Reduzir a desnutrição, oferecendo maior segurança alimentar a partir da elevação de teores de ferro, zinco e vitamina A de certos alimentos, que integram a dieta da população mais carente. Para alcançar este objetivo, pesquisadores do Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea), do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), selecionaram materiais de embalagens economicamente viáveis que, ao mesmo tempo, são capazes de preservar os carotenoides de alimentos processados, produzidos a partir da batata doce e da mandioca.
Após a fase de pesquisas, os cientistas do Instituto – vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA) – começaram a criar embalagens para produtos desenvolvidos pelo projeto BioFORT, responsável pela biofortificação de alimentos no País, sob a coordenação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Um dos propósitos deste estudo foi comparar o efeito do tipo de embalagem e do sistema de acondicionamento do alimento, na preservação de carotenoides de farinha de batata doce e mandioca biofortificadas. Segundo o Ital, a farinha de batata doce, por exemplo, produzida a partir de raízes com elevado teor de β-caroteno, é fonte de pró-vitamina A, que traz vários benefícios para a saúde humana.
Ainda conforme o Instituto, por meio de pesquisas e cruzamentos de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivas, esta rede de pesquisadores brasileiros e outras do exterior também estão investindo em pesquisas para obter alimentos básicos mais nutritivos, tais como abóbora, arroz, batata doce, feijão, feijão caupi, mandioca, milho e trigo.
Produtos embalados
Segundo o documento “Estabilidade de farinha de batata doce biofortificada”, publicado pelos pesquisadores Rosa Maria Vercelino Alves (Ital), Danielle Ito (Ital), José Luiz Viana de Carvalho (Embrapa Agroindústria de Alimentos – RJ) e Werito Fernandes de Melo (Embrapa Hortaliças – DF), “as informações sobre as perdas de carotenoides em produtos embalados durante a estocagem (de batata de doce) são escassas e, às vezes, conflitantes, embora basicamente influam os seguintes aspectos: o tempo e a temperatura de estocagem; a transmissão de luz; a permeabilidade ao oxigênio; e o teor de oxigênio do espaço livre da embalagem, o qual pode ser minimizado pelo acondicionamento a vácuo ou com atmosferas inertes”.
A partir desta avaliação, será possível definir o tipo de embalagem e o sistema de acondicionamento mais adequados, sob o ponto de vista de preservação das vitaminas da farinha de batata doce, desde que economicamente viável. A escolha dos tipos de embalagens que poderiam ser analisadas para o acondicionamento da farinha baseou-se nas embalagens em uso no mercado para produtos similares.
Fome oculta
Produtos biofortificados vêm sendo desenvolvidos no País e em nações da América Central, África e Ásia para combater a chamada “fome oculta”, que se caracteriza pela carência de micronutrientes (vitamina A, ferro e zinco), essenciais para a saúde do corpo humano.
Segundo os pesquisadores do Ital e da Embrapa, embora a população carente, principalmente de zonas rurais, consuma alimentos à base de milho, mandioca e batata-doce, “se esses produtos não forem biofortificados, não haverá ingestão suficiente de micronutrientes essenciais; haverá carência de micronutrientes se também não forem ingeridos em quantidades suficientes alimentos mais nutritivos, como vegetais, frutas, carnes e produtos lácteos”.
Projeto biofort
A Rede BioFORT é o conjunto de projetos responsáveis pela biofortificação de alimentos no Brasil. Coordenada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), seu trabalho tem como objetivo reduzir a desnutrição e garantir maior segurança alimentar à mesa do brasileiro.
Em território nacional, a biofortificação envolve o melhoramento genético convencional, ou seja, por meio de seleção e cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivas, excluindo as ações transgênicas.
De acordo com a Rede BioFORT, no campo, as cultivares são selecionadas e as mais promissoras seguem para a etapa de melhoramento. Nesta fase, a proposta é obter cultivares mais nutritivas, que tenham boas qualidades agronômicas (produtividade, resistência à seca, pragas e doenças), além de boa aceitação de mercado.
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