Em junho, a USP começa uma experiência inovadora no tratamento da depressão. Considerada a segunda maior causa de incapacitação e afastamento do trabalho no mundo, a doença receberá uma nova conduta médica por meio do uso de um aplicativo para smartphone – o Conemo – que será testado em pacientes de 20 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da Zona Leste de São Paulo. Depois de processar informações sobre o estado emocional dos pacientes, o programa de ativação de comportamento intervém com estímulos propondo a execução de ações prazerosas e saudáveis, a fim de aliviar os sintomas da depressão.
Os pacientes terão como empréstimo por seis semanas um smartphone com o aplicativo instalado. Durante esse período, os participantes serão monitorados por profissionais de enfermagem que fazem parte da equipe de saúde da família e que foram devidamente treinados para executarem a função. Três vezes por semana, os pacientes receberão uma notificação em seu aparelho para entrar no aplicativo. Por meio de questionários, textos e vídeos, eles serão convidados a fornecer informações sobre seu estado emocional naquele determinado dia. Baseado no processamento desses dados, o programa encorajará os pacientes a serem mais ativos, propondo-lhes atividades agradáveis e saudáveis como parte de seu dia a dia. A equipe de enfermagem, que também terá supervisão de pesquisadores do projeto Conemo, estará preparada para dar suporte para quem estiver tendo dificuldade no uso do aplicativo ou deixar de realizar alguma atividade proposta.
Segundo o médico Paulo Rossi de Menezes, do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina (FM) da USP e pesquisador do hub Latin America Treatment and Innovation Network Mental Health (Latin-MH), instituição que desenvolveu o aplicativo, os resultados dessa pesquisa devem ser bastantes satisfatórios e devem trazer benefícios e melhorias à saúde mental e física dos pacientes. Menezes contou que um projeto piloto semelhante a esse já foi implementado na cidade de Lima, no Peru, e obteve resultados positivos.
"Essa linha de pesquisa visa a desenvolver e testar novas tecnologias que permitam ampliar o acesso de pessoas aos tratamentos efetivos, uma vez que há uma escassez de profissionais especializados nos países de baixa renda.”
O aplicativo foi desenvolvido por pesquisadores da FMUSP, em parceria com outros cientistas da London Schooll of Hygiene & Tropical Medicine, da Universidad Peruana Cayetano Heredia e da Northwestern University, integrantes do hub Latin-MH. Além do Brasil, fazem parte do Latin-MH o Peru, os Estados Unidos, o Equador e a Guatemala. O Latin-MH é um hub de pesquisa e treinamento de profissionais em saúde mental, com o objetivo de reduzir a lacuna de tratamentos em transtornos mentais, especialmente na atenção primária, na América Latina e no Caribe.
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Fonte: Ivanir Ferreira/Jornal da USP