrinhos e alguns jogos infantis q também rechearam as geladeiras", explicou.
A execução da pintura foi realizada pelos próprios alunos com auxílio da Casa do Hip Hop com a ajuda de profissionais como WG, Gardel, Arthur Dommer e também por arquitetos como Nelson Barbosa, que trabalha com a técnica do lambe-lambe. Outros parceiros também se envolveram como uma marca de tintas e uma construtora.
Cerca de 150 alunos de arquitetura e urbanismo e de design de interiores foram envolvidos no na idealização das Geladeiras Literárias.
“Me inspirou alguns trabalhos já desenvolvidos com geladeiras nos estados de São Paulo, Brasília, Pernambuco, mas a grande diferença é que lá são desenvolvidas por ONG´S. Nossas geladeiras literárias foram adquiridas, transportadas, desenhadas e finalizadas por alunos, eis a grande diferença”, destacou Patrícia Mendes.
Presença no Salipi
A Geladeira Literária ganhou a simpatia dos organizadores do Salão do Livro do Piauí (Salipi) e a próxima edição do evento, que acontece de 10 a 19 de junho no Complexo Cultural Rosa dos Ventos, na UFPI, contará com as irreverentes bibliotecas.
Fonte: Patrícia Andrade/G1 PI
Foto: Patrícia Mendes